Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Na primeira Sessão Ordinária do ano, ocorrida no dia 2 de fevereiro, Douglas Junior Cardoso usou a tribuna livre em nome de toda a comunidade da Nova Renânia para reclamar a constante falta de energia elétrica no local. Mais moradores estiveram presentes esperando uma resposta dos edis e da Prefeitura para que a questão seja conduzida e resolvida junto à RGE.

Douglas Junior Cardoso usou a tribuna para falar em nome da comunidade de Nova Renânia (FOTO: Cleiton Zimer)

“Na verdade, é um toma lá dá cá”, disse Douglas, explicando que “a gente aciona a Prefeitura, e nos dizem que é a RGE; falamos com a RGE, e nos dizem que é a Prefeitura. Precisamos saber a quem recorrer, de um ponto de referência; e isso não estamos tendo”.

O morador ressalta que não iriam reclamar se fosse acontecer uma vez no ano, ou devido à uma catástrofe; isso até seria compreensível. “Mas hoje já somos motivo de chacota em Santa Maria do Herval. Aparece uma nuvem no céu e as pessoas dizem que vamos fizer sem luz”.

Perdas financeiras e desgaste psicológico

Ele relatou que na semana anterior ficaram, novamente, três dias sem fornecimento. “Eu sou produtores de leite, temos vizinhos com aviários, perdemos carne e vários alimentos”, lamentou. Segundo Douglas, teve ocasiões que ficaram mais de seis dias sem luz e, quando os moradores ligam para a RGE, falam que o tempo mínimo de espera é de quatro horas. “Passadas essas tempo, ligamos e nos passam que precisamos esperar mais quatro. E, assim, passam-se dias”.

O morador citou vários transtornos que estão tendo. “Isso é uma situação constrangedora, é uma coisa chata que deixa a gente enraivado. Temos perdas financeiras e desgaste psicológico. Não vim aqui denigrir ninguém, pelo contrário, vim saber o que a gente pode fazer para resolver”.

“Precisamos comprar gerador? ”

“Será que a gente precisa comprar gerador, para, no final de um dia exaustivo, tomar um banho, olhar TV com a família? Não, nós pagamos a conta em dia”, afirma Douglas, falando que já chegaram a cogitar a hipótese de abandonar a agropecuária devido ao problema. “Procuramos a RGE para ver como ressarcir as perdas. Aí eles têm um setor que vem olhar. Mas vou ter que guardar 300, 400 litros de leite estragado e esperar eles vim?”, disse, enfatizando que são pequenos agricultores e que não podem ficar em casa esperando. É preciso trabalhar.

“Pegam milho verde e vão embora”

O morador disse que na última vez em que ficaram três dias sem energia elétrica, a RGE veio quatro vezes para resolver o problema. “Em todas as vezes eles pararam, sentaram, tomaram café. Aí pegavam milho verde e iam embora dizendo que o turno já estava acabando e que o serviço era muito extenso para o pouco tempo que tinham”.

O morador ressaltou, sobre a concordância dos demais presentes, que não raras vezes são eles mesmos que limpam a rede com seus motosserras. “Eles esperam que os moradores limpem a rede – que é serviço deles, eu acho”.

Vereadores defendem que algo precisa ser feito

“Não estão nem aí”

O vereador Cleidir Arnold (MDB) disse que é um “descaso total da RGE. Simplesmente eles não estão nem aí para o pessoal”. Segundo ele, numa reunião a empresa prometeu que não iria mais acontecer, mas, o problema segue.

“Eles ficam loucos”

Félix Alles (PDT) disse que o problema é que a RGE não se coloca no lugar dos outros. “Eles nunca ficaram mais de duas horas sem luz. Esses responsáveis que comandam a RGE Sul, eu faço uma aposta que se eles ficarem meia hora sem internet eles ficam loucos”.

“Estão brincando com a gente”

Para o vereador Orlando Schneider (MDB), a RGE está “brincando com a gente. Assim como está não funciona. Isso não pode acontecer, sabemos que é difícil, mas alguma coisa precisa ser feita”. Segundo ele, em Morro dos Bugres faltou de sexta até terça de tarde.

“Está totalmente errado”

A vereadora Rubia Reisdorfer (PSDB), destacou que a empresa fica “passando de um para o outro e parece que ninguém tem o poder de mandar resolver o problema”. Ela disse que cobrou a RGE para que mudem o sistema deles: “está totalmente errado”.

“Estão nos esnobando”

Leandro Kich (PSB)  disse que o sentimento é de que “estamos sendo esquecidos. Mas não podemos desistir; talvez ser mais agressivos, entrarmos em contato com os deputados e nos unirmos na audiência pública. Estão nos esnobando”.

“Esperamos por providências”

Paulo Kaefer (PSB) lamentou a falta de energia elétrica na Nova Renânia e ressaltou que o problema acontece em todas as comunidades. “Esperamos que providências sejam tomadas pela RGE”.

“Isso é brincar com o cliente”

Tarcísio Schuck, o Schukinha (PP), disse que “isso é brincar com o cliente. Os problemas, prejuízos que isso dá”. O vereador destacou que a situação também ocorre em Morro dos Bugres, onde os moradores ficam de quatro a cinco dias sem energia elétrica.

“Vêm e vão embora”

A vereadora Daiane Kunzler (MDB) disse que a localidade de Padre Eterno Baixo também enfrente o problema. “Eles não estão nem aí para a gente. É um descaso total o que eles fazem. Ligamos para eles, abrem protocolo, vêm e vão embora. Às vezes demora três dias para ligar a chave”.

“Precisamos ter uma boa qualidade”

O presidente da Casa, Diego Lechner (PDT), lembrou que a maior arrecadação do município vem do setor primário. “Então precisamos ter uma boa qualidade no reestabelecimento de energia. Podem ter falhas, mas ela precisa ser eficiente na retomada”.

Prefeitura cobra a RGE

A reportagem conversou com a prefeita Mara Stoffel (PDT). De acordo com ela, a Prefeitura faz o que está ao alcance, mas, o poder de executar cabe somente à RGE. “Estamos cobrando direto também. As pessoas nos ligam e a gente faz a intermediação, assim como os vereadores, mas não cabe à Prefeitura dizer o que eles podem fazer. Não temos ação sobre esse contexto; podemos cobrar e isso a gente faz direto”, explicou.

Mara ainda ressaltou que sempre estão à disposição da RGE para auxiliar com maquinários e podas.

*A reportagem pediu uma posição para a RGE mas, até o momento, não houve retorno da empresa.