Destaques

DIÁRIO RURAL: família Kich é especializada em figos suculentos em Nova Petrópolis

24/02/2021 - 09h17min

Volmir, Rafael e Gabriela: produção em família (Créditos: Felipe Faleiro)

Nova Petrópolis – Nas belíssimas e convidativas paisagens da Linha Temerária, a 100 metros da ponte do Rio Caí, na divisa com Caxias do Sul, está a propriedade da família Kich, tradicional no plantio de figos. As árvores, dispostas em diversas fileiras uniformes, são abundantes nesta época do ano. Os figos em si também estão prontos para serem colhidos, como está sendo feito agora.

O trabalho começa cedo, e é de segunda a segunda. Geralmente, participam da colheita o agricultor Volmir Kich, 49 anos, e os dois filhos, Gabriela Kich, 18, e Rafael Kich, de apenas sete anos. Às seis horas da manhã, a família já está na roça. O trabalho é feito cedo, quando é possível ver melhor os figos. À tarde, é a vez da lida nas goiabas, também plantadas junto ao vale da localidade.

Os Kich plantam figos há 11 anos, motivados, no começo, pelo trabalho realizado pelo sogro de Volmir, Ilson Zang, 68. Antes de se dedicar ao trabalho no campo, o patriarca da família atuou por sete anos como caminhoneiro. Ilson não conseguiu mais lidar sozinho com a propriedade e Volmir, casado com a professora Eliane Kich, 41, se dispôs a ajudar.

A variedade cultivada pelos Kich é o roxo-de-valinhos, bastante popular na região e que se adaptou bem à geografia do local. “Esta variedade prefere lugares mais altos, mas ela pegou bem aqui”, diz Volmir. Os produtos são sempre comercializados para os municípios da Serra, como Nova Petrópolis, Caxias do Sul, Gramado, entre outros. Empresas compram o que sobra da produção.

“Esta variedade prefere lugares mais altos, mas ela pegou bem aqui”

Volmir seleciona os figos mais suculentos para a colheita, feita de forma rigorosa (Créditos: Felipe Faleiro)

A colheita é feita de dezembro a maio, mas às vezes, pode acontecer de se estender, dependendo do clima. Figos gostam de pouco sol, mas não de muito frio, explicam eles, portanto é preciso aproveitar ao máximo os períodos amenos antes da queda das temperaturas e a consequente perda de parte da produção, como já aconteceu com eles outras vezes.

A estiagem é outro problema. No ano passado, por exemplo, quase toda a produção dos figos e 80% do plantio de goiabas foram perdidas em razão da falta de chuvas. Mas a família soube buscar a reinvenção, e novamente conseguiu retomar plenamente a produção, de forma que consegue comercializar para outros locais. Hoje, se produz cerca de 50 toneladas de figos por safra.

A propriedade tem 12 hectares. Destes, 4,2 hectares estão ocupados pelos figos. No primeiro ano de produção, foram plantados 1,5 mil pés. Graças ao sucesso do negócio, houve a ampliação para 4 mil plantas, divididas nos dois lados da estrada que conduz à Linha Temerária. Mas o lado onde estão as figueiras mais recentes ainda não produz as infrutescências.

Essa classificação decorre do fato de que os figos não são frutas da forma tradicional, mas receptáculos de flores, ainda que na aparência de fruto. De toda forma, segundo a família, os pés levam, em média, um ano para se desenvolver e estarem prontos para a colheita. Os Kich utilizam adubo orgânico, como esterco, e alguns aditivos químicos para impulsionar a produção.

Técnica de irrigação ajuda no desenvolvimento das plantas

A propriedade também utiliza a microaspersão como técnica de irrigação. Bombas puxam água de quatro açudes localizados dentro da propriedade, e ela é transportada por encanamentos até a base dos troncos das plantas. “Os pés precisam ser molhados embaixo para os figos ficarem suculentos”, conta Volmir. O sistema foi trazido de São Paulo diretamente para o pomar dos Kich.

Neste período, entre seis a oito pessoas trabalham na colheita, entre os familiares e alguns vizinhos, seguindo as regras sanitárias. Às terças e sextas-feiras, a entrega é feita em Nova Petrópolis, antes do meio-dia. Às segundas e quintas-feiras, a produção é selecionada e embalada para a Ceasa, em Porto Alegre, que realiza a distribuição dos alimentos.

A colheita é feita manualmente, os figos são selecionados com rigor e mantidos nas condições ideais de armazenamento até a entrega para o transporte. E os Kich não pretendem parar por aí: o sucesso da produção atual motivou a família a produzir também o figo bronzeado, considerado mais doce, ou seja, mais agradável aos paladares dos consumidores.

Filha aplica conhecimentos do técnico em Agropecuária

Como já visto, a sucessão familiar é praticada entre os Kich, de forma que Gabriela pensa em seguir os passos do pai e continuar com a produção. De fato, ela é aluna do curso Técnico em Agropecuária na Escola Bom Pastor, e utiliza o que aprende nas aulas no plantio dos figos. O contrário também acontece, e a jovem leva à escola o aprendizado do dia-a-dia no campo.

“É sempre bom poder ajudar e se sentir útil”, comenta ela, informando que os professores do curso, junto com a Emater, são grandes aliados da produção. O pequeno Rafael também coloca a mão na massa: aluno do 2º ano da Escola de Ensino Fundamental Pedro Beck Filho, em Linha Temerária, o menino aproveita as férias do colégio para auxiliar no período de colheita.

Um dos dois tratores da propriedade foi financiado pelo Sicredi (Créditos: Felipe Faleiro)

Financiamento do Sicredi ajuda na produção

Volmir conta que utiliza os financiamentos do Sicredi para o custeio da produção e aquisição de um dos dois tratores da propriedade. “A gente tem também uma segurança com este dinheiro a mais, porque caso aconteça alguma situação climática adversa, conseguimos ficar mais tranquilos”, salienta ele. A vantagem é a devolução do recurso obtido com condições facilitadas. Para conhecer mais sobre a produção, visite o Instagram @fruti_kich.

Copyright© 2020 - Grupo o Diário