Cachaçaria centenária quer atrair turistas com nova loja

Ivoti – Quando se fala em cachaça, a cidade é uma referência na região. Apesar de contar com mais de uma renomada cachaçaria, a primeira a se estabelecer em Ivoti foi a Bockorny, há mais de cem anos, em 1912.

O empresário Paulo Bockorny conta que a empresa – que é gerida pela família e foi fundada por seu bisavô – já está começando a ser tocada pela quinta geração. Desta forma, com o intuito de modernizar a loja de destilados e ampliar o espaço comercial, a família decidiu construir uma nova sede.

Inspirada nas vinícolas da serra gaúcha, a nova loja da Bockorny trará elementos rústicos e um vasto ambiente onde será exposto aos visitantes cada parte do processo de produção das bebidas: desde a moagem da cana-de-açúcar até a envasilhação da cachaça – do primeiro ao último procedimento.

“É um projeto que temos há algum tempo. Além de ser uma forma de atualizarmos, inclusive esteticamente, queremos que ela seja voltada para os turistas que vem até a região, muitas vezes apenas para comprar cachaça”.

O local, que fica ao lado da loja já existente no bairro Bom Jardim, está em construção desde novembro do ano passado e a previsão é que as obras sejam encerradas logo, para que a inauguração ocorra até o final deste ano.

“Nós percebemos que a loja que temos estava ficando pequena para a quantidade de pessoas que vinham até nós”.

Comercialização

Ana Paula Bockorny, filha de Paulo, relata que, apesar de uma parte considerável das vendas das cachaças ser para pessoas que vem de fora da cidade, os moradores de Ivoti sempre se mostraram muito presentes e interessados no produto, sendo um dos principais consumidores.

Ela comenta que apesar da pandemia de Covid-19, a cachaçaria manteve um bom ritmo de vendas durante o ano. Embora tenham ficado receosos e tenham se preparado para uma brusca queda econômica – já que o comércio foi fortemente impactado pelo vírus –, Ana Paula afirma que a loja “seguiu firme” e inclusive conseguiu investir no lançamento de novos sabores de licor durante este ano.

“O movimento foi melhor do que esperávamos. As pessoas estavam em casa e, acho que muito por conta disto também, acabaram consumindo mais”.

Dia da cachaça

Neste domingo, dia 13 de setembro é comemorado o Dia Nacional da Cachaça. A bebida é um dos empreendimentos tradicionais de Ivoti e tem papel importante na economia do município, já tendo inclusive recebido o título de 3º cidade do país com mais marcas de cachaças registradas.

No entanto, devido ao cenário que está sendo enfrentado na tentativa de frear a difusão do novo coronavírus, este ano as cachaçarias da região não poderão realizar celebrações a respeito desta data. Apesar de estarem funcionando normalmente, inclusive recebendo compradores nos estabelecimentos, os usuais eventos que ocorrem em restaurantes durante este período, desta vez, terão de ficar para o próximo ano.

“Mas o importante é que, mesmo nestes tempos, continuamos recebendo turistas e moradores da região que querem experimentar nossa cachaça”, diz Paulo.

Polo de cachaças

Há um movimento na cidade para que futuramente ela possa se tornar um polo produtor de cachaça. A iniciativa partiu da Embrapa, que realizou uma sondagem com municípios da região para entender quais estariam interessados em se tornarem centros produtores da bebida. A ideia é que sejam realizados testes de cultivares (experimentos no campo) para que, então, sejam plantadas canas adaptadas para a região.

As tratativas que podem transformar Ivoti em um polo de cachaças é acompanhada pela Emater. A cidade se colocou a disposição, no entanto, até o momento, não há novidades no andamento deste processo. Rodrigo Sasso, extensionista responsável pela Emater de Ivoti, afirma que é necessário cautela: “ainda é cedo para afirma que a cidade conseguirá, mas trabalharemos para isto”.