A essência da lavanda de Morro Reuter

*por Fábio Radke

Morro Reuter – A divulgação e o plantio da lavanda, da variedade Lavandula dentata, já não é nenhuma novidade no município. Com o aumento da popularidade da planta crescem as finalidades que a espécie possui. Uma delas talvez ainda seja pouco conhecida, entretanto, já representa ganhos para os produtores locais da agricultura familiar. A extração do óleo essencial, muito utilizado na aromaterapia e em práticas integrativas na saúde pública, vem atraindo a atenção de um grupo de mais de 20 agricultores que já cultivam a flor-símbolo de Morro Reuter. Hoje, quem visita o município já consegue adquirir os frascos de 10 ml do óleo essencial que são comercializados em estabelecimentos locais com preços que variam de R$ 38,00 a R$ 41,00.

De acordo com a secretária de Agricultura de Morro Reuter, Sônia Feldmann, atualmente há dois extratores no município. “Esses dois compram a massa verde dos demais produtores para extração. O óleo é feito aqui mesmo através do processo de extração”, explica. Um deles, Ari Closs, de 56 anos, é atualmente o maior produtor de lavandas da cidade e referência quando o assunto é a flor. Em uma área de cerca de três hectares na Walachai, um verdadeiro morro coberto de lavandas é a aposta dele para explorar também o potencial turístico. Um extrator com maior capacidade permite a produção do óleo essencial já procurado em diferentes mercados do Estado e do País.

Já outra especialista no assunto atua em um laboratório também ornamentado com lavandas e entende como ninguém das propriedades do óleo. O trabalho da bacharel em química, Yamara Eichner, proprietária da Naturoils, está materializado em uma prateleira repleta de óleos essenciais, aromatizantes e termoscosméticos. A maioria deles com porções de lavanda em suas composições.

Conhecimento sobre lavanda 

O plantio de lavandas é fomentado pelo poder público e conta com o convênio da Emater como importante aliado. A assistência técnica do escritório auxilia que os agricultores tenham sucesso no plantio e aproveitamento da planta famosa pelo seu aroma característico.

O pioneirismo de Ari Closs, na localidade de Walachai, também implica em conhecimento sobre a melhor técnica de cultivo e também de manuseio até chegar ao processo de extração. Segundo Closs, a presença da flor de coloração roxa é o indicador do momento ideal para obtenção do óleo. “Quando a planta está bem florida é o período em que ela possui maior quantidade de óleo. Eu sempre faço o corte uns 10 centímetros abaixo da flor”, explica. O produtor também ressalta que as formigas e outros insetos acabam sendo aliados no lavandário. Isso por que não se alimentam da lavanda e sim das outras vegetações que crescem na plantação no primeiro ano. Um hectare de terra pode receber em torno de 10 mil mudas.

A primeira poda é recomenda a partir de um ano e meio do plantio. Closs destaca que ele mesmo costuma colher as lavandas de produtores parceiros para então extrair o óleo essencial. “Faço a meio com eles. E como eu sempre preciso, acabo ficando com o óleo. Hoje, cerca de 80% do que venho extraindo eu adquiro junto aos produtores”, destaca. A rede já movimenta cerca de 35 parceiros fornecedores de lavanda de diferentes regiões.

Sustentabilidade na produção

A sustentabilidade do processo não fica somente limitada ao plantio. A extração também está repleta de etapas que valorizam a agricultura familiar e técnicas agroecológicas para garantia de um produto puro e de qualidade. Os ensinamentos quanto extração do óleo essencial são compartilhados por Yamaha. A agenda de workshops estará sendo retomada a partir de agosto nas dependências da Naturoils, situada às margens da BR-116. A fabricação conta com apoio da assistente Carine Sauther. “A extração é feita em um destilador que comporta sete quilos. O vapor de água sobe pela massa verde e arrasta com ele o óleo e a água da planta (hidrolato)”, descreve. Os líquidos do processo de destilação já separados repousam em recipientes adequados. Um laboratório farmacêutico acaba sendo destino para o envase e rotulagem para posterior comercialização. São necessárias grandes quantidades de plantas para a obtenção do óleo – cada 7kg de massa verde rendem 20 ml.

“O óleo da lavanda conta com mais de 100 componentes químicos que estão dentro dele. A lavanda é extremamente antisséptica, muito usada na aromaterapia complementar”, afirma Yamara.

Já a palha remanescente no equipamento é armazenada em uma composteira para virar adubo. “De novembro a março pouco se destila. O ideal é no outono e primavera. Entre os meses de março, abril, maio, e entre setembro, outubro e novembro”, acrescenta. A essência da lavanda é inserida ainda nas fórmulas de produção de aromatizantes, cremes, óleos hidratantes e sabonetes. As opções de produtos possuem diferentes propriedades.

Propriedades do óleo da lavanda

Considerado revigorante

Antisséptico

Usado no tratamento da acne

Melhora a respiração

Combate dermatites

Eczemas

Ansiedade

É descongestionante

Expectorante

Relaxante muscular

Fonte: Naturoils