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Epping traz consigo anos de experiências e muitas histórias de Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Aos 74 anos seu Albino Aloísio Epping carrega consigo experiências de vida adquiridas na base de muito trabalho e dedicação durante sua caminhada. Hoje, ele ainda faz alguns serviços, mas, somente o básico para não ter que ficar parado pois o trabalho árduo já o comprometeu fisicamente, obrigando-o a usar bengala para caminhar.
Albino conta que é natural de Poço das Antas. Também já morou em Salvador do Sul, Campestre e, depois disso, se mudou para o Franckenthal em Morro Reuter. De lá, veio para o Herval, sempre sendo agricultor até começar na Prefeitura.
Enquanto voltava das compras em uma manhã ensolarada de Boa Vista do Herval, relembra que já trabalhava como servidor desde a época do prefeito Romeo Benício Wolf, quando o Teewald ainda pertencia a Dois Irmãos. Conta que ajudou a construir a Pedreira até ela ficar pronta. “Naquele tempo eu tinha que caminhar quase seis quilômetros por dia para chegar no trabalho”, disse.
Pavimentado o Herval
Afirma que se tornou zelador, roçando as laterais das estradas; também, ficou um tempo na solda. Depois, passou a ser calceteiro de onde guarda muitas lembranças, ajudando a pavimentar boa parte das estradas do município. Em uma das suas histórias, conta que tinha um chefe que insistia em usar pedras menores. “Mas eu não obedecia a ele. Sempre batia as pedras maiores”, relembra, dizendo que hoje, essas são as melhores estradas. Recorda-se que os demais colegas sempre diziam: “Dem Eppingn sain schtein”. Que significa: “As pedras do Eppingn”.
Depois, ele também trabalhou na retroescavadeira, no caminhão, fez perfurações e detonações. “A turma com quem eu trabalhei era uma verdadeira família”, disse.
“Hoffmut und di Imbildun”
Albíno é pai de nove filhos, quatro desses já faleceram. Hoje mora ao lado da casa de uma das suas filhas. A vida nunca foi fácil mas isso nunca o impediu, pelo contrário, o tornou mais forte e, vendo os anos passar e as transformações acontecerem, se tornou sábio.
Ele desabafa, dizendo que hoje as pessoas condenam os governantes, mas, compara a mesma realidade com sua época. “Quando eu era menino, cortei meu pé com um machado. Atingi uma veia e um nervo, quase morri sangrando. Me carregaram no colo por uma estradinha que, na verdade, era só uma trilha, já que na época não tinham muitos veículos”.
Conta que o levaram até um vizinho que tinha um carro Modelo A e, de lá, foram até o hospital de Montenegro. “Meu pai teve que vender uma junta de terneiras prontas para trabalhar e, ainda assim, não foi o suficiente para custear minha internação. Depois, passado um tempo, ele colheu mato de acácia e, com isso, conseguiu quitar a dívida”, explica.
Albíno conta que hoje é muito diferente. “Quando alguém se machuca, logo vem o socorro e praticamente tudo é feito de graça, pelo menos aqui na nossa região. As pessoas precisam parar e olhar para o passado; mas elas não sabem disso, pois a maioria não viveu essa época e, os mais novos, não entendem”.
De acordo com ele é necessário sempre melhorar, aprimorar e garantir mais direitos; inclusive, cobrar os políticos. Entretanto, destaca que isso não pode fazer com que se perca a realidade de vista, sem valorizar tudo o que já foi conquistado. “Di Hoffmut und di Imbildun macht alles caput”, disse ele, o que significa: “a ganância e o soberba vão acabar com tudo”.