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DIÁRIO DA 3ª IDADE: casal de Linha Nova já teve mel exportado para a Alemanha

12/03/2021 - 10h28min

Linha Nova – O casal Avilar Auler, 65 anos, e Isolde Helbing,72, já traz no sangue a herança dos seus antepassados de trabalhar desde tenra idade na agricultura. Só de mel são colhidos três mil quilos em cada safra.

Um detalhe importante: um cliente de Montenegro adquiriu 1.500 quilos do produto, que foi exportado para a Alemanha. O fato é motivo de orgulho e alegria para os produtores.

O pai plantava para subsistência

Ele nasceu no Morro Grande, e ela, que era viúva quando ficaram juntos, é natural do Roseiral, ambas localidades de Linha Nova. Avilar e Isolde se uniram há 30 anos.

O que antes era uma produção de subsistência para as famílias dos pequenos produtores rurais, com uma vaquinha de leite, e colhendo aipim e milho, além de verduras, ao longo dos anos evoluiu para a comercialização dos produtos.

As flores dão o sabor do mel

Além da produção do mel, que já conta com 200 caixas de abelhas, distribuídas nas duas propriedades da família, eles também plantam milho, couve-flor, aipim, feijão e batata-doce. Neste ano, Avilar vai colocar duas sobre caixas em cada caixa de mel.

“Se dá tempo seco é melhor para a produção das abelhas”, relata o produtor, que aprendeu a lidar nas colmeias com o primo Nildo Blautz. A florada utilizada é a do eucalipto, das laranjeiras e flores do mato, o que proporciona um sabor diferenciado no mel. “Eu faço as minhas próprias caixas” enfatiza o produtor.

Um outro produto que pode ser comercializado a partir das abelhas é a cera, que também agrega valor à propriedade. Recentemente foi feita uma venda para um cliente de Ivoti. Esse comprador foi quem indicou o cliente de Montenegro.

“Sempre trabalhei e gosto da roça”

Avilar conta que o seu pai, Elson Armindo Auler, era natural de Arroio Bonito, em São José do Hortêncio. A família morava próximo à Sociedade Alegria. Ele casou com Nilda Blautz, de Morro Grande, com quem teve quatro filhos.

Já a esposa de Avilar, Isolde, é natural de Roseiral. O pai dela, Nelson Auler, casou com Rosa Böetcher. A família plantava feijão, milho e aipim. “O pai puxava leite para o armazém de Lindolfo Schuh, de Caraá, Feliz”, conta a moradora.

Ambos começaram pequenos a lidar na roça. Avilar nem sabia falar português. Com o passar dos anos foi ajudar o primo Ereneo Blautz (falecido) na Ceasa, em Caxias do Sul.

“Eu gosto de trabalhar na roça, onde sempre trabalhei. Primeiro aprendi a carregar carrinho e a vender na Ceasa, depois comprei o meu caminhão e fui sozinho para lá”.

Boa parceria

Avilar e Isolde contam com uma importante parceria com o produtor Paulo Gauer, que leva o resultado da sua produção de brócolis, couve-flor e repolho para a Ceasa.

O mel, por sua vez, é colocado em baldes de 25 quilos e já foi vendido para Taquara e Igrejinha, além de ir para Montenegro e outros municípios.

O trator foi financiado

Para levar os seus produtos até a Ceasa, Auler comprou um caminhão, e chegou a ter até três deles. Aos poucos foi vendendo os veículos. Contudo, para agilizar a produção foi necessário comprar um trator da marca Valmet, há três anos, e que ainda tem cara de novo.

O produtor diz que a aquisição foi através da Sicredi e pelo Pronaf, de auxílio à agricultura familiar, com juros de 5,5% ao ano, mas ainda vai levar sete anos para concluir o pagamento da máquina.

Saudade dos bailes

Isolde diz que sente falta de participar dos bailes da terceira idade na região e no próprio Centro de Convivência de Linha Nova. Num ano chegaram a ir em 56 bailes.

O casal foi rei e rainha do Grupo da 3ª Idade Veilchenbeet. “É muito triste, pois o baile era um passatempo”, comenta a moradora. Ela lembra que foi Elda Beck que deu o nome ao grupo, e que foi aprovado pelos demais. Avilar, por sua vez, acha engraçado quando alguém tenta ler o nome e se atrapalha. “Não conseguem ler, é difícil”.

Sucessão familiar

Uma situação que preocupa a maioria dos produtores rurais de Linha Nova e da região é o fato dos mais novos não querer dar seguimento aos trabalhos na roça, preferindo outras profissões.

Tanto Avilar quanto Isolde entendem que quando os mais velhos quiserem parar, as propriedades em geral viram mato. Segundo Avilar, a maior dificuldade é para aqueles que não possuem trator, pois a lida se torna realmente mais difícil, pois a capina das roças tem que ser feita a mão.

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