Destaques
Coronavírus frustra expectativas das malharias da região para o inverno
Região – Todos os setores econômicos sofrem, de alguma forma, com a pandemia vigente do coronavírus. Há, porém, um cujos impactos são ainda mais visíveis nesta época do ano, em razão da expectativa, agora frustrada, de vendas para a estação mais fria do ano. São as malharias, que dependem diretamente do inverno, mas também do movimento de pessoas.
O Diário conversou com diretores de quatro delas, e o sentimento de desolação é o mesmo: a produção está parada ou quase parando. Aquelas que também têm loja própria, por sua vez, seguindo determinação do governador Eduardo Leite, estão com os pontos de venda fechados. E quanto mais o frio se aproxima, mais a incerteza cresce, já que não há perspectiva de retomada.
“Hoje está sendo uma situação completamente nova. Perdemos já neste primeiro mês, mas não podemos mensurar ainda em números”, afirma o diretor comercial de uma delas, que fica em Presidente Lucena, Mateus Arnhold. Conforme ele, ainda não houve demissões, “mas pode entrar nos planos, em virtude dos serviços”, afirma Arnhold.
A fábrica própria está trabalhando, porém em escala reduzida, em uma linha especial de produtos. A empresa tem, hoje, duas lojas físicas, não vende pela Internet, e produz por volta de 10 mil peças mensalmente, nas linhas masculino e feminino. A produção para o inverno, que já estava sendo feita, precisou ser paralisada.
Em outra malharia do município, o proprietário Jandir Müller afirmou que a fábrica própria está de férias até segunda-feira, 6, contudo não há perspectiva de retorno à normalidade. O comércio também não está trabalhando. “O pessoal não está recebendo os pedidos”, lamenta Jandir, afirmando ainda que a coleção para o inverno já estava pronta.
“Se não pudermos vender agora, vai ficar para o ano que vem”, diz ele. A malharia gerenciada por ele produz peças nas linhas masculina, feminina e infantil. Cerca de 22 funcionários são empregados no local, e, segundo ele, não há como precisar em relação a eventuais demissões. “Estamos esperando para ver o que vai acontecer”, comenta.
Numa terceira de Lucena, o proprietário Valdir Müller também confirma que os pedidos foram todos cancelados. “A situação está bem complicada, nunca vi algo assim”, comenta ele, afirmando que em junho, a empresa completa 33 anos de existência. A malharia tem pouco mais de 60 funcionários e sete lojas na região. A produção para o inverno estava quase totalmente pronta.
Na grande indústria, faturamento cai 65% em um ano
A Malhas Daiane, uma das maiores da região, com sede em Dois Irmãos, é outra que acompanha o mercado, mas já projeta grandes perdas econômicas. “Nosso faturamento já caiu 65% em março em relação ao mesmo período do ano passado”, disse o diretor da empresa, Sérgio Petry. Conforme ele, o inverno é o período forte da companhia, representando 70% das vendas do ano.
A empresa também optou por antecipar para o período atual as férias coletivas, que estavam inicialmente previstas para ocorrer em setembro. A dispensa de 15 dias termina na terça-feira, 7. Hoje, a Daiane, cuja fábrica fica na BR-116, está operando com 10% da capacidade normal, pois consegue produzir e entregar pedidos para outras marcas.
A marca ainda tem onze lojas espalhadas pela região. “Se continuar desta forma, o ano vai abaixo e será muito terrível para nós e para todo o setor de confecções. A situação atual é um desastre, está sendo bastante complicado. Ficamos muito preocupados, pois nosso auge da produção é justamente o inverno”, lamenta Petry.