Panela de Pressão

Ivoti: Ana Veiga

25/08/2021 - 06h05min

Raul Petry – colunistas@odiario.net

 

ANA VEIGA

Hoje é dia de falar um pouco de uma pessoa que adotou Ivoti para viver lá por 2013. Ana Veiga se formou em jornalismo em São Borja e veio para cá a convite do Diário, que soube dela através do jornalista Francis Limberger, que é natural de São Pedro do Butiá e era colega de Ana na Universidade de São Borja. Francis estudou no IEI antes de estudar jornalismo e voltou para cá para iniciar a sua vida profissional na área da comunicação através do Diário. E através dele veio Ana Veiga. Ela chegou por aqui e começou a trabalhar como repórter do Diário. Desde logo a gente simpatizou com ela tanto pela sua boa índole quanto pelas ideias “revolucionárias” que defendia. Defendia as suas convicções até debaixo de água e nunca mudou de ideia. Não é nenhum demérito a pessoa mudar de ideia ao longo do tempo. Um exemplo é com relação as pessoas. Muitas vezes se tem uma impressão de uma pessoa e, depois de conhecê-la melhor, a realidade é bem outra e somos obrigados a mudar de ideia. Não tem nada demais nisso. Como o tempo muda de um dia para outro, como os costumes mudam com o passar do tempo, nós também mudamos de ideia. Vi Ana mudar duas vezes de ideia e não mais do que isso. Para dar o braço a torcer ela tinha que ter muita certeza de que estivesse errado. A gente pode estar errado por vários motivos e reconhecer o erro faz parte de nossa existência.

Pois bem, Ana se foi, está descansando na paz do espírito de sua curta passagem por aqui. Isto é que mais a gente sente. Uma pessoa de 30 anos morrer dói muito mais na alma de todos nós do que se fosse uma pessoa idosa e que já viveu a vida na sua plenitude. E Ana gostava de viver, ela era intensa, não recusava convite para uma “gelada” nem por nada. Se alguém precisava de uma companhia para um bom bate-papo, um happy hour, podia contar com ela. Era amante inveterada do futebol e diria que foi seu maior defeito: era colorada, mas daquelas doentes, que sofria quando o seu time perdia. Aliás, ela tinha dois times, o Inter e o São Luis de Ijuí, sua cidade natal. No ano passado lá fomos nós dois numa quarta de noite assistir a um de seus times do coração contra o Aimoré em São Leopoldo. Ela disse que ia de táxi se fosse preciso e aí topei a parada indigesta para mim. Outro dia na Arena lá estávamos nós vendo o São Luis tomar 5 do Grêmio. Num Gre-Nal também na Arena em 2014, aliás o único que o Inter venceu no estádio do Grêmio, um repórter se aproximou dela e quis saber o que achava da derrota do Grêmio. O cara foi falar logo com ela, que estava ali disfarçada de gremista. Ela disse na cara dele e para quem quisesse ouvir no meio daquela gremistada toda: “Estou achando o máximo, sou colorada”. Era corajosa acima de tudo e verdadeira.

Também era tradicionalista e não dispensava jornadas gauchescas. Mas fica aqui o registro mais importante que posso recordar. Ela era uma ótima profissional, sincera, verdadeira, se apegava as suas convicções como poucos e as defendia contra tudo e contra todos. Um exemplo a ser seguido por muitos. Saudades eternas Ana, de quem te admirava muito. Ainda mais nós que éramos em tudo polos opostos. Ela colorada e eu gremista. Ela da esquerda e eu da direita. Ela moderna e eu um velho apegado aos costumes antigos. Contudo, nós tínhamos uma coisa em comum: quando exagerávamos um pouco na dose, ficávamos chatos e brigamos várias vezes. Isto só aumentava o nosso apreço recíproco. Saudades eternas Ana.

Copyright© 2020 - Grupo o Diário