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Conquistas nas Olimpíadas de Tóquio animam skatistas da região

29/07/2021 - 10h43min

Dener da Silva, 22 anos, é um dos praticantes da modalidade em Ivoti (Créditos: Felipe Faleiro)

Felipe Faleiro

Ivoti – Modalidade que rendeu duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio para o Brasil nos últimos dias, o skate tem crescido. O município tem tradição neste esporte radical, e foi um dos pioneiros em levá-lo à comunidade. A novidade, agora, é que a visibilidade trazida pelas Olimpíadas pode fazer com que o mesmo se torne ainda mais difundido entre a comunidade.

Os praticantes têm à disposição a Pista de Skate e Lazer Geraldo José Fröhlich, na Av. Castro Alves, no bairro Concórdia. O local, onde antes funcionava uma cancha de areia, foi construído ainda no mandato da ex-prefeita Maria de Lourdes Bauermann, e recebido uma série de manutenções ao longo dos anos. Mas nunca perdeu suas características de ser um local voltado para a comunidade.

“Temos oficina gratuita da modalidade no Plug há 12 anos, e nossa pista é a mais antiga da região neste formato”, comenta o coordenador do Departamento de Desporto de Ivoti, Marco Aurélio Garcez dos Santos. A pista foi construída com o apoio de skatistas do município, e de Régis Lanning, professor do Plug e hoje presidente da Federação Gaúcha de Skate (FGSKT).

Conforme a Prefeitura, a pista é composta de mini-ramp, em formato de “U”, 45º (rampa reta), quarter transicionado (rampa curvada), spine com fun box (formato de Pirâmide) e fun box no chão (caixa de concreto). As construções garantem a prática das modalidades mini-ramp e street. Em setembro de 2019, o local recebeu grafites de Rafael Jung, da 5ª Galáxia Art.

Nesta semana, estava no local a dupla de amigos Pablo José de Primio, 15 anos, e Dener Amonrá Fagundes da Silva, 22. Praticantes do skate desde a infância, os moradores do Loteamento União disseram acreditar que o impulso olímpico vai ajudar a modalidade a se fortalecer ainda mais. “A gente vê muitos pais trazendo crianças aqui”, afirma Dener.

Dener e Pablo são amigos de infância (Créditos: Felipe Faleiro)

Comércio também animado pelas medalhas de prata

Estes praticantes mais jovens veem em atletas como a própria Rayssa Leal, a Fadinha, de apenas 13 anos, como um próprio exemplo para eles. Medalhista nos Jogos Olímpicos, ela provou que qualidade, dedicação e empenho não têm idade. Os comércios da região também veem os movimentos, e esperam aumento na procura por parte dos produtos relacionados a este esporte.

O vendedor João Victor Kluge trabalha em uma loja dedicada à moda urbana no Centro de Ivoti. O comércio, que vende shapes, tênis, entre outros acessórios da modalidade, foi aberto há cerca de um ano. “Talvez nesta semana haja um maior movimento. Estamos esperando por isto”, projetou ele. Junto com ele, estava o amigo e cliente Guilherme Conci, 18 anos.

Também praticante desde a infância, Conci conta que já teve contato com os medalhistas brasileiros na modalidade, e inclusive fez uma foto com Kelvin Hoefler, também prata na modalidade street na capital do Japão. Foi em 2018, quando ele e Raíssa estiveram em Sapiranga, para uma etapa do STU Qualifying Series, circuito brasileiro de skate.

Outra grande conquista recente, e que de certa forma ampliou as possibilidades do esporte no país, foi a inclusão da categoria Atleta de Skate como profissão regulamentada em carteira de trabalho, desde fevereiro deste ano. O pedido havia sido feito em 2020 pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk), e desde então, é possível recolher INSS e inclusive se aposentar pela ocupação.

“O skate, por se apropriar do mobiliário urbano, acaba ficando mais exposto para a sociedade”

Guilherme e João: jovens skatistas de prata em Tóquio são exemplo para eles (Créditos: Felipe Faleiro)

Guilherme ao lado de Kelvin Hoefler, medalha de prata em Tóquio (Créditos: Arquivo pessoal)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Novo momento para o esporte, diz presidente da federação gaúcha

Na visão de Lanning, a visão trazida pela mídia deverá fazer com que o skate viva um novo momento. “A gente costuma dizer que, internamente no skate, o mundo começou a ver e a entender uma coisa que sabíamos há muito tempo. Que é todo este potencial que o skate tem como esporte e até transcendendo o universo esportivo, transitando na arte, na música e da moda”, diz ele.

O presidente da FGSKT também afirma que o skate sempre esteve associado à cultura underground, ou urbana, mas também, de forma equivocada, na visão dele, a uma imagem de vandalismo e uso de drogas. “Na verdade, nunca foi isso. O skate, justamente por ser um esporte urbano e se apropriar do mobiliário urbano, como escadas e corrimãos, acaba ficando mais exposto para a sociedade”.

No caso das oficinas no Plug, Lanning afirma que os alunos o procuram bastante para saber o momento de voltar. Segundo ele, mais de mil pessoas já passaram pelo projeto em Ivoti. “Infelizmente, está parado há mais de um ano, e na minha opinião, já passou da hora de conseguir retomar as atividades. O pessoal está louco para voltar”, afirma ele.

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