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“Fui incluída por ser prefeita”, alega Ivete após ser indiciada na Fraude da Saúde

14/10/2019 - 11h08min

Atualizada em 15/10/2019 - 13h44min

Estância Velha – A prefeita Ivete Grade emitiu uma nota para se posicionar sobre seu indiciamento na Fraude da Saúde. Para ela, seu nome foi incluído no final do relatório da Polícia Civil por ser prefeita e quem ordena as despesas. “Tem pilhas de contratos para assinar”, justifica.

A prefeita alega que nunca foi chamada para depor à polícia e diz que não há, no relatório, nada que a desabone. “Lamento em nenhum momento ter sido procurada pela polícia para esclarecer qualquer tipo de dúvida. Nunca soube nada de desvios ou algo parecido, pois se soubesse jamais permitiria”, diz.

Em um comunicado anterior, a prefeita estanciense avisou que não concorda com as conclusões do delegado Vinícius do Valle e que, “obviamente” irá se defender no processo. Ivete voltou a insistir que não conhece nenhuma das empresas e sequer seus donos.

INDICIAMENTO

A 2ª Delegacia de Combate à Corrupção (Decor) entregou, no final da manhã de quinta-feira, dia 10, o inquérito policial que investigou um esquema criminoso na Saúde do município envolvendo a Previne Saúde, clínica contratada de maneira fraudulenta para realizar exames de imagem (raio-x, ecografia e tomografia). Ao todo, 14 pessoas foram indiciadas por envolvimento no caso. Entre elas, a prefeita Ivete Grade (MDB) e os ex-secretários de Saúde, Mauri Martinelli, Ana Paula Gularte Macedo e Eloise Gernhardt.

No entendimento da polícia, a prefeita Ivete é a principal responsável por gerenciar os contratos assinados entre a Prefeitura e os fornecedores e, por isso, permitiu sucessivas contratações emergenciais da Previne. Ainda, porque, não observou as exigências da Lei de Licitações, o que permitiu que as licitações vencidas pela Previne fossem burladas.

Já Martinelli, Ana Paula e Eloise foram indiciados por favorecerem a Previne nas licitações e pelas sucessivas contratações emergenciais que garantiram as contratações da clínica. Martinelli e Eloise também responderão pelo recebimento de “vantagens indevidas”, ou seja, propina. A polícia afirma que há fortes indícios contra ambos neste sentido.

Martinelli e Eloise ainda foram alvos de outro pedido do delegado Vinícius do Valle, titular da 2ª Decor: ele quer que ambos sigam afastados das funções públicas enquanto o processo tramita na Justiça. Os dois servidores são concursados e não estão trabalhando, por ordem judicial, desde o dia em que a Polícia Civil desencadeou a operação Anamnese, em maio, que teve o objetivo de buscar documentos e indícios sobre as denúncias de irregularidades nos contratos assinados entre a Prefeitura e a Previne.

O mesmo pedido foi feito contra Ana Paula. Ela era secretária de Saúde de Nova Santa Rita na época em que a polícia desencadeou a operação Anamnese. Porém, foi demitida no dia da ofensiva policial. Atualmente, ela não ocupava nenhum cargo público.

OUTROS INDICIADOS

Outros dois servidores públicos também foram indiciados. O enfermeiro Rafael Vieira, que faz parte do grupo de gestão do hospital local, foi indiciado por falsidade ideológica, e Rosane Beatriz Ramos, que também trabalha no hospital, foi indiciada por permitir a continuidade da fraude. Conforme narrou o delegado em seu relatório, Rosane soube por meio de uma ex-funcionária da Previne das irregularidades que estavam acontecendo e não agiu para coibir as práticas ilícitas.

Também foram indiciados o dono da Previne, Josué Araújo Brum, e os “laranjas” do esquema (sócios), Vladimir Paulo Warnava e Luiz Amarildo Aguiar. Os gerentes da Previne, Cassiano Luiz Sanagiotto e Gabriel Scalcon também estão na lista. Todos estes foram denunciados por diversos crimes, entre os quais, corrupção ativa e passiva e burla ao caráter competitivo do processo licitatório.

A Polícia Civil também entendeu plausível o indiciamento do empresário Roger Soares Goulart, que assumiu a Previne após a saída de Vladimir, em meados de abril deste ano (dias antes à operação) e Rafael Kern Sant’Anna de Lima, dono de duas clínicas de imagem que “emprestaram” orçamentos frios para esquentar o esquema de direcionamento de uma licitação à favor da Previne.
Por fim, o contador Omar da Silva foi indiciado por fornecer um balancete frio para Luiz Amarildo Aguiar apresentar em uma outra licitação que a Previne pretendia participar, algo que os agentes interceptaram ao longo das investigações.

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