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A roça é a paixão de casal de Dois Irmãos

16/06/2021 - 20h00min

Atualizada em 18/06/2021 - 00h31min

Dois Irmãos – A rotina de trabalho do casal Loide, de 63 anos, e Darcy Zummach, 66, começa logo cedo, por volta das 6 horas da manhã. Os moradores do Vale Verde, não dispensam o chimarrão para começar bem o dia. Ambos são naturais de Nova Petrópolis. Ela era da Linha São Jacó e ele da Linha Imperial. O casal adotou Dois Irmãos e, em um primeiro momento, trabalhavam como caseiros nas terras que hoje a eles pertencem. Quatro décadas se passaram, e é nessa área, de aproximadamente dois hectares, que eles retiram tudo o que precisam para seu sustento. O excedente é comercializado entre amigos e conhecimentos ajudando a complementar a renda.

O casal Zummach tem duas filhas e quatro netos, dois meninos e duas meninas. Marido e mulher se dividem nas tarefas, de modo que nada fique para trás. Os bichos recebem atenção. A produção leiteira em grande escala ficou para trás, e hoje a subsistência prevalece. A produção é consumida pela família e o excedente ainda é vendido para vizinhos e conhecidos. A vaca Cigana é o xodó. O animal, que oferece uma produção diária de 5 litros de leite, inclusive já apareceu em uma gravação da personagem Herta. Outros dois bovinos – o Mineiro e a Mineira, são os responsáveis pelo transporte na carroça.

Os dois agricultores trabalham também além da porteira da propriedade e, já foram inclusive fotografados pela reportagem com a dupla de canga circulando em áreas mais centrais de Dois Irmãos. Eles também praticam agricultura em propriedades de terceiros. Em junho, a mesa com cestos de produtos sazonais conta com pinhão, nozes, batatas, chuchu, feijão e ovos caipiras. Os ovos alimentam toda a família e são provenientes de um total de 30 galinhas. “Gosto muito daqui por que é muito perto da cidade e assim temos facilidade de vender. Muitas pessoas vêm até aqui em casa para comprar”, disse ela. Outro alimento da lista de produtos ofertados ao público é o aipim. O valor de venda do quilo descascado é R3,50, enquanto que com casca é R$ 2,00.

Melado artesanal é feito pelo casal

Um dos produtos artesanais feitos pelo casal é o melado. Em um balde está uma mostra da produção do derivado da cana-de-açúcar do casal. “Está sentindo o cheiro?”, pergunta a produtora enquanto apresenta o melado mexido. Das colheitas de cana eles também fazem os doces em pasta, mais conhecidos como ‘schmiers’, que recebem a adição de abóbora, batata-doce, melancia de porco e outros ingredientes.

Vida na roça

Darcy comenta que desde pequeno sempre trabalhava na roça. “Não tínhamos muita roça na época e a gente veio morar em Dois Irmãos para trabalhar nesse pedaço de terra que hoje é nosso. No começo tinha quem dissesse que a gente ia morrer de fome, mas nunca acreditei nisso, basta saber trabalhar”, disse ele. Uma das tarefas dele é cortar o pasto para alimentar os bovinos. Ao lado da escola, ele recorda também que as filhas quando pequenas iam junto para a lavoura. “Lembro ainda que, no começo, levávamos nossas filhas junto. A pequena ficava em um cesto de vime e abríamos uma sombrinha, enquanto que a outra com uns três anos ficava ali junto cuidando”, recorda.

Ainda em relação as tarefas, os trabalhos manuais mais pesados ficam com o homem. “Tirar a cana e o pasto para os bichos, que é uma tarefa mais pesada, fica a cargo dele. A alimentação dos animais é meio dividida”, acrescenta Loide. Uma prática que a produtora mostra ter é no manuseio de um antigo debulhador manual de milho.

O produtor Darcy afirma que eles já trabalhavam no ramo leiteiro. A propriedade tinha aproximadamente 15 cabeças de gado. O leite era vendido inicialmente para um comprador do município, depois para um comprador de Novo Hamburgo e por fim para uma cooperativa de laticínios.

Darcy corta o pasto que será transportado de carroça até o galpão

A produtora mostra como funciona o debulhador de milho

Loide em meio a horta aonde cultiva uma série de verduras e legumes

Carroça de bois é meio de transporte no trabalho rural

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