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Rota Romântica vê retomada através do turismo regional

18/05/2020 - 19h37min

Região – O turismo regional, com visitantes que moram em cidades próximas, é estratégia defendida pelo presidente da Associação Rota Romântica, Claudio José Weber, para a retomada do setor nos 14 municípios que integram o roteiro. Retomada esta que, segundo ele, deve se dar no segundo semestre, possivelmente na primavera. Seja como for, Weber defende que sejam movimentos planejados.

“Temos que pensar como região, algo que a Rota Romântica faz há mais de 20 anos. O planejamento que se tinha antes da pandemia praticamente zerou. Agora temos que planejar um retorno coletivo, minimamente organizado e obedecendo a uma séria de restrições. Não vai ser um turismo normal, como era antes. Isso está muito longe”, afirma.

Ainda sem números precisos sobre os prejuízos, o presidente diz que o turismo da região perdeu “milhões”, ao passo que no país são “bilhões” em perdas para o setor. “Todos os setores foram muito atingidos, mas o turismo é uma atividade que tem como premissa fazer as pessoas circularem. Nesse sentido, hotéis, restaurantes, parques, lojas foram muito atingidos, pois há um isolamento social, e assim deve ser”.

Enquanto presidente da Rota, Weber vem sendo questionado sobre como pensar em uma retomada. Por enquanto, a principal resposta tem sido o turismo doméstico, a partir do período da primavera.

“Tem pessoas estudando isso, mas ninguém sabe exatamente. Obviamente algumas coisas estão voltando aos poucos. Regionalmente falando, existem projeções para o segundo semestre. Pode ser antes ou depois. Mas em algum momento será preciso ter uma retomada. E eu defendo que precisa ser pensado inicialmente o turismo regional. São pessoas que vem de carro, por um dia, eventualmente com pernoite, que querem mudar um pouco as suas atividades diárias, para sair do confinamento”, afirma o dirigente.

Entrevista com Claudio José Weber

Diário: Por que o senhor acredita mais no turismo regional?
Claudio: Existe um receio natural das pessoas de entrar num ônibus, com passageiros que ela não conhece. Essa demanda ficará reprimida por um período mais longo. Nos aviões é menos ainda. Hoje só 5% dos voos estão acontecendo no aeroporto de Porto Alegre, e é assim no mundo todo. A volta dos voos passa pelo mesmo problema do receio. Eu tenho certeza que haverá todos os cuidados de higiene, mas quem não tiver necessidade de viajar, vai evitar. Viajar para passear vai ser difícil.

Diário: Como o senhor imagina essa reabertura?
Claudio: Eu tenho visto que a maioria das pessoas da nossa região está fazendo essa retomada. Agora os atrativos turísticos também já abriram. É um movimento experimental. Mas um retorno mais efetivo deve ter um planejamento e eu acredito que podemos falar da primavera em diante.

Diário: Porque o senhor fala em que é um movimento experimental?
Claudio: Esses movimentos têm muitos custos, uma série de fatores como funcionários, fornecedores, contratos, ações para receber as pessoas com segurança, higiene, etc. Com um eventual agravamento, talvez tenha que se fechar tudo novamente.

Diário: E se a retomada não acontecer no segundo semestre?
Claudio: É complicado imaginar a situação que está hoje por mais seis meses ou um ano. Seria muito difícil restabelecer o setor dentro de todo um prejuízo que já houve e de todas as questões negativas.

Diário: O Natal de 2020 será um termômetro?
Claudio: É um evento muito forte para a região. Também não se tem uma certeza de como será. Algumas pessoas com experiência em turismo têm me dito que será um Natal muito bom, pela demanda reprimida. Já não tivemos a Páscoa e a temporada de outono/inverno é com pouca circulação de pessoas. Já outros me dizem que o Natal será com restrições. Não necessariamente restrições das autoridades, mas receio das pessoas de estarem em grandes públicos.

Novas pessoas, novo turismo
Claudio Weber vê a pandemia também como um “ensinamento de coletividade”, do qual “nós todos vamos sair diferentes”, mais humanos e menos materialistas. “As pessoas vão procurar valores menos voltados aos bens materiais. Menos aquela ânsia de todos os dias trabalhar para juntar fortuna, sem saber se o amanhã de fato existirá”, comenta ele, destacando que os jovens de hoje já vinham com essa percepção. “Turisticamente falando, as pessoas vão migrar do urbano para o ecológico, para o rural, o esporte de aventura, cicloturismo, parques ecológicos, fora dos grandes centros urbanos”, acrescenta.

Dólar e turismo nacional
Outro ponto destacado pelo presidente da Rota Romântica são as campanhas de incentivo ao turismo nacional. Segundo ele, as cidades que têm o turismo como bandeira muito forte já estão fazendo campanhas para receber os visitantes após a pandemia. “O Ministério do Turismo está trabalhando para divulgar os atrativos turísticos do Brasil, para que o brasileiro viaje e faça os gastos dentro do seu país”, afirma Weber. Um grande facilitador do turismo nacional deverá ser o câmbio. Mantida a atual cotação do dólar, muitas viagens internacionais vão ser inibidas, o que favorecerá os destinos nacionais.

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