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O espetáculo proporcionado pelo governo do Estado, foi triste na tarde de sexta-feira

11/06/2018 - 11h00min

Em ato politiqueiro, o governo do Estado junto com emendas de deputados gaúchos no Congresso, fizeram a entrega de R$ 50 milhões de retroescavadeiras para Prefeituras do Estado. O Estado entrou com a contrapartida e as máquinas foram compradas através de emendas de deputados. Ou seja, dinheiro que saiu daqui, foi a Porto Alegre e Brasília e voltou para cá na forma de uma retro. Acontece que durante o passeio, perderam-se milhões pelo caminho. Saíram daqui no mínimo 10 retros e voltou apenas uma. O resto foi roubado e desviado dos cofres públicos.

PRECISA

É claro que os prefeitos dos municípios gaúchos têm que pegar as retros. Não importa em que circunstâncias. O que é triste é o espetáculo midiático construído no Parque de Exposições de Esteio para a entrega dos equipamentos. Se não fosse ano eleitoral já seria no mínimo triste. Como é ano eleitoral, pior ainda. A política destruirá o país de vez. Os nossos homens públicos estão completamente fora da casinha, longe da população, encastelados nos palácios. Onde eles estavam durante a paralisação dos caminhoneiros? Ninguém apareceu. Ninguém ouviu a voz de Sartori durante 10 dias muito menos a sua figura. Estavam todos eles com o rabo enfiado no meio das pernas e escondidos do povo. Retornam agora para um espetáculo triste como este, que só demonstra o quanto este país precisa de reformas.

COMPRA DE VOTO

A que ponto que chegamos. Deputados compram máquinas, Sartori se associa a eles e entra com um pouco de dinheiro, para ceder retros para centenas de Prefeituras a fim de comprar votos. No fundo é compra de votos. Cada deputado tem R$ 15 milhões por ano para destinar a municípios.
Ou seja, os deputados não são mais eleitos para legislar. Eles viraram verdadeiros secretários de Obras de muitas Prefeituras. Gente, são R$ 60 milhões que cada um dos 513 deputados, mais os 81 senadores, tem nos quatro anos para comprar votos nas suas bases eleitorais. É o fim da picada. A que ponto chegamos. Com R$ 15 milhões na mão para gastar por ano em cada um dos quatro anos do mandato, o deputado ou senador tem que ser muito ruim para não se reeleger.

POUQUINHO

Aquele espetáculo de centenas de retros perfiladas no Parque de Exposições em Esteio é apenas o pouco que nos devolvem dos impostos que pagamos. Alguém que está 10 dias sem comer um prato de comida é o suficiente para se alegrar. Temos que trabalhar cinco meses só pagando impostos e depois nos devolvem algumas migalhas. É como se Sartori representasse toda a classe política que manda neste país. No discurso que proferiu para os alegres prefeitos, disse que gostaria de entregar mais, mas que não podia porque não tem dinheiro. Os deputados a seu lado também lamentaram. Todos disseram que estavam fazendo o que podiam. Os prefeitos aplaudiram satisfeitos e com pena de Sartori e dos deputados que destinaram o dinheiro para a compra das máquinas. Em cima do palco estes comportaram-se como se fossem heróis, lutando por uma causa justa, embora o sistema em que estão inseridos seja injusto.

FORCA

Há 250 anos, o povo francês se revoltou contra os políticos da época e os enforcou todos. 250 anos depois o Brasil vive situação parecida.

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