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Epping traz consigo anos de experiências e muitas histórias de Herval

21/12/2020 - 15h41min

Epping recorda que pavimentou diversas ruas, inclusiva essa: a Estrada Boa Vista (FOTO .: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Aos 74 anos seu Albino Aloísio Epping carrega consigo experiências de vida adquiridas na base de muito trabalho e dedicação durante sua caminhada. Hoje, ele ainda faz alguns serviços, mas, somente o básico para não ter que ficar parado pois o trabalho árduo já o comprometeu fisicamente, obrigando-o a usar bengala para caminhar.

Albino conta que é natural de Poço das Antas. Também já morou em Salvador do Sul, Campestre e, depois disso, se mudou para o Franckenthal em Morro Reuter. De lá, veio para o Herval, sempre sendo agricultor até começar na Prefeitura.

Enquanto voltava das compras em uma manhã ensolarada de Boa Vista do Herval, relembra que já trabalhava como servidor desde a época do prefeito Romeo Benício Wolf, quando o Teewald ainda pertencia a Dois Irmãos. Conta que ajudou a construir a Pedreira até ela ficar pronta. “Naquele tempo eu tinha que caminhar quase seis quilômetros por dia para chegar no trabalho”, disse.

Albino Aloísio Epping mora em Boa Vista do Herval e, hoje, faz uso de uma bengala para andar, pois já foram muitos anos de trabalho pesado (FOTO .: Cleiton Zimer)

Pavimentado o Herval

Afirma que se tornou zelador, roçando as laterais das estradas; também, ficou um tempo na solda. Depois, passou a ser calceteiro de onde guarda muitas lembranças, ajudando a pavimentar boa parte das estradas do município. Em uma das suas histórias, conta que tinha um chefe que insistia em usar pedras menores. “Mas eu não obedecia a ele. Sempre batia as pedras maiores”, relembra, dizendo que hoje, essas são as melhores estradas. Recorda-se que os demais colegas sempre diziam:  “Dem Eppingn sain schtein”. Que significa: “As pedras do Eppingn”.

Depois, ele também trabalhou na retroescavadeira, no caminhão, fez perfurações e detonações. “A turma com quem eu trabalhei era uma verdadeira família”, disse.

“Hoffmut und di Imbildun”

Albíno é pai de nove filhos, quatro desses já faleceram. Hoje mora ao lado da casa de uma das suas filhas. A vida nunca foi fácil mas isso nunca o impediu, pelo contrário, o tornou mais forte e, vendo os anos passar e as transformações acontecerem, se tornou sábio.

Ele desabafa, dizendo que hoje as pessoas condenam os governantes, mas, compara a mesma realidade com sua época. “Quando eu era menino, cortei meu pé com um machado. Atingi uma veia e um nervo, quase morri sangrando. Me carregaram no colo por uma estradinha que, na verdade, era só uma trilha, já que na época não tinham muitos veículos”.

Conta que o levaram até um vizinho que tinha um carro Modelo A e, de lá, foram até o hospital de Montenegro. “Meu pai teve que vender uma junta de terneiras prontas para trabalhar e, ainda assim, não foi o suficiente para custear minha internação. Depois, passado um tempo, ele colheu mato de acácia e, com isso, conseguiu quitar a dívida”, explica.

Albíno conta que hoje é muito diferente.  “Quando alguém se machuca, logo vem o socorro e praticamente tudo é feito de graça, pelo menos aqui na nossa região. As pessoas precisam parar e olhar para o passado; mas elas não sabem disso, pois a maioria não viveu essa época e, os mais novos, não entendem”.

De acordo com ele é necessário sempre melhorar, aprimorar e garantir mais direitos; inclusive, cobrar os políticos. Entretanto, destaca que isso não pode fazer com que se perca a realidade de vista, sem valorizar tudo o que já foi conquistado. “Di Hoffmut und di Imbildun macht alles caput”, disse ele, o que significa: “a ganância e o soberba vão acabar com tudo”.

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