Ceará renuncia após sofrer críticas por propor redução salarial da Câmara e Prefeitura de Nova Petrópolis

Nova Petrópolis – O agora ex-vereador, João Paulo de Macedo Viana, o Ceará, assinou na tarde desta quarta-feira, a sua renúncia ao cargo legislativo e, consequentemente, a presidência da Câmara de Vereadores. A decisão havia sido tomada durante a sessão de segunda-feira, 26, depois de receber críticas dos demais colegas, por propor projetos em caráter de urgência para reduzir os salários dos próximos vereadores em 10% e do futuro prefeito, vice e secretários, em 15%.

Ceará convocou uma coletiva de imprensa e os assessores da Câmara para oficializar a decisão. Em sua fala, disse que decidiu renunciar aos cargos pela forma como os outros vereadores se dirigiram a ele, indicando que ele estaria fazendo algo ilegal e querendo se promover politicamente.

Assinatura marcou o fim do mandato (Créd.: Dário Gonçalves)

Embora tenha dito que a decisão foi tomada durante a sessão, Ceará disse que precisa entrar em contexto o que aconteceu na sessão do dia 19. Na ocasião, os vereadores discutiram o orçamento de 2021 e foi levantada a questão de que o valor destinado para a agricultura era pequeno. Por esse motivo, Ceará propôs a redução salarial como forma de destinar esses valores para o setor agrícola. “Pelas contas que fiz, essa redução, somada aos dois cargos de vereador a menos a partir do ano que vem, daria uma economia de pouco mais de R$ 151 mil ano, e R$ 605 mil por mandato. Com esse dinheiro, se faria muita coisa”, explicou.

Sobre não ter convocado uma reunião para falar do projeto antes da sessão, Ceará falou que gostaria que o assunto fosse discutido em público, na Câmara, e que nenhum vereador precisa convocar reunião antes de propor projetos. Falou também que não tinha porque continuar como presidente da Casa, se não puder ter a independência de entrar com um projeto. “Se tivessem dito simplesmente que eram contra, tudo bem. Mas foi pela maneira, como se eu tivesse que pedir a benção. Isso é como se fosse uma espécie de ditadura legislativa”, ressaltou.

Pandemia

A principal justificativa de Ceará para propor a redução, foi devido às perdas econômicas em 2020 decorrentes da pandemia do coronavírus. Segundo afirmou, muitas pessoas perderam empregos, passam por dificuldades e tiveram que se sacrificar. Desta forma, este seria o momento dos representantes públicos darem o exemplo. “O ano inteiro se falou em economia, mas na hora de mexer no próprio bolso, se negam”, afirmou.

Sobre o fato de que não seria mais possível contratar profissionais qualificados por esses valores, Ceará discordou e acha que quem ocupa cargos públicos devem ser os primeiros a dar o exemplo, e deixou os questionamentos: quem hoje em Nova Petrópolis tem uma carteira assinada garantida por quatro anos? Quem recebe garantido R$ 2.200 por mês (referindo-se aos salários dos vereadores)? Para ele, os vereadores se preocuparam mais com os valores, do que em fazer bem para o município.

Candidatura

Mesmo tendo renunciado, Ceará ainda é candidato à reeleição para vereador. Ele explicou que teve uma reunião com o presidente do partido, Plínio Rodrigues, na noite de terça-feira, mas não chegaram a uma conclusão. A questão ainda será discutida novamente com o partido, mas se depender de sua vontade, ele seguirá com a decisão de deixar a eleição, mesmo que Rodrigues tenha tentado convencê-lo do contrário. “Tenho recebido apoio e muitas pessoas estão pedindo para eu ficar, então ainda vamos decidir. Tem outras questões envolvidas, mas pretendo manter minha palavra”, finalizou.