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Após seis meses: perícia encontra DNA do ex-prefeito Toco nas unhas da companheira

28/06/2019 - 14h41min

Estância Velha – A manhã do dia 29 de dezembro de 2018 ainda não saiu da memória da comunidade estanciense. A notícia de que o ex-prefeito Elivir Desiam, o Toco, 57 anos, havia matado a namorada Lucia Bialoso Valença, 35 anos, e após cometido suicídio, no Litoral Norte, deixou em choque uma cidade que tinha o político como uma sumidade.

Seis meses desde o crime se passaram e o caso está prestes a ser concluído pela Polícia Civil. A investigação, que já reúne um número aproximado de 300 páginas, aguarda apenas o resultado da perícia do corpo de Lúcia para saber o que causou sua morte.

Conforme o delegado Márcio Niederauer, a linha de investigação segue inalterada, ou seja, a investigação segue apontando que o ex-prefeito cometeu o feminicídio e em seguida se matou. “Devemos encerrar esse caso nos próximos dias ou semanas, estamos justamente cobrando do IGP o resultado da necrópsia do corpo da Lucia para saber o que a levou a óbito”, informou o delegado.

A ex-mulher de Toco, Sueli Cardoso Lopes, com quem ele tinha dois filhos adotados, prefere não falar sobre o caso por enquanto. Segundo ela, o sofrimento da família, especialmente dos filhos, ainda é muito grande. O Diário não conseguiu contato com familiares de Lucia.

POR ONDE TOCO PASSOU APÓS MATAR NAMORADA

Mapa indica caminho percorrido por Toco após matar namorada

Um mapa, com base nos sinais emitidos pelo aparelho celular de Toco, foi construído e ajuda a compreender o crime. De acordo com o levantamento feito pela Polícia, através de uma autorização judicial para a quebra do sigilo telefônico, Toco matou a companheira ainda na noite de sexta-feira, dia 28 de dezembro.

No mesmo dia, seguiu rumo ao Litoral Norte, chegando somente na manhã do dia seguinte a Imbé, cidade onde morou com a ex-mulher, Sueli Cardoso Lopes, após deixar a presidência da Fenac.

A última vez que o celular de Toco indicou sua presença em Estância Velha ocorreu às 20h14 de sexta-feira (dia 28). O horário coincide com a última vez que Lucia – ou alguma outra pessoa – acessou o aplicativo de mensagens WhatsApp instalado no aparelho celular dela. No dia em que os corpos do ex-prefeito e da namorada foram localizados, o Diário conseguiu um indício de que o celular dela foi manuseado, exatamente, às 20h26 de sexta-feira, dia 28 de dezembro. Essa foi a última vez que mensagens foram visualizadas em seu WhatsApp.

Depois disso, as Estações Rádio Base (ERB’s) confirmam que Toco transitou pela BR-116, de São Leopoldo até Porto Alegre, e ingressou na BR 290 (Freeway), com destino ao Litoral. Ainda pelas referências das ERB’s, quando estava a caminho da praia, Toco parou na Freeway, no trecho entre Santo Antônio da Patrulha e Osório. Entre a 0h13 e as 7h18, já do dia 29, o aparelho celular de Toco não emitiu nenhum novo sinal, o que indica que ele tenha parado em algum local ou até mesmo no acostamento da rodovia.

Os próximos sinais indicam sua chegada a Imbé. O último sinal emitido pelo celular de Toco ocorreu às 7h48 de sábado (dia 29/12), já no perímetro onde sua ex-mulher mora e onde, posteriormente, seu corpo foi localizado boiando no mar. Os aparelhos celulares de Toco e de Lucia nunca foram encontrados.

Toco foi encontrado boiando na altura da guarita 130 de Imbé (FOTO: ISAÍAS RHEINHEIMER)

DNA de Toco encontrado debaixo das unhas de Lucia

Embora necessite de laudo que aponte a causa da morte de Lucia, alguns exames complementares já se encontram em poder da polícia. É o caso da perícia feita no fígado da namorada de Toco, que indica a presença de substâncias químicas no seu organismo. Tais substâncias seriam medicamentos de uso controlado (tarja preta) receitados para pacientes em tratamento com psiquiatras.

Lucia estava sendo acompanhada por um médico e fazia uso de fármacos antidepressivos. Ainda, conforme uma amiga pessoal, que inclusive foi ouvida pela Polícia Civil ao longo da investigação, Lucia fazia o uso de remédios tarja preta em um tratamento de emagrecimento.

Contudo, o exame mais importante e recente incluído no inquérito possibilita chegar a algumas suposições. No final de abril deste ano, o Instituto Geral de Perícias (IGP) encaminhou o resultado de um exame solicitado pela Polícia Civil para saber se havia material genético de Elivir Desiam presente no corpo da namorada. O resultado foi positivo. De acordo com o laudo do IGP, foi possível detectar fragmentos (restos de pele) debaixo das unhas de Lucia.

Ao analisar esse material e cruzar com o perfil genético de Toco, os peritos confirmaram que se tratam de fragmentos com o DNA do ex-prefeito. Esse resultado pode indicar desde uma briga entre o casal até uma reação de defesa da vítima em eventual ato de estrangulamento. O delegado Márcio destaca que o resultado traz uma prova técnica para dentro do inquérito, que reforça a tese de feminicídio seguido de suicídio. “Isso nos indica que pode ter havido luta corporal entre ambos”, observou o delegado Márcio.

Lucia foi encontrada morta na casa onde morava com Toco, na Av. Sete de Setembro, no Centro (FOTO: ISAÍAS RHEINHEIMER)

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