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DIÁRIO RURAL: Bruno Führ, de Dois Irmãos, cria abelhas há 35 anos
Por
Rogério Savian
Dois Irmãos – Criar abelhas para a produção de mel é um trabalho diferenciado porque não depende apenas da dedicação do apicultor ou meliponicultor, mas também da cooperação nas colmeias. O marceneiro, Bruno Führ, 70 anos, começou a criar abelhas há 35 anos, influenciado pelo pai, que já possuía algumas caixas. Atualmente, junto com outros dois sócios, possui mais de 300 colmeias, espalhadas nos municípios de Dois Irmãos, Morro Reuter, Santa Maria do Herval, Sapiranga, Nova Hartz, Ivoti e Arambaré. Em Dois Irmãos está a maior quantidade. “Esse ano o mel produzido está de excelente qualidade. Cerca de 90% das flores usadas por elas são de eucalipto”.
Com mais de três décadas e meia de dedicação às abelhas, muita coisa que Bruno aprendeu foi na prática. “Já fiz quatro cursos para me aperfeiçoar. Mas o maior conhecimento mesmo a gente aprende observando o trabalho delas. Como se comportam. Eu adoro esses bichinhos”. O apicultor utiliza a cera produzida pelas suas abelhas como matéria-prima para a fabricação das lâminas alveoladas, que são colocadas nas caixas para que sejam construídos os favos de mel. Bruno manda fazer as lâminas, mas com a cera fornecida por ele. “A lâmina tem que ser de qualidade. Não pode ter mistura com parafina, como muitos fazem, porque senão as abelhas não gostam”.
Alimentação nas colmeias
O enxame trabalha a maior parte do tempo e os resultados de sua produção são influenciados pela quantidade de pólen que encontram na natureza. Por esta razão, em anos chuvosos e com menos flores a produção tende a ser menor e com qualidade um pouco inferior. “Pouca chuva ajuda bastante. Costumo dizer que abelhas não morrem de frio. Elas morrem de fome, se for tirado todo o mel delas”. Neste ano, em algumas caixas, conseguiu coletar o mel três vezes em meses consecutivos (fevereiro, março e metade de abril), totalizando 60 quilos. As caixas precisam ser confortáveis para que os enxames se instalem. Geralmente são utilizadas madeiras grossas, de araucária ou eucalipto, que as tornam isolantes térmicos. A vedação é feita pelas abelhas utilizando própolis. Cada caixilho produz em média 1 quilo de mel e nas caixas do formato Schenk cabem 10 por camada. Com isso, podem ser armazenados até 20 quilos de mel por vez.
Criação de Jataí
Além das abelhas tradicionais, Bruno possui 45 colmeias de jataí (que é uma das espécies de abelhas sem ferrão, nativas do Brasil). Cada caixinha chega a produzir 1kg de mel, que está sendo comercializado por R$ 60,00. Em algumas partes do Brasil o preço chega a R$ 100,00. A criação de abelhas jataí (Tetragonisca angustula) tem se firmado como uma boa opção aos meliponicultores pois essa espécie tem algumas vantagens sobre as africanizadas ou europeias: ela é bastante rústica e tem grande capacidade para fazer ninhos e sobreviver em diferentes ambientes, inclusive em zonas urbanas, como é o caso de Bruno. E utiliza os mais variados locais para construir seus ninhos. Isso promoveu sua adaptação, inclusive ao meio urbano, o que não ocorre com a maioria das espécies de abelhas nativas.
“Gosto desse trabalho”
Faço esse trabalho porque gosto e também porque preciso. Ele é minha vida. Meu esporte. Se hoje eu tivesse uns 50 anos, iria trabalhar para chegar a umas 600 caixas. Mas dá muito trabalho e não consigo dar conta de mais do que isso”. Mas este trabalho também tem seu sacrifício e seus perigos. Bruno conta que já foi atacado várias vezes por abelhas e um dos maiores foi quando sofreu cerca de 50 ferroadas de uma só vez. “O ideal é não ir sozinho porque se desmaia ‘já era’. Então, costumo ir acompanhado e já deixar o carro estacionado pronto para a fuga”. Há poucos dias Bruno doou 45 quilos de mel para entidades e famílias carentes do município.
Recolhe enxames
Pela sua experiência com abelhas, Bruno tornou-se uma referência no município quando surge a necessidade de capturar e retirar os enxames nas residências ou árvores no perímetro urbano. “Já recolhi muita abelha. Até perdi as contas. Mas quando tem casos os Bombeiros me chamam para fazer o trabalho. Até mesmo os moradores já tem meu contato e me pedem para tirar”.
As vendas
O mel, de excelente qualidade, conquista clientes de toda a região, especialmente de Porto Alegre, Canoas, Sapucaia e Gravataí. Mas também tem consumidores de São Paulo que compram. Atualmente o vidro de 1kg está sendo comercializado a R$ 15,00. Mais informações pelo (51) 99972-3258.