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Diário do Empreendedor: os desafios da taxidermia com Emerson Boaventura

24/06/2021 - 10h58min

Atualizada em 28/07/2021 - 11h00min

Emerson utiliza técnicas modernas em seu local de trabalho (Créditos: Arquivo pessoal)

Ivoti – Entender a ciência é entender a relação do ser humano com a natureza. Com estes intuitos, e para explicar um pouco mais de seu trabalho, o museólogo e taxidermista Emerson Boaventura foi entrevistado nesta semana no programa Diário do Empreendedor. Ele comentou a respeito das atividades que executa e de como elas estão relacionadas.

O programa, desta vez, não tratou de negócios, mas foi uma entrevista com caráter de divulgação científica. Emerson, que é de São Paulo, mas reside em Novo Hamburgo, abordou diversos aspectos, a exemplo, principalmente, da taxidermia, que é o ato de preparar animais mortos para exposição em museus ou estudo. Confira um trecho da entrevista a seguir.

Emerson Boaventura, museólogo e taxidermista (Créditos: Felipe Faleiro)

Trecho da entrevista

Diário: Como você começou a atuar com a taxidermia?
Emerson Boaventura: A taxidermia entrou na minha vida desde muito cedo. Sempre fui um amante da natureza, e desde menino sempre voltado às questões dos animais e o meio ambiente. Conheci um naturalista alemão quando menino, e aí descobri a ciência através destes primeiros passos andando com esta família. Na verdade, a taxidermia foi o eixo da minha vida dentro do campo da ciência. Depois, fui estudando, crescendo, ingressei na faculdade na área de Biologia, mais tarde me especializei muito em taxidermia por conta do convívio com este naturalista, que na ocasião trabalhava no zoológico de São Paulo. Lá, aprendi a lidar com este universo.

Diário: Qual sua importância no ramo científico em geral?
Emerson Boaventura: Ela tem uma importância muito grande no campo da ciência, mas não apenas na preservação do espécime, mas através desta preparação destas peles e dos indivíduos, você consegue construir um entendimento acerca da biologia e biodiversidade, das correlações entre os biomas e seus habitantes. Então, ela não é somente o papel de uma pessoa que aprendeu a preservar a pele de uma ave, ou um mamífero, ou anfíbio, um réptil, mas tem o papel muito importante no entendimento da evolução dos espécimes e o que deriva do que.

Diário: Como está a área no país?
Emerson Boaventura: Temos por aqui alguns museus de História Natural, como o da USP, em São Paulo, que é realmente uma referência, outro no Vale do Paraíba, em Taubaté [São Paulo], e que estão caminhando na direção da cultura atualmente, no sentido da educação ambiental, no respeito àquilo a ser preservado. Na década de 70, morria um leão ou um urso branco em um zoológico, não tinha quem preparasse e era capacitado para isto. Aquele material era perdido. Hoje, temos pessoas envolvidas nestas instituições que sabem da importância de preservar este material. Mas ainda estamos num caminhar, temos muito ainda para chegarmos ao nível dos museus do Exterior.

Diário: Como é seu trabalho com taxidermia de pets?
Emerson Boaventura: Tem gente que tem um cãozinho de dez anos, faleceu, e a pessoa não consegue sepultar. E hoje, o taxidermista tem essa possibilidade de atender este público, trazendo um conforto à pessoa que não quer se desvencilhar do seu pet. E como eles são preparados? Diferente de um animal de museologia. Uma onça, por exemplo, você não faz dormindo, mas sim ela com expressão. No caso do pet, o dono vai encontrar dormindo e não vai ter o ímpeto de acordá-lo. Vai entender que ele está descansando. Tem que haver uma filosofia na taxidermia para que isto seja benéfico para o dono, e não trazer desconforto.

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