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Diário Rural: Uma produção que alcança 200 mil pintos “primo canto” por ano em Presidente Lucena
Presidente Lucena – São dois irmãos da Família Knorst, Jorge e Aroni, que estão apostando na criação de frangos e galeto tipo “primo canto” há pelo menos 21 anos na propriedade familiar de 9,5 hectares, existente no Centro, próximo à Sociedade Esportiva Soberano. Na realidade, os galetos são pintos que podem ficar alojados no galpão da propriedade até 21 dias. Já a expressão “primo canto” é referente a um prato com galeto tradicional da serra gaúcha.
Quem começou no setor produtivo na propriedade foi o bisavô, chamado Jorge Stoffel, casado com Maria Stoffel. Pedro Knorst, avô dos irmãos, casou com Lídia Stoffel, e prosseguiu na atividade dos sogros na propriedade, que tinha em torno de 24 hectares inicialmente.
O pai dos irmãos Knorst, Afonso Calixto, filho de Pedro e Lídia, deu sequência à tradição familiar, e faleceu em 2019. Ele e a esposa Frida Alzira, tiveram seis filhos, três homens e três mulheres. Desses, dois irmãos e uma irmã permaneceram na agricultura, uma irmã é aposentada, e outros dois atuam no setor de mercado e açougue.
A tradicional cultura de subsistência das famílias
Os antepassados tinham alguns animais de criação, gado e porco, para a subsistência das famílias. Plantavam aipim, batata-doce, cana-de-açúcar e verduras. A partir de 1995 começaram com o plantio de eucalipto e acácia. E foi com parte da madeira da propriedade que foi construído o galpão, que já está de pé há 26 anos.
COMEÇO COM AVES
Jorge Knorst, 58 anos. Foi quem deu a idéia de começar com a criação de aves. No início da década de 1990 foi feita a terraplanagem, sendo o prefeito da época Nilo Exner. “A Prefeitura ficava onde hoje é o restaurante Dhein Haus, e o prefeito era o Nilo Hansen, e na época ganhamos a terraplanagem”, explicam os Knorst.
A primeira empresa integradora foi a Frangosul, que depois passou a ser Doux Frangosul. Atualmente o trabalho integrado é desenvolvido em parceria com a Granja Pinheiro (Ave Serra). A granja force os pintinhos, a ração e a assistência técnica. O galpão, maquinários e mão de obra é por conta dos integrados.
Dentro do galpão cabem dois lotes de 12.500 pintos cada, somando 25 mil pintos por mês, e chegando ao máximo de 9 lotes e uma média de 200 mil pintos anuais.
Primeiro se aposentou para depois ajudar na terra
Jorge estudou até o 5º ano na antiga Escola Rural de Arroio Veado, hoje a Escola Estadual Guilherme Exner. Fez a sexta série no Seminário São João Vianey, em Bom Princípio, fez a 7ª e 8ª séries e o Ensino Médio no Seminário São José, em Gravataí e cursou Filosofia em Viamão.
Em 1986 Jorge começou a dar aulas de Ensino religioso dse forma voluntária, depois foi trabalhar como professor no mato Grosso, retornando em 1992 e deu aulas de Estudos Sociais (Histórias e Geografia) na Escola Guilherme Exner, e mais tarde deu aulas na Ildo Meneghetti, em Ivoti, e também trabalhou na Escola Nelda Julieta Schneck.
Para ajudar na propriedade, ele se aposentou em um período, mas segue dando aulas. O irmão Aroni estudou até o 3º ano na Escola Décio Costa, em Picada Café, e sempre ajudou os pais na produção rural.
JOVENS DEVEM PERMANECER
Aroni não tem filhos, e Jorge têm duas filhas e um filho. Uma filha, Luana, trabalha na Prefeitura, e a outra, Sâmara, 30, trabalha com tecnologia da Informação (TI), e o mais novo, Isaías, é chapeador. O filho já ajudou na propriedade quando era mais novo, mas hoje segue o seu próprio caminho.
“Alguns têm que permanecer no campo, pois quem vai produzir alimentos?”, questiona Jorge. Segundo ele, é o colono oriundo da agricultura familiar quem produz a proteína animal, o feijão, arroz, batatas, frutas e verduras, que vão parar na mesa das pessoas.
A importância dos incentivos aos produtores
O vice-prefeito e secretário da Agricultura Luis Spaniol (Lui) destaca a importância de incentivar os produtores rurais. A Prefeitura auxilia com a terraplanagem até um limite de R$ 25 mil. Também fornece adubo, facilita a aquisição de sementes pelo sistema Troca-troca, em parceria com o Governo do Estado, realiza serviços de máquinas para lavração e colheita, além de acesso às propriedades rurais. É ainda feito o serviço de espalhar esterno nas roças, e auxílio na silagem do milho.
Conforme Jorge e irmão Aroni, a ajuda da Prefeitura é de fundamental importância para os pequenos produtores. “A necessidade é cada vez maior, um trator custa em torno de R$ 250 mil e não tem serviço o ano inteiro, e fica difícil até para manter as máquinas, e a Prefeitura consegue ajudar a todos, e se não tivesse essa ajuda não teria como fazer”, explicam.