Destaques

Dois Irmãos e Morro Reuter chegam a 1.800 desempregados no calçado

10/07/2020 - 09h40min

Em janeiro, indústrias calçadistas empregavam 4.500 pessoas. Hoje são 2.700 (Cred. Arquivo/Cleiton Zimer)

Por Melissa Costa

Dois Irmãos/Morro Reuter – Em pouco tempo, o setor calçadista sofreu uma reviravolta e amarga um dos piores períodos das últimas décadas. A crise em decorrência da pandemia do novo coronavírus resultou na demissão de cerca de 1.800 trabalhadores do setor desde o mês de março em Dois Irmãos e Morro Reuter. O diretor do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Calçadistas, Romeo Schneider, ressalta que o ano de 2020 havia iniciado com as melhores expectativas e, em poucas semanas, o melhor cenário se transformou em dias difíceis. Um dos dados que comprovam a situação favorável e com planejamento de crescimento foi a contratação de cerca de 500 profissionais no início do ano. “Esses 500 estavam em contrato de experiência e é um número considerável para começo de ano. O dólar estava a R$ 5,00 e os empresários otimistas”, relembra.

PELO MENOS 10 PEQUENAS FECHARAM

Entre as demissões, também há o fechamento de cerca de 10 pequenas empresas, que tinham poucos funcionários e não havia possibilidade de redução da equipe. “Essas pequenas empresas já funcionavam com o mínimo de trabalhadores para o serviço e não conseguiram manter a porta aberta”, explica Romeo. Alguns ateliers chegaram a reduzir a equipe em cerca de 50% e indústrias maiores fecharam esteiras.

Fizeram todo possível para não demitir”

 O ano de 2020 iniciou com 4.500 trabalhadores empregados. Número esse que hoje está em cerca de 2.700 em Morro Reuter e Dois Irmãos. Apesar da quantidade expressiva de demissões, Romeo conta que os empresários, na sua maioria, tentaram outras alternativas para prolongar a decisão do corte dos funcionários nas empresas. “A primeira medida tomada foi referente a férias, seguida de redução da jornada de trabalho e, por fim, as demissões. A maioria teve a preocupação em também selecionar os demitidos para conseguir manter uma equipe suficiente para dar conta de novos pedidos e também para deixar quem mais precisava do emprego. Claro, todas as pessoas precisam trabalhar, mas, infelizmente, foi necessária fazer a opção por quem tinha filhos e situações semelhantes”, explica.

RECONTRATAÇÕES DEVEM INICIAR EM 2021

Quanto à expectativa de retomada, Romeo acredita que os pedidos possam melhorar ainda esse ano, mas as recontratações devem ocorrer no início do ano que vem. “As empresas conseguiram manter equipes que possam dar conta da entrada de serviço até final do ano. Claro, se a situação melhorar mais rápido, as recontratações podem iniciar ainda em 2020, mas nossa esperança é para 2021”.

Copyright© 2020 - Grupo o Diário