Destaques
Acervo Schwantes: 30 anos de história
Já são mais de 15 mil itens expostos em casa
por Daiani Aguiar ([email protected])
Estância Velha – Um passatempo que começou despretensioso há 30 anos, faz da casa do Luiz Antônio Schwantes, de 72 anos, localizada no bairro Floresta, um ponto de referência da história da cidade. A coleção de chaveiros, que atualmente já ultrapassa cinco mil itens, se transformou em um acervo diversificado, rico em cultura e conhecimento.
Com muito carinho e dedicação, esse portal que possibilita conhecer mais da história do município, é cultivado por Luiz, estanciense desde 1952. Mas para chegar nos mais de 15 mil artigos que compõem o museu doméstico, ele conta com doações de artigos feitas pela comunidade.
Luiz é motorista na empresa Comunicatto Propagandas, há quase 19 anos. Transitando por toda a região ele disse que muitos objetos que possui em casa, foram resgatados do descarte, sendo esta outra maneira de expandir o acervo. “Dá para enumerar nos dedos o que eu já comprei. Quase tudo é doação ou então, recolho do lixo”, disse.
Além de chaveiros, o tesouro histórico integra adereços de cozinha, peças inusitadas transformadas pelas ideias revolucionárias do Luiz. Itens pequenos e grandes de todos os segmentos que se possa imaginar, demonstram a diversidade do que é possível encontrar no local.
Obras foram necessárias
Para guardar a extensão dos artefatos ao longo de 30 anos, desde que juntou seu primeiro item colecionável, Luiz precisou aplicar mudanças na estrutura da propriedade. Após convencer a esposa, Leni Golzer, de 60 anos, o casal aumentou a casa cinco vezes, sendo a primeira em 2002 e a última em 2016. “Ela não queria muito no começo, mas depois entendeu e desde então sempre me ajuda com tudo”, relatou.
A jornada pela residência já começa no pátio, encontrando itens transformados que mostram a riqueza do ambiente. Durante a mini excursão, que pode levar horas, o visitante é guiado ao sótão, onde tem muito mais história. Interessados devem agendar a visita através do telefone 99366.1368.
São recebidas quatro pessoas por vez, a fim de que o passeio seja explorado com atenção. Quem passar no local vai assinar o livro de presenças do Luiz, que já soma 400 nomes.
Historiador nato recebe homenagem da Câmara de Vereadores
Muito ânimo e propriedade descrevem Luiz, que está sempre cheio de histórias e curiosidades para compartilhar. Natural de Caxias do Sul, foi morar ainda pequeno em Picada Schneider, onde atualmente é Presidente Lucena. Segundo ele, a família queria mudar de vida para ter acesso à “cidade grande”, decidindo se mudar para Estância Velha, quando ele tinha quatro anos.
Desde então, ele se envolveu intensamente com a comunidade, atuou em diversas profissões, formou um extenso currículo no voluntariado e agiu em prol do que acredita, participando de movimentos sociais. Além de ser guardião da Sociedade de Canto União (Cantun), com cerca de 300 itens. O historiador nato ganhou popularidade no município, e teve sua contribuição reconhecida pela Câmara de Vereadores no início deste mês.
Criatividade e legado
“Eu vivo sonhando. Na medida que eu vejo algo na rua logo imagino a transformação do item. Eu sou o professor pardal. Acende a lâmpada e já estou pensando”, afirmou Luiz. Algumas peças que resgata do lixo são restauradas para compor o acervo.
Sem a visão do olho direito, perdida em consequência a um deslocamento de retina, ele conta com auxílio dos conhecidos para pôr em prática o que projeta. “Eu só entro com as ideias”, brincou. No entanto, todo o resto é desenvolvido por ele, com apoio da esposa.
“Agora estou convencendo minhas netas para cultivarem o que construí. Uma filha já tem interesse”, contou ele sobre manter o legado e toda a história que o Acervo Schwantes representa.