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Diário Rural: produtor da Colônia Japonesa vende uvas colhidas na hora
Ivoti – A uva fresquinha colhida dos parreirais, diretamente para a apreciação do consumidor, sem intermediários comerciais como Ceasa, mercados e feiras. Com esta proposta o produtor Hiromitsu Miyabe trabalha na Colônia Japonesa, colocando à disposição um serviço diferenciado aos visitantes, comercializando uvas da categoria Itália, Niágara Elegante, Benitaka e Rosa Elegante.
E experiência não falta para Miyabe, que está no segmento há cerca de 50 anos. “Comecei a trabalhar neste meio nos anos 70, ainda na minha adolescência com meus pais. Aprendemos juntos na oportunidade e nunca mais parei”, comentou o produtor de 68 anos. Atualmente, Hiromitsu possui três estufas voltadas exclusivamente para a produção do produto, uma área total de 7.500 m².
A proposta de Hiromitsu tem um apelo comercial simples, porém com grande eficácia. O consumidor vai até a sua propriedade, localizada na rua Sitio Jano, e solicita a espécie de uva desejada e quantos quilos quer. A colheita é feita na hora e o cliente deixa o local com a fruta mais fresca possível.
A venda ocorre de domingo a domingo, porém é no final de semana que o fluxo de veículos na propriedade é maior. Sobre a preferência do consumidor, o produtor garante: “A que tem mais saída é a uva Itália. Trata-se de uma categoria menos ácida, que acaba se tornando pouco enjoativa. A Rosa Elegante é mais suave e também tem boa saída”.
Para se ter uma ideia de custo para o consumidor, o quilo da uva Itália sai a R$ 11 a de primeira leva e R$ 9 a de segunda. Sobre a diferenciação, o Hiromitsu explica que é de acordo com o tamanho das bagas, ou seja, do corpo da uva em si.
Um trabalho desgastante, mas compensador
A lida nas estufas é dividida entre Hiromitsu e sua esposa, Ryoko. A colheita é puxada, de acordo com o produtor, e exige muita atenção nos detalhes para o fruto ter um bom desenvolvimento. “Trabalho há cinco décadas e todo ano temos uma experiência diferente”, destaca.
Técnicas como o raleio, que consiste na retirada de parte das bagas, que tem como objetivo aumentar a disponibilidade de espaço entre os frutos para propiciar um desenvolvimento mais forte, é comum na produção dos Miyabe. “São frutas selecionadas. O raleio deixa o cacho mais vistoso. Neste período, entramos noite adentro trabalhando até com o uso de lanternas”, aponta.
Os fatores climáticos são preponderantes na qualidade da uva. Por ser uma cultura de estação, é no verão que ocorre a colheita, apesar do cultivo ser permanente nas demais estações. Alguns meses antes, em setembro, a uva começa a brotar. Em outubro, ocorre a floração. Neste período, é necessária a uma grande incidência de sol, uma dificuldade enfrentada na safra atual. “Choveu muito em outubro. Não chegou a nos causar perdas, mas é inegável que poderia ter brotado melhor”, informou.
É em janeiro que ocorre a colheita, um momento muito aguardado. É na metade do mês que o fruto atinge sua plenitude. Por se tratar de uma cultura suspensa em parreirais e coberta por estufa, a irrigação é primordial para o desenvolvimento.
Investimento alto, mas com retorno garantido
De acordo com a Emater municipal, é concentração da produção de uvas está na Colônia Japonese. O órgão estima que dez famílias trabalham no segmento, com uma produtividade média de 14 toneladas da fruta por hectare. O chefe do escritório, Rodrigo Sasso, destaca que em Ivoti é possível encontrar a produção da uva de mesa, que requer sistemas de estufa, considerados modelos mais simples de cultivo, e ainda as uvas finas de mesa, que exigem uma tecnologia mais apurada e mão de obra abundante.
“Trata-se de uma cultura de bastante valor agregado. O investimento em estrutura é alto e o trabalho aplicado no cultivo também. Mas o retorno é muito interessante para o produtor”, avaliou.
Um dos grandes obstáculos para os produtores locais é o clima. De acordo com Sasso, a região não é tão propícia para o cultivo da uva, como a Serra por exemplo, mas ainda sim é possível ter êxito no cultivo local. “E hoje convivemos cada vez mais com as adversidades climáticas. A uva precisa de muitas horas de frio e nos últimos anos o clima foi irregular. No entanto, procuramos estimular nossos produtores”, apontou.
A modalidade de vendas do Hiromitsu, sem a necessidade do intermediário junto ao cliente, é considerada por Sasso uma forma inteligente e eficaz de lidar com uma janela de colheita bem definida, que ocorre entre janeiro e abril.
“Tem que vender rápido. A comercialização direta é uma rede de cadeia curta e a mais indicada nestes casos como o dele”, enfatizou. A Emater é uma grande parceira dos produtores rurais que trabalham no segmento, proporcionando apoio técnico e crédito no custeio de estufas.