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Enquanto Educação discute flexibilização, catequeses e crismas devem voltar só em 2021

20/10/2020 - 14h15min

Uma das salas de catequese na Paróquia São Pedro Apóstolo, em Ivoti, vazia há meses (Créditos: Felipe Faleiro)

Ivoti – Enquanto a Educação começa a dar sinais de retorno, inclusive com calendário definido pelo governo estadual, há um segmento que pouco se ouve falar em meio a pandemia, porém importante para determinado grupo de pessoas: o ensino religioso. Mais precisamente, no caso da Igreja Católica, os ensinos da catequese, ou primeira Eucaristia, e da Crisma.

Na Paróquia São Pedro Apóstolo, em Ivoti, que cuida também de Presidente Lucena e Lindolfo Collor, há por volta de 300 catequizandos, que, por enquanto, não estão recebendo atividades, que estavam sendo encaminhadas pela Diocese de Novo Hamburgo. “Provavelmente não vai haver retorno neste ano”, sugere o coordenador das catequeses da paróquia ivotiense, Dércio Staudt.

Segundo ele, muitos catequistas são do grupo de risco para a Covid-19, e também não têm Internet para disponibilizar materiais. “Estamos seguindo os decretos da Prefeitura, então temos que ver com eles como vai ser”, diz Dércio. Com a filha Laura, de 13 anos, no primeiro ano da Crisma, o funcionário público Edson Bergamo, morador do Jardim do Alto, concorda com a suspensão.

“A catequista passava o conteúdo via celular, e minha filha fazia as atividades, mandava via foto. Até dava para fazer, era tranquilo. Mas, para mim, catequese é momento de convivência e troca de experiências. É importante fazer presencialmente”, comenta Edson. De acordo com o pai de Laura, o comunicado da suspensão das aulas veio no final do primeiro semestre deste ano.

Padre Luciano, responsável pelas catequeses na Diocese de Novo Hamburgo (Créditos: Mitra da Diocese de NH)

“Uma vez que temos esta liberação, as paróquias podem retornar”

Responsável pelas catequeses na diocese hamburguense, o padre Luciano Martins de Almeida relata que a orientação era retornar uma liberação das aulas por parte do governo do Estado. “Uma vez que já temos esta liberação, portanto, as paróquias podem retornar, após discussão com seus catequistas e pais”, afirma ele.

Segundo Luciano, uma reunião realizada em Taquara no final da semana passada, e na qual esteve presente a maioria dos coordenadores do ensino religioso católico, decidiu da seguinte forma: quem iniciou o primeiro ano do sacramento da Crisma e da catequese em 2020 vão retomar as aulas em fevereiro de 2021, junto com a Quarta-Feira de Cinzas.

Já quem está no segundo ano de ambos, deve receber próximo do período da Páscoa de 2021, conforme a seguir: a Primeira Eucaristia provavelmente no 2º Domingo da Páscoa, e a Confirmação próximo ao período de Pentecostes, por volta da 7ª ou 8ª semana do tempo pascal. “Nossa ideia é fazer um intensivo, para que as crianças e jovens possam receber neste período”, diz o padre.

Tudo isto depende do recuo da pandemia. Questionado sobre a suspensão das atividades, Luciano comenta que, de fato, as atividades eram encaminhadas para as crianças via Internet ou grupos de WhatsApp até meados de agosto, pois se pensava que a pandemia acabaria ali. “Mas percebemos, em conversas com as catequistas, que isto não estava funcionando”, afirma ele.

Luciano diz que as paróquias entendem que 2020 é um “ano perdido” para a catequese como um todo. “Mas cada uma, segundo orientações de distanciamento, enfim, regressar agora se desejar de fato”, explica ele, novamente em razão dos decretos estaduais de flexibilização da educação pública, especialmente a partir deste mês.

Dom Zeno Hastenteufel, bispo da Diocese de Novo Hamburgo

Bispo de Novo Hamburgo: ideal é recomeçar com ânimo em 2021

O bispo da Diocese de Novo Hamburgo, Dom Zeno Hastenteufel, afirma que o assunto também esteve em pauta na reunião mais recente do Conselho de Presbíteros. “Achamos começar a catequese agora ou não dá na mesma, porque não vai se conseguir recuperar grande coisa. O ideal seria mesmo recomeçar com todo ânimo e entusiasmo a partir de março do próximo ano”, diz ele.

Segundo Dom Zeno, foi sugerido que as paróquias possam reunir, no final deste ano, os catequizandos e crismandos por grupos, por exemplo, um deles apenas com os alunos do 1º ano da Crisma, e assim sucessivamente, com distanciamento e uso de máscaras. A ideia é que o respectivo padre e a coordenação da catequese possam explicar como está a situação do retorno.

“Algumas paróquias já estão fazendo isto, como Campo Bom, Parobé, Taquara e Morro Reuter. Mas vamos deixar as paróquias decidirem isto. Também queremos chamar as pessoas a voltarem às missas, com todos os cuidados pelo menos por enquanto. Mas quem achar que ainda é cedo, e poderia trazer maiores complicações, podem voltar em março”, afirma o bispo.

CNBB defende retorno seguro após a pandemia

Em maio, o bispo de Santa Cruz do Sul, Dom Aloísio Dilli, publicou, no site da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), um artigo defendendo o retorno seguro dos catequizandos apenas após a pandemia. “Recuperando o que não foi possível realizar durante o intervalo forçado pelo coronavírus, mesmo que algumas datas tenham que ser reajustadas”, escreveu ele.

Ele criticou, porém, a forma de catequese sendo ministrada online. “É elogiável que catequistas mantenham outras formas criativas de contato, sobretudo pelas redes sociais. No entanto, esta realidade causada pelo coronavírus não nos autoriza a fazer adaptações simplórias com o objetivo de ‘legalizar’ a preparação aos sacramentos na comunidade”, afirmou o bispo.

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