Agricultores que receberam o Auxílio Emergencial podem se complicar na aposentadoria

Dois Irmãos/Morro Reuter – Os sindicatos dos trabalhadores rurais e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) estão apreensivos com os agricultores familiares que solicitaram o Auxílio Emergencial de R$ 600,00 do Governo Federal. Isso porque a inclusão deles na lista de beneficiários foi derrubada pelo presidente Jair Bolsonaro, tendo direito apenas os agricultores que recebem o Bolsa Família e são registrados no Cadastro Único (CadÚnico). As entidades representativas estão tentando derrubar o veto, mas por enquanto a categoria permanece sem o direito.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Pedrinho Becker, a preocupação é grande porque os dados dos beneficiários são cruzados no banco de dados para identificar fraudes. Com isso o governo pode entender que este trabalhador não seja agricultor familiar e negar direitos conquistados pela categoria. “Alertamos que pessoas dessas listas estão perto da aposentadoria. No cruzamento de dados elas podem acabar desqualificadas da qualidade de segurado pela aposentadoria rural”.

Arapucas

Além da questão previdenciária, no cruzamento de informações também irá aparecer quem possui a Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), que possui uma renda média de R$ 50 mil por ano. Dividindo o valor por 12 meses, a renda mensal familiar fica em R$ 4.166,00, bem acima dos três salários mínimos (R$ 3.135,00) estipulados pelo governo federal. “O pessoal precisa ficar muito atento porque tem muitas arapucas e isso pode complicar lá na frente. No momento em que faz o cadastro a pessoa declara estar de acordo com o que é exigido.”, destaca Pedrinho. Somente em Dois Irmãos e Morro Reuter existem 500 famílias ligadas à agricultura familiar (150 em Dois Irmãos e 350 em Morro Reuter). Mas a estimativa é que existam mais de 5 milhões trabalhadores no Brasil.