Coluna Nova Petrópolis
Os vereadores de Nova Petrópolis estão com a memória muito ruim
Definitivamente, os vereadores têm memória curta. Ou, melhor dizendo, memória seletiva. O que não é interessante é esquecido. A sessão de segunda-feira teve a presença de representantes dos órgãos de segurança pública da cidade. Polícia Civil e Brigada Militar. E para quê? Para falar do atendimento às mulheres vítimas de violência e, principalmente, sobre uma diferença de informações apontada há algumas semanas pela secretária municipal da Saúde, Andréia Siqueira Frota. Vejamos:
VAMOS RELEMBRAR
1) Naquela declaração famosa e polêmica, entre outras coisas, Claudio Gottschalk (PDT) disse que existem poucos casos de violência contra mulheres em Nova Petrópolis;
2) Kátia Zummach (PSDB), revoltada com as declarações do colega, disse que a cidade tem sim muitos casos de violência contra mulheres e que a secretária da Saúde seria chamada para levar estas informações aos colegas vereadores;
3) A secretária da Saúde foi à Câmara uma semana depois e confirmou a versão de Kátia, mas expôs um problema relacionado às estatísticas do município. Segundo ela, o número de notificações que a Secretaria da Saúde recebe dos órgãos de segurança é diferente do que consta no site da Secretaria Estadual de Segurança Pública, dificultando assim o acompanhamento de todos os casos por parte das autoridades municipais;
4) Daí que os vereadores tiveram a ideia de chamar os representantes da Brigada Militar e da Polícia Civil e, com eles, esclarecer as causas dessa diferença citada pela secretária.
SE ESQUECERAM
Nesta segunda-feira, os representantes dos órgãos de segurança foram até a Câmara a falaram sobre a forma como as duas polícias atuam nos casos de violência contra mulheres. Relatos muito válidos, pois informação é algo que ainda falta quando a sociedade fica diante deste grave tema. Só que os vereadores simplesmente se esqueceram de perguntar sobre a diferença nos números oficiais. O único a fazer uma tímida tentativa de adentrar no tema foi Nei Schneider (PSDB), mas ele logo desistiu.
SOBRE NÚMEROS I
O próprio comandante da Brigada Militar de Nova Petrópolis, 1º tenente Gil Anderson Novakoski, apontou diferenças nos números oficiais durante a sua fala na tribuna.
SOBRE NÚMEROS II
O comandante lembrou que, na violência contra mulheres, a corporação dele geralmente lida mais com casos de agressão, quando é necessária a imediata presença policial, muitas vezes para proteger a vítima. Segundo ele, na comparação com municípios do mesmo porte, Nova Petrópolis tem poucos registros de mulheres agredidas. De certa forma, essa constatação corrobora a parte em que Claudio Gottschalk falou que existem poucos casos de violência contra mulheres na cidade. O vereador pedetista até poderia ter se manifestado sobre este ponto, mas acho que optou por evitar o assunto. Obviamente é preciso dar o desconto das mulheres que, por diferentes motivos, não chamam a polícia quando são agredidas. Também é preciso considerar que mesmo ocorrendo em volume menor do que em outros municípios, estes casos locais de violência não deixam de ser graves e continuam merecendo atenção. E que, em qualquer hipótese, a vítima não pode ser culpada pela violência sofrida.