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1000 km de carona: a surpresa de um casal de viajantes de Ivoti e Lindolfo a duas mamães
por Felipe Faleiro
Ivoti/Lindolfo Collor – Gustavo Vinicius Blume, 29 anos, está em casa. O morador de Ivoti que obteve notoriedade por ir até Ushuaia, no extremo sul da América do Sul, a bordo de um Ford Ka 1.0, está passando uns dias na região junto com a namorada, Jussara Hentges, 25 anos. E o motivo pelo qual eles estão aqui é uma surpresa feita na semana passada para o Dia das Mães.
Gustavo e Jussara comandam o projeto Baita Rolê, no qual publicam fotos e vídeos de suas viagens nas redes sociais. A mais recente aventura começou em 1º de fevereiro. A ideia de ambos era, e ainda é, cruzar o Brasil, novamente a bordo do Ka. Com as malas prontas, o casal pretendia ficar dois anos fora. Mas a celebração da data especial os fez mudar de ideia, ao menos por enquanto.
“A gente estava próximo de Apucarana, no Paraná, quando resolvemos voltar para comemorar o Dia das Mães. Então fizemos”, conta Gustavo. O município paranaense fica a quase mil quilômetros de Ivoti. Voltar com o carro não era opção, já que haveria o gasto com combustível e o próprio desgaste do veículo. E, assim, começa a segunda parte desta aventura.
Veículo deixado na casa de um seguidor
O veículo foi deixado na residência de um seguidor do projeto em Apucarana. Por volta das 9 horas de quarta-feira, 5, eles deixaram o município a bordo de um carreteiro. Foram de caminhão até o distrito de Palmeirinha, em Guarapuava/PR, em um trajeto de cerca de 250 km. Dali, conseguiram uma segunda carona até o perímetro urbano de Guarapuava – mais 20 km.
Depois, uma terceira carona até outro trevo da mesma cidade. Aqui, o caminho foi mais curto, de apenas 2 km. De lá, conseguiram outra viagem com uma primeira parada em Pinhão/PR, e depois em Lages/SC, em um caminhão que ironicamente carregava pinhão. Total, 430 km. A quinta carona foi de Lages a Caxias do Sul, ou mais 220 km, e o último, de Caxias à entrada de Ivoti – 60 km.
“Dormimos apenas três horas neste trajeto todo”, conta Gustavo. Eles chegaram a Ivoti no dia seguinte, quinta-feira, 6, às 16h30. Ao todo, foram 31 horas na estrada e muita boa vontade de pessoas completamente desconhecidas, mas que compartilharam, além de dois lugares em seus veículos, experiências únicas a ambos.
Como foram os reencontros com as mães
Chegando a Ivoti, inicia a terceira parte desta história. Gustavo e Jussara foram a Estância Velha, onde a mãe do jovem, Roseli Haubert, 51 anos, estava trabalhando na empresa de EPIs da família. “Meu marido atendeu, e disse que havia gente esperando na frente. Fui lá e dei de cara com eles. Fiquei muito feliz e emocionada”, contou ela ao Diário.
À noite, foram a Lindolfo Collor, onde Jussara, a filha mais nova de Reni Hentges, 49 anos, até então também não sabia da intenção do casal. Aqui, houve um pouco de “malícia”. Gustavo escondeu a namorada no porta-malas do automóvel de um amigo. “Quando cheguei na casa, disse que havia um presente no veículo. Era a Jussara”, disse Gustavo.
“Levei um susto muito grande. Achei até que fosse um assalto. Mas tive uma felicidade muito grande quando vi minha filha”, afirma Reni. Toda a viagem e o reencontro com as mães está documentado em vídeo, e disponível no canal do YouTube do projeto. O casal justifica que gastou pouco neste trajeto todo. Foram R$ 15 em uma marmita, adquirida em Caxias do Sul.
“Levei um susto muito grande. Achei até que fosse um assalto”
Volta ao Paraná será de bicicleta
Ambos devem ficar na região pelo menos até a próxima segunda-feira, 17. Mas, e a volta até Apucarana? “Vamos de bicicleta, e aí será um novo desafio”, comenta Gustavo. Eles contam que não pedalam regularmente há alguns anos, mas fizeram uma parceria com a loja Pró-Bike, de Estância Velha.
O proprietário vai emprestar duas bikes já preparadas, além de roupas especiais. O trajeto será 160 km mais longo, por Florianópolis e Curitiba, mas com menos serras. “São mais ou menos 25 dias de viagem até Apucarana. Vamos na boa, fazendo de 40 a 50 km por dia”, afirma o casal. Na chegada, a intenção é embalar as bicicletas e enviá-las de volta por meio de uma transportadora.
Gustavo já havia feito outra aventura antes. Foi em janeiro do ano passado, quando ele embarcou no próprio Ford Ka e começou uma viagem que pretendia percorrer sete países da América do Sul, e mais o litoral brasileiro. Só que a pandemia mudou os rumos da viagem, e o rapaz teve de voltar para casa quando estava na fronteira entre o Chile e a Argentina.
Mais de 20 mil seguidores nas redes sociais
Chegando de volta, ele conheceu Jussara em um acampamento. Ambos logo começaram a namorar, e o que era o projeto solo “Ka Estou” virou o Baita Rolê. “Optamos por mudar o nome pelo fato de que o antigo estava muito ligado ao automóvel. Caso um dia fosse trocar o carro, ficaria mais complicado. Então, quem falar do Baita Rolê vai associar a nós dois”, diz Gustavo.
O projeto está indo bem, contando com quase 6 mil inscritos no YouTube e mais de 16,4 mil no Instagram, até o fechamento desta edição. Gustavo e Jussara fizeram outra parceria, com a empresa de vestuário South Urban, do bairro Jardim Panorâmico, em Ivoti, para a venda de itens relacionados ao projeto, como canecas e adesivos. Há também um financiamento no site Apoia.se.
Não fosse tudo filmado, editado e publicado, talvez o projeto deixaria apenas algumas lembranças na mente de ambos. No entanto, à medida que os vídeos são compartilhados, há muitos elogios por parte dos seguidores, que acompanham de perto a rotina do casal aventureiro. “Parabéns pelo empenho de estarem ao lado das mamães, matando um pouco da saudade”, comentou uma delas.
Para conhecer o projeto
- Link do Instagram
- Link do financiamento no Apoia.se
- Canal no YouTube (ainda com o nome do antigo projeto: “Ka Estou”)