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Dois Irmãos: Ecônomos seguem sofrendo com a falta de movimento no esporte local

09/04/2021 - 09h02min

Dois Irmãos – Em maio do ano passado, ainda no início da pandemia e dos efeitos do fechamento das atividades econômicas, o Diário apresentou uma reportagem sobre as dificuldades enfrentadas pelos ecônomos de ginásio devido à proibição do esporte. Passados um ano do início da crise sanitária e econômica, as dificuldades persistem e a renda para quem vive em função deste setor já não está escassa, mas sim zerada.

Só com o bar aberto no ginásio da Santa Cecília, Márcio Wagner, o Urso, conta que sem o futebol a renda caiu para os ecônomos

Durante estes 12 últimos meses, as quadras até que foram liberadas por alguns momentos, mas com o agravamento da pandemia, precisaram ser fechadas novamente. Cidade com destacada tradição no esporte regional, Dois Irmãos possui vários ginásios espalhados pelos bairros e pelo centro, e todos estão na mesma situação, seja pela não liberação da prática de atividades esportivas nestes locais ou menos pela falta de movimento nos bares e lanchonetes, que são as principais rendas de quem sobrevive na categoria.

Um destes exemplos é do ecônomo do ginásio da Sociedade Santa Cecília, no Centro, e do Clube Vila Rosa, Márcio Wagner, o popular Urso. Ele conta das dificuldades registradas nos últimos meses. “Aqui no Centro a gente abre, só que sem o futebol não tem como se manter. O que dá renda são as locações de horário e, onde tem gente, movimenta o ginásio. Porque só som o bar a gente não vai conseguir se manter. Se voltar o esporte, acredito que dê uma melhorada. Mas assim tá bem difícil mesmo”.

Marcos Wagner, o Sabiá, ecônomo da sede campestre da Santa Cecília

O irmão de Urso, Marcos Wagner, conhecido como Sabiá, é o ecônomo da sede Campestre do Santa Cecília. No local, a queda do movimento também preocupa. “No momento está tudo fechado. Então não dá para tirar renda nenhuma. E se não tem futebol, não tem copa, não tem venda de bebidas nem lanches. Realmente, está bem complicado e neste setor não tem o que fazer”.

Ele ainda destacou que todo o setor foi pego em cheio, principalmente aqueles que tiram toda sua renda dos ginásios e bares. “O ecônomo que vive somente disso, eu não vejo uma perspectiva de ganhos. No meu caso, nós temos campo de futebol, restaurante e salão de festa. Para quem vive só disso, não tem como se manter”.

Urso e Sabiá assumiram há pouco tempo como ecônomos dos espaços da Santa Cecília. No período, um dos principais investimentos foi no novo piso da quadra de esportes, além de balcão e pintura novas no ginásio. Entretanto, a cancha pouco pôde ser utilizada desde inaugurada. “Foi um ano muito difícil e estes últimos meses estão sendo de novo, e não tem muita ajuda do governo. Só temos que agradecer a diretoria do Santa Cecília que nos ajuda no aluguel. Estão sendo bem parceiros conosco mesmo”, finalizou Sabiá.

Matéria do Diário já mostrava realidade difícil do setor em maio de 2020

Poucos meses de trabalho em um ano

Os ecônomos ainda tiveram um breve momento de alívio, entre o final do ano passado e o início de 2021. Ainda assim, de acordo com Valdir Schmitt, o popular Ninho, ecônomo do ginásio da Escola Felippe Wendling, no bairro Bela Vista, a permissão de funcionamento ainda restringia consideravelmente em função dos horários em que as quadras podiam receber jogos. “Nestes 13 meses, os ginásios abriram por apenas três, se muito. Na última abertura, era somente um horário, pois o nosso público trabalha até as 18, 18h30, e só conseguíamos atender das 19 às 20 horas”.

Valdir Schmitt, o Ninho, ecônomo do ginásio do bairro Bela Vista

Ele também cita que estavam impedidos de vender bebidas, o que representa boa parte da renda de um ginásio, tendo que fechar às 20 horas, em função do decreto estadual. “Não temos despesas, mas não temos lucro. Sendo assim quem tem o ginásio como emprego está desempregado. Não é meu caso pois tenho o ginásio como extra. Não aconselho ninguém a largar o emprego pra cuidar de ginásio, já passou este tempo”, completa Ninho, que ainda trabalha no setor moveleiro.

Ninho conta ainda que, durante a primeira parada no ano passado, por conta própria pintou a quadra, arquibancadas, goleiras e paredes do ginásio. “A Prefeitura fez a sua parte isentando os ecônomos do aluguel mensal, integral ou parcial, mas acho injusto todos os comércios abertos, inclusive os bares, e os ginásios, que proporcionam ao ser humano uma vida melhor pelo esporte, estarem fechados. Estou esperando ter retorno ainda em 2021 e que em breve possamos voltar a rotina normal”.

Ecônomo arrumou outro emprego na pandemia

Jorge Bauer, do ginásio da Primavera, está trabalhando também em Ivoti

Ainda à frente do ginásio do bairro Primavera, o ecônomo Jorge Luiz Bauer precisou arrumar outra ocupação para viver em meio à pandemia e às restrições de funcionamento no setor do esporte. “Desde setembro, arrumei emprego em Ivoti e estou conseguindo me sustentar. Mesmo que cuidar do ginásio seja um complemento agora, está fazendo falta, porque nós contávamos com este dinheiro para pagar as contas. O ecônomo não pode depender só disso. Precisa ter outra ocupação”.

Jorge, que também está com o bar do ginásio fechado, cita outro problema decorrente das atuais restrições. “Minha preocupação também é os produtos que estão lá dentro. Logo mais eles vão começar a vencer. Algumas bebidas estamos tentando vender por fora. Ano passado também foi assim, praticamente vendendo pelo preço de custo. Já os salgadinhos, por exemplo, tivemos que comer tudo”.

Apesar do fechamento, ele destaca que conta com o apoio do poder público para a situação não ficar mais difícil. “Enquanto estiver fechado, a Prefeitura não cobra o aluguel da gente. Se tivessem cobrando todo mundo já teria entregue os ginásios. E eu ainda acredito que vai demorar um bom tempo para podermos reabrir”.

Em Herval, situação também é difícil sem esporte

Paulo Lauxen, ecônomo da Sociedade Herval

Esta realidade também é encontrada em outros municípios da região. Em Santa Maria do Herval, o ginásio da Sociedade Herval, no Centro, cujo ecônomo é Paulo Lauxen, também tem pouco movimento. “Nós dependemos dos jogos de futebol e dos jogos de cartas para sobreviver. Seja daqueles que jogam ou dos que vêm só para acompanhar mesmo. Hoje nós estamos tendo que manter o ginásio, e não o contrário”.

Apesar de não ter jogos, o bar da sociedade ainda recebe alguns clientes cativos e por estar bem localizada. Ainda assim, o movimento não é o mesmo. “Nós estamos gastando o nosso estoque de produtos do bar, como as bebidas, e não encomendamos mais. Tem produtos que eu não vendo em um mês o que vendia antes em um dia com jogos. E as contas ainda seguem vindo, ainda que eu ache que daqui a pouco vai melhorar”, disse Paulo, ressaltando que a Sociedade Herval ainda auxilia cobrando apenas parte do aluguel do ginásio, em função das atividades não estarem funcionando por completo.

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