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Panela de Pressão

01/03/2018 - 13h55min

Atualizada em 13/04/2018 - 14h54min

ONCO

Olha, ser brasileiro neste país e depender do governo é coisa para morrer de desgosto. É como outro dia, quando houve uma visita de um alemão ao Estado e os nossos governantes municipais mostraram as belezas naturais e arquitetônicas de nossa região ostentando aquele ar de satisfação, achando que estavam agradando o alemão. De repente, ele fez uma pergunta: “eu queria conhecer também as favelas”, disse ele. O que aconteceu foi uma coisa impressionante. Os cerca de 50 convivas no recinto respiraram fundo e se fez um silêncio sepulcral. Assim somos nós. Varremos para debaixo do tapete o que não queremos mostrar e só mostramos o que é bom e bonito. O Brasil, no entanto, não é só este que nós costumamos mostrar para os outros. O Brasil é complexo, pobre, o país que ostenta a maior concentração de renda do mundo, e por aí vai. As nossas vilas na periferia de nossas pequenas cidades são favelas sim, só não as chamamos assim. Ali residem pessoas que vivem com pouca renda, ganham menos ainda e têm muitos filhos. O alemão botou o dedo na ferida, enquanto nós fizemos vistas grossas para a nossa realidade.

BOM DE VIVER

Sim, o Brasil é um país bom para se viver, tem praias lindas, uma natureza exuberante, está tudo bem. Só que é bom só para as classes A e B, coisa de 10% da população. Os mais pobres passam grandes dificuldades para levar o dia a dia. A concentração de renda no país é um escândalo e os responsáveis por isso são os governos. Eles arrecadam tudo que podem, matam as empresas, agem como se fossem contrários ao empreendedorismo e deixam o país nesta situação. Quem tem plano de saúde no Brasil está tranquilo pelo menos quanto à saúde, mesmo que a segurança pública fosse um caos. Temos vários cânceres no Brasil e eles precisam ser extirpados. Pelo contrário, estão cada vez maiores e mais difíceis de extirpar. Em vez de nossos governos arrecadarem para distribuir renda, arrecadam para concentrar. Arrecadam e nos devolvem algumas migalhas.

PONTO

Voltando ao ponto que dá nome à coluna… É duro. Temos vários municípios na nossa região que estão pendurados no pincel, porque o dinheiro repassado para o Hospital Regina, para cuidar de nossos pacientes de câncer, não é mais suficiente. E os pacientes não podem ser tratados em outros lugares como Porto Alegre, por exemplo. Tem que ser em Novo Hamburgo. Em Porto Alegre sobra dinheiro, porque é para lá que é carreada a maior quantia de recursos do governo para a oncologia, que é a área da medicina que cuida do câncer. Só que Porto Alegre não existe para Ivoti, onde tem 29 pacientes na fila esperando atendimento para tratar suas doenças. Procurando uma saída, os prefeitos foram falar com o secretário da Saúde do governo do Estado para ajudar na solução do problema. A resposta dele foi um solene não. O que fazer numa situação dessas? O governo do Estado investe na saúde a metade do que está escrito na lei e o sujeito tem coragem para correr com nossos prefeitos de Porto Alegre. Concentração de renda é isso. Enquanto o governo do Estado esfola as empresas e quebra muitas delas por não terem como pagar todos os impostos, fica com o grosso do dinheiro e o distribui entre aposentados que não têm nem 50 anos e ganham R$ 15, 20, 30 mil. Os R$ 600 mil que faltam para atender todos os doentes de 5 municípios da região ele diz que não tem. A solução foi ir a Brasília. Na Revolução Francesa, quando o povo não aguentou mais, enforcou em praça pública os governantes da época que o exploravam.

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