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Dois Irmãos 62 anos: Sapateiro mantém tradição de costurar bolas de futebol à mão
Ajair de Almeida, 54 anos, escolheu Dois Irmãos para desenvolver o ofício de sapateiro e a pouco conhecida prática de fazer reparos em bolas
*por Fábio Radke
Dois Irmãos – Com a experiência de 35 anos de sapateiro, Ajair de Almeida, de 54 anos, ao longo desse período aprendeu a desenvolver um trabalho pouco conhecido. O ofício de consertar bolas esportivas passa pelas mãos e agulha do profissional. O conhecimento dessa antiga prática garante a alegria de muitas crianças e também jogadores adultos em gramados ou mesmo campinhos improvisados na região. Instalado na galeria Hamburguesa (Av. São Miguel, 728), na sala 04, nos fundos do balcão é desenvolvido o minucioso trabalho. O reparo é feito manualmente em bolas, costuradas ou coladas, de todas as modalidades esportivas. Ajair explica como é o processo para consertar esse tipo de objeto. “Eu abro a costura e identifico o problema. Encho ela e procuro o furo. Às vezes é apenas uma questão de remendo e outras até é necessário a troca do ventil. Resolvido o problema, eu novamente fecho a costura”.
A habilidade foi desenvolvida a partir do exercício da profissão. A linhagem de sapateiros está na família. São cinco pessoas que desenvolvem o trabalho no Estado e até mesmo fora do País. “Um irmão atua no Uruguai, outro em Novo Hamburgo no bairro Canudos, um em Parobé e tenho ainda dois cunhados que viraram sapateiros”, relata. A escolha por Dois Irmãos aconteceu há 11 anos atrás após se casar com uma moradora do município. Não faltam elogios para o município de Dois Irmãos. “Gosto daqui. É uma cidade tranquila e muito boa de morar”, acrescenta.
Qualidade do material
A qualidade da bola adquirida pelo esportista também pode refletir na demanda de trabalho nesse ofício que resiste no mercado de trabalho. Isso por que a compra de bolas descartáveis, de baixa qualidade, dificilmente reflete em possibilidade de reparo e, consequentemente, em serviço para sapateiro de Dois Irmãos. As bolas de couro são um prato cheio. Embora já tenha vivido algumas crises econômicas e seus reflexos no setor calçadista, Ajair reconhece que nada se compara as consequências da pandemia. “Foi o momento mais crítico, por que tínhamos que fechar tudo”, ressalta. O investimento para o conserto de uma bola de futebol depende do tipo de reparo necessário e o valor oscila de R$ 15 a R$ 30,00. O cliente geralmente aguarda por cerca de um dia até que o trabalho seja concluído. “Aprendi o trabalho com irmãos e tios. Sempre há clientes e procura vem crescendo”, disse. Quem deseja conhecer um pouco mais desse trabalho ou mesmo necessita do serviço pode entrar em contato com o número (51) 98346 0009.
* Este conteúdo faz parte do caderno especial de 62 anos de Dois Irmãos, produzido pelo Jornal O Diário da Encosta da Serra