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Diário Rural: energia solar vira solução para investimentos agrícolas

25/03/2022 - 09h50min

Graças a energia solar, Clóvis pode criar milhares de aves (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – Há quase dois anos, os avicultores Hugo e Clóvis Weber, pai e filho de Feliz Lembrança, instalaram 88 placas solares na propriedade e agora já colhem os frutos do investimento. A economia na conta de luz permite que os produtores rurais usem o dinheiro para quitar as parcelas do aviário mais recente, construído em 2016 e que custou cerca de meio milhão de reais.

Antes das placas solares, a conta de luz variava entre R$ 2.300,00 e R$ 2.800,00. Hoje, ela está zerada. Nem mesmo a taxa cobrada pela RGE, em torno dos R$ 50,00, está vindo porque em 2020, a companhia emitiu uma cobrança indevida e até hoje este valor está sendo abatido. E para contar com a energia captada dos raios solares, os avicultores investiram mais de R$ 180.000,00 nas placas para serem pagos em 10 anos. As parcelas, de R$1.560,00 mensais custam cerca de mil reais a menos do que pagavam de luz.

Crédito para 10 meses

Em 21 meses de operação, as placas de Clóvis Weber, adquiridas na Ecosul Energias Renováveis a partir de um financiamento da Sicredi Pioneira RS, produziram 48.147 kW. No mesmo período, eles consumiram 32.108 kW, sobrando um crédito de 16.039 kW. “Se acontecesse hoje um fenômeno que destruísse todas as placas e elas parassem de produzir, eu teria energia acumulada para mais 10 meses tranquilamente”, conta o avicultor. A energia limpa produzida por ele abastece dois aviários, uma casa, uma estrebaria e um poço artesiano.

Vantagens

De acordo com a Escosul Energias, a instalação de sistemas solares é vantajosa para todos aqueles que almejam economizar na conta de luz, mas também para quem busca atitudes mais sustentáveis e agregar positivamente, gerando mais competitividade em negócios e agronegócios.

Atualmente, a Ecosul instalou placas para mais de mil clientes produzirem sua própria energia, desde residências, empresas e produtores rurais (atualmente com foco nas duas últimas). Em sua maioria, distribuídos pela Serra Gaúcha, Vale dos Vinhedos, Vale dos Sinos, Vale do Caí, Vale do Paranhana e região da grande Porto Alegre. “O interesse pela tecnologia aumenta cada dia mais, muito incentivado pelos constantes aumento na conta de luz e pela boa reputação que construímos ao longo do tempo, provando que através de projetos e instalações eficientes, esse de fato é um investimento que traz bons retornos”, comenta a responsável pelo marketing, Débora Voltz.

Clóvis conta que buscava alternativas para reduzir seus custos, e viu no exemplo de vizinhos o uso de placas solares. “Eu vi que outros produtores estavam obtendo sucesso. Então a Sicredi convocou uma reunião e apresentaram uma linha de crédito a partir de um projeto com a Emater para instalar as placas. Foi o melhor investimento que já fiz, esse é o futuro”, comenta.

Ao todo, 88 placas foram instaladas (Créd.: Ecosul Energias)

Mudança na legislação

Em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro sancionou, com vetos, a lei 14.300 que institui o marco legal da geração distribuída no Brasil. A legislação atribui à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) a responsabilidade de considerar atributos técnicos, ambientais e sociais no cálculo de compensação da energia. “Ou seja, agora existe uma Lei Federal regulamentando a geração própria de energia”, complementa Voltz.

Para ela, essa é uma conquista expressiva para o setor fotovoltaico, pois tanto a empresa quanto os clientes terão segurança jurídica sobre a geração distribuída, promovendo a democratização do uso da energia solar. “O principal ponto que pode ser destacado e também o mais polêmico, é a cobrança de tributo sobre o excedente da energia gerada e que é transmitida para a rede, que cobrará um valor justo e trará benefícios para clientes e integradores”, afirma.

Outros pontos importantes: A possibilidade de transferir créditos entre sistemas desde que vinculado à um mesmo proprietário. Promoverá segurança através da inviabilização de fornecedores de má fé. Dará segurança jurídica e regulatória ao setor.

Como funciona

O sistema de placas solares funciona da seguinte maneira: a luz solar bate sobre os módulos e as placas convertem essa energia pra dentro da residência. Então, por exemplo, em dia de sol em que moradores estão utilizando eletrodomésticos, a energia usada é a que vem da luz solar na mesma hora. No entanto, se nenhuma energia estiver sendo consumida, a energia que está sendo gerada fica armazenada na rede da concessionária, no caso da região, a Rio Grande Energia (RGE). Então, quando o proprietário for usar, ele tem direito a esses créditos que foram gerados, mas até então não foram consumidos.

Dessa forma, com a nova lei será feita a cobrança de tributos sobre o excedente de energia gerada que é transmitido para a rede. “Nós geramos a energia e usamos a concessionária para armazená-la sem pagar nada. É isso que mudará. Será cobrado um valor justo para esse ‘empréstimo’ da rede. E ainda assim é um valor muito baixo comparado a todos os benefícios que o sistema traz”, acrescenta Débora Voltz.

Ela também acredita que, no momento que se regularizar essa questão e se pagar um valor por esse “empréstimo”, a própria concessionária começará a entregar um serviço melhor. “Hoje usamos uma rede emprestada sem pagar nada, e mesmo assim eles precisam trabalhar a nosso favor sem ganhar nada com isso. No momento que é feito isso, eles começam a ganhar também e, com isso provavelmente o serviço ficará melhor”, finaliza.

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