Dom Zeno fala sobre planos para o pós-renúncia de diocese

Estância Velha – O que, de fato, fará após o Papa Francisco aceitar sua renúncia e nomear um novo bispo para Diocese de Novo Hamburgo, Dom Zeno Hastenteufel afirma não imaginar. Em entrevista ao Jornal O Diário, nesta terça-feira, 22, Dom Zeno afirmou que sua única certeza é que estará à disposição da Igreja.

Doutor em História, formado em Roma, Dom Zeno reside atualmente em Estância Velha e conta que, após a nomeação de um novo bispo, pretende auxiliar o pároco local, padre Alex Graminho Boardman, nas atividades da Paróquia Sagrado Coração de Jesus. Além disso, também pretende se dedicar mais às pesquisas de sua área de formação.

Questionado sobre algum episódio marcante em sua trajetória enquanto bispo, Dom Zeno relatou que sua transferência para a Diocese de Novo Hamburgo foi uma grande surpresa.

“Quando fui nomeado bispo de Frederico Westphalen, achei que seria algo definitivo. Lá, me envolvi no processo de beatificação dos mártires Padre Manuel e coroinha Adílio e, quando estava tudo encaminhado, foi determinada minha transferência. Foi uma surpresa, mas tudo correu bem”, contou Dom Zeno.

Não fomos feitos só para este mundo

Dom Zeno conta que sua história com o catolicismo e a igreja, propriamente, dita, nasceu já na infância. Desde criança, gostava de brincar de missa em casa, e sempre era o padre. Aos 13 anos entrou para o Seminário; aos 26 foi ordenado padre; e aos 55 foi nomeado bispo.

O bispo relata que até ser nomeado bispo, sempre desempenhou duas tarefas: a de padre e a de professor. “Fui pároco em Porto Alegre, e paralelo às atividades da igreja, dei aula de História na PUC-RS – História da Igreja, História da América, História Geral e Cultura Religiosa – além de ter sido da faculdade da Teologia por nove anos”, lembrou o bispo.

Ao 75 anos, Dom Zeno afirmou que não poderia ter feito melhor escolha na vida. “Foi a melhor escolha. Faria tudo novamente”, disse ele, que também comemorou ter chagado aos 75 anos com a saúde em dia. “Eu me cuido, faço meus exames de rotina, academia de duas a três vezes por semana. Estou bem, graças a Deus”.

Sobre as lições da pandemia, Dom Zeno afirmou que o período veio reforçar os uma mensagem para o ser humano: “a pandemia evidenciou o fato de que não fomos feitos só para este mundo. Deus não criaria o homem para viver até certa idade, ser infectado pela Covid-19, e morrer. Somos feitos para a eternidade. Essa certeza eu tenho, e penso que todos deveriam viver, e se preocupar com isso. Procurar viver, se preparar, para um dia se encontrar com Deus”, destacou.

Dom Zeno encaminhou sua carta de renúncia, cumprindo uma medida compulsória, determinada pelo Código de Direito Canônico, que estabelece que os bispos renunciem o cargo quando completam 75 anos. Após aceita sua renúncia, o bispo não deixa de ser bispo, apenas fica livre das responsabilidades da diocese, ficando à disposição do novo bispo.