Colunistas

Empréstimos

06/08/2019 - 09h38min

Uma modinha que tomou conta de nossos municípios é a tomada de empréstimos para a realização de qualquer coisa. Nem precisa ser obra. Num município da serra foi tomado um empréstimo para a modernização administrativa. E olha que não foi pouca coisa, algo em torno de 1,8 milhão. Arnaldo inaugurou a prática aqui em Ivoti há 4 anos, quando tomou um empréstimo de mais de 2 milhões para pavimentação de ruas. Por jogadas políticas que todos nós conhecemos, conseguiu aprovar o empréstimo, que Martin está pagando até hoje. Pensava-se que o atual prefeito fizesse o mesmo. O normal seria ele tomar um empréstimo igual ou superior ao de Arnaldo. Afinal, se ele pagou nos 4 anos o empréstimo tomado pelo seu antecessor, porque Martin não o faria. Martin teve bom senso e não o fez. Pensava-se em pegar um empréstimo de 7 milhões, mas o atual prefeito desistiu, talvez por vários motivos. Um deles, porque ele é sério e gestor. Martin não é político, daqueles que não pensam na população e só se preocupam em fazer política partidária, que consiste no seguinte: empregar amigos e administrar mal o município. Por outro lado a repercussão seria negativa, uma mancha na sua boa biografia de bom gestor. Pegar empréstimo e pagar o dobro de juros até o fim do contrato não é algo razoável. As empresas até fazem isso, mas trabalham com lucro e, se a projeção do retorno for boa, o empréstimo é viável.

DIFERENTE

Com órgãos públicos é diferente. De gestão em gestão vira uma bola de neve. Arnaldo pegou 2 milhões, O atual prefeito pensava em pegar 7 milhões, o próximo ia pegar 10. De grão em grão o município ia quebrar como quebrou o governo do Estado. A irresponsabilidade dos políticos fez quebrar o governo do Estado. A receita vira em despesa e para fazer obras não tem mais dinheiro. A solução é tomar empréstimo. Ainda bem que a atual gestão foi sensata e não seguiu por este caminho.

MARCHA

Esta seria a típica marcha da insensatez. Os bancos estão aí para emprestar dinheiro para os municípios. Pegam o FPM – Fundo de Participação dos Municípios – como garantia. Este é o melhor empréstimo que tem para os bancos. Eles não correm risco algum. Se a Prefeitura não paga tomam o retorno do Fundo de Participação dos Municípios. Para os bancos é a menina dos olhos. Juro alto e a melhor garantia possível. Não é aval ou hipoteca. É dinheiro mesmo. É impressionante como as Prefeituras não estavam endividadas até agora. Quase nenhuma delas tinha passivo de empréstimos para pagar. Bastou aumentar a folha de pagamento, cujo teto é disfarçado por levar em conta apenas a folha de pagamento, que muitas delas se inviabilizaram. 54% é o teto da receita. Só que só a folha e o décimo. Não entram férias, pagamento patronal do Fundo de Garantia, vale-alimentação, terceirização de obras e serviços. Por exemplo, a Prefeitura de Ivoti tem mais de 100 estagiários e nenhum deles entra na conta do teto de 54%. Se se levar em consideração tudo quanto que é salário, o percentual vai de 70 a 80%. Aí tem ainda a manutenção da máquina, como luz, água, gasolina, manutenção dos veículos e outras despesas e não sobra nada para investir. Por isto o que mais se ouve por aí é que nenhum dos atuais prefeitos fez obras. Não sobra nada. Daí passa a se apelar para empréstimos, o que piora o quadro ainda mais.

Copyright© 2020 - Grupo o Diário