Destaques

DIÁRIO RURAL: vida de agricultor moderno, Paulo Medtler usa a tecnologia na agricultura

01/04/2021 - 14h14min

Atualizada em 01/04/2021 - 14h21min

Herança agrícola incentiva produtor a investir

 

Por Cândido Nascimento

Presidente Lucena – A vida de Paulo Medtler, 54 anos, consiste em tirar da terra a base do sustento para a sua família. O diferencial é que ele usa a tecnologia a seu favor, tendo um galpão moderno, trator, secador de milho e um quadriciclo, utilizado para levar as mudas e trazer a colheita da roça.

Casado com Marceli Martins Medtler, o produtor é pai de Kelin, 29 anos, formada em Farmácia, e de Camila, 19, que optou por auxiliar a família nos serviços da roça, na propriedade de 6,5 hectares, situada na localidade de Linha Nova Baixa.

De uma agricultura de subsistência praticada pelos pais, Pedro Alceno e Lúcia Jung Medtler, já falecidos, o produtor rural atua de forma independente, com foco na produção de alface-crespa e americana, além de aipim, milho, couve-flor e outros produtos.

Produtor investiu em equipamentos para seguir na agricultura familiar (Crédito: Cândido Nascimento)

 

“Hoje não largaria a roça pelos investimentos feitos”

Desde muito cedo Paulo trabalhou na agricultura. Integrante de uma família de nove irmãos (uma irmã falecida), ele conta que o irmão mais velho, Geraldo, foi o primeiro da família a levar os produtos para vender na Ceasa, e é o filho dele, Fernando, quem leva as suas verduras a Porto Alegre.

O pai tinha roça de aipim e investia na criação de vacas leiteiras. O leite era repassado à Cooperativa Piá. “Eu cheguei a trabalhar uns cinco anos na fábrica Dilly, onde hoje é a Luz da Lua, mas decidi voltar para ajudar o meu pai na roça”, lembra Medtler.

Depois do pai falecer, na década de 1990, ele e o irmão Leandro começaram a trabalhar com verduras. Hoje, eles seguem caminhos diferentes, pois Leandro foi vender na Ceasa, e Paulo optou por ficar direto na agricultura.

Foram feitos muitos investimentos com o galpão, secador de milho, trator, carroções, tubos para irrigação, entre outros, e por isso não troco a vida na roça por trabalhar numa empresa”, garante o produtor, que conta com o auxílio da esposa e da filha nos serviços no campo.

Medtler teve que investir em máquinas e irrigação das alfaces

 

“O meu forte é nas alfaces, mas estou plantando frutas”

Há mais de 20 anos Paulo está trabalhando no plantio de alfaces, produto que chega a colher 200 caixas por semana.

Mas ele também está, aos poucos, investindo em frutas, já tendo 900 pés de bergamotas e 100 de abacate que ele mesmo enxertou.

A alface é plantada durante os 12 meses do ano, e toda semana estamos colhendo, mas elas exigem um cuidado com tempo integral, de segunda a domingo. Em julho será a vez de plantar pimentão, e agosto planta o milho e aipim”, observa.

Ele destaca ainda que dá muito trabalho plantar alfaces, pois quando a temperatura fica superior a 30 graus é necessário molhar as hortaliças, mesmo que seja ao meio dia, para dar uma refrescada nas plantas.

Entre as frutíferas, o produtor fez enxertos de abacate

 

Incentivos auxiliam a produção

O programa de incentivos que a Prefeitura dá aos produtores tem ajudado bastante, pois ele tem base nas notas tiradas no bloco de produtor, explica Paulo Medtler.

Ele utiliza entre um e quatro sacos de adubo por ano, e ainda as horas de máquina, seja uma retro ou PC, cujo custo fica em torno de R$ 55, cerca de 55% do praticado pelos prestadores de serviço particulares.

É uma importante ajuda, pois ficaria mais que o dobro se a gente fosse depender de pagar particular”, explica o produtor rural. Além da produção, ele presta serviço para vizinhos na secagem de milho.

 

Poucos jovens querem ficar

Perguntado sobre a questão da sucessão familiar no setor agrícola, Medtler pensa que muitos jovens não querem se dedicar mais à agricultura pelo trabalho exclusivo a plantar e colher os produtos.

Acho que os mais novos não querem mais ficar na roça, porque eles não têm aquela liberdade que gostariam de ter. Na firma eles param na sexta-feira e tem o fim de semana livre, e aqui não tem escapatória, são sete dias por semana”.

A filha mais nova, Camila, ajuda nos serviços da roça

 

Trator foi financiado

O trator que auxilia nos serviços de lavração e transporte de materiais, da marca Massey Fergusson, foi adquirido em 2011, através do Programa Mais Alimentos do Governo Federal.

Medtler afirma que o juro foi menor naquela época, e que foi financiado através da Cooperativa Sicredi, da qual é cliente. “O Sicredi é bem mais perto e acessível para nós”, garante ele.

O galpão, com estrutura de ferro e os carretões, além do quadricíclo, foram adquiridos com recursos próprios. Também a tubulação para irrigar as plantas foi dessa forma, adquirido em 2020. “Hoje, os tubos estão quase três vezes mais caros”, conclui.

 

O trator é fundamental nos serviços agrícolas

Copyright© 2020 - Grupo o Diário