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Dois Irmãos: tradicional Armazém Scholles deixou saudades nos moradores do Travessão Rübenich

04/04/2021 - 17h22min

Dois Irmãos – Há pouco mais de dois anos, o tradicional Armazém de Secos e Molhados Scholles fechava suas portas. Mesmo assim, o legado de seus mais de 60 anos de funcionamento ainda deixam marcas na comunidade, principalmente dos moradores do Vila Rosa, onde ficava o armazém, e do Travessão Rübenich, onde era local de confiança e ponto de encontro de muitos e muitos doisirmonenses.

Registro do antigo armazém datado da primeira metade do século passado

O antigo casarão foi transformado em armazém ainda na década de 1930. Mas a história dos Secos e Molhados Scholles fica marcada cerca de 20 anos depois, de acordo com um levantamento histórico realizado pela Prefeitura de Dois Irmãos, quando a família adquiri um caminhão para transportar produtos para Novo Hamburgo e São Leopoldo, trazendo de lá encomendas para os colonos. Com a venda de farinha, inicialmente, também foi improvisada uma mesa e cadeiras para servir cerveja para os fregueses. No local, se vendia de tudo, desde sabão a panelas e chapéus, além de arroz e hortifrutis.

O armazém foi criado por Jorge Alberto Scholles e, com o tempo, passou a ser administrado pelos irmãos José Remy, o popular Zeca, e Waldomiro, o Miro. Nos últimos anos, após o falecimento de Miro, o armazém passou a ser cuidado por Zeca e sua esposa, Nelci, fechando as portas em fevereiro de 2019. A ideia era alugar o espaço, o que ainda não ocorreu. Por questões de saúde de Zeca, a reportagem não procurou a família Scholles para tratar mais sobre o armazém.

Hugo e Terezinha Becker moram perto do antigo Armazém Scholles

Ponto de encontro e ajuda à comunidade

Para os moradores Hugo Becker e a esposa Terezinha, ambos de 74 anos, o Armazém Scholles deixou saudades para a comunidade do Travessão Rübenich e da Vila Rosa, pois o local era um ponto de encontro para todos. Ele conta que ia desde pequeno no armazém, que fica perto da serraria de sua família, a Serraria Becker.

Hugo não lembra de quem era a casa antes de ser adquirida pela Família Scholles, mas se recorda que produziam cerveja antes de se tornar um armazém. E a bebida justamente, anos depois, se tornou um dos atrativos do local. “Lembro que era bem movimentado nos finais de semana. E sempre diziam que a melhor cerveja era deles, sempre a mais gelada”.

Terezinha, que veio morar no Rübenich depois que se casou com Hugo, conta do apoio que os proprietários do Armazém Scholles davam à comunidade. “Eles tinham alguns caminhões de frete. E logo depois que me casei com o Hugo, procuramos eles para trazerem minhas coisas para cá. O pai do Zeca buscou de graça de Novo Hamburgo a mudança. Ele só cobrava quando alguém saia aqui do Rübenich”, relembra, completando que isto fez com que várias pessoas se tornassem clientes cativos do armazém.

Ela ainda destaca que antigamente só tinha mercado no centro, e grande parte das compras eram feitas no Secos e Molhados da família Scholles. “Nós mandávamos a gurizada para comprar as coisas. Era tudo a granel e tinha de tudo, banana, farinha, fermento. Era pertinho e dava para ir de a pé ali. As crianças sempre que iam ainda também ganhavam um chocolate”.

Nausa Lampert destaca que o armazém faz falta para a comunidade

“Quando faltava algo, era ali que a gente ia”

A moradora Neusa Lampert, de 63 anos, que mora no Rübenich há 40 anos, conta que ia com frequência fazer compras no armazém. “Ali tinha de tudo, desde arroz a farinha e o que pudesse imaginar. Quando faltava algo em casa, era ali que a gente ia”, conta ela, relembrando também que o marido, Renato, jogava carta quase todos os dias no local com um grupo de amigos. Ela também citou o nome carinhoso que era dado ao armazém: Shopping Scholles. “Hoje faz falta para a comunidade. Até pela parceria que a família sempre teve com todos aqui”.

Fautina de Lima foi uma cliente recente do Armazém Scholles

Já a aposentada Faustina de Lima, de 71 anos, que mora há 10 no Travessão Rübenich, foi uma cliente recente do Armazém Scholles, mas, ainda assim, sente saudades do espaço. “Eu ia ali para fazer algumas comprinhas, uma coisa ou outra. Agora fica mais longe para a gente ir. A família sempre foi muito querida com todos os moradores”.

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