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Homenagem ao colono: Arselio Kaiser mantém os costumes em Nove Colônias

23/07/2021 - 10h10min

Seu Kaiser toma conta de todo o milharal (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – Aos 76 anos, Arselio Kaiser mora sozinho na localidade de Nove Colônias, em uma casa construída há quase um século. Lá, ele criou os três filhos, um já falecido, que hoje moram em seus próprios lares, e trabalhou a vida inteira dedicada às atividades rurais. “Nunca trabalhei em uma fábrica”, ele conta. A vida simples faz dele um típico colono, algo que ele tem orgulho de dizer. Mas conta em alemão, que é o idioma que ele sempre se comunicou, com poucas palavras em português, embora as entenda. Foi este o idioma que ensinou os filhos, e mesmo que na escola eles tenham aprendido o português, quando a família se encontra, o idioma utilizado segue sendo o germânico.

“Quero viver aqui o resto dos meus dias”

Aposentado, Seu Kaiser levanta por volta das 7 horas. A primeira coisa que faz, é ligar o rádio que fica na cozinha, onde ouve música e as primeiras notícias do dia. Em seguida, começa a preparar seu chimarrão, este não pode faltar, ainda mais nestes dias frios de inverno. No canto da cozinha, um fogão a lenha, que esquenta a ele e à casa. É ele mesmo quem busca e corta as lenhas. E nas quartas e sextas-feiras, lê seu exemplar do jornal O Diário.

Bem informado e desperto, ele vai para o trabalho. Ao sair de casa, troca o chinelo de pelo por botas ou alpargatas, depende para onde vai. Normalmente, pega a enxada e vai para o milharal, onde mantém tudo organizado e colhe os milhos, tudo sozinho. Ou melhor, sozinho, ele nunca está, pois tem a companhia do Rex, seu cachorro. A cada passo de Seu Kaiser, Rex o acompanha, às vezes corre na frente, pois está acostumado com o caminho, e até se diverte com os pés de milho caídos no solo.

Para sempre na colônia

Há menos de dois anos, Seu Kaiser perdeu a esposa. Antes, já havia perdido um dos filhos. Foram dois momentos de muita dificuldade e tristeza para ele, afinal, perder um filho é uma dor enorme para qualquer pai e mãe, e a esposa faleceu em um acidente doméstico. Mas é justamente a vida na colônia que o faz ocupar a cabeça e se manter ativo. É bem de saúde e apesar de ter perdido parte da visão, toma remédios apenas para controlar a pressão e os nervos.

Para a “cidade” ele vai muito pouco, praticamente só quando precisa ir ao banco. Aí, um dos filhos o leva, pois ele não tem carro, nem mesmo aprendeu a dirigir. “Sempre fui muito bom com carroças, essas, sim”, conta ele aos risos. De resto, vive sua vida de agricultor e colono, com orgulho e tranquilidade de quem sempre preferiu o campo. “Quero viver aqui o resto dos meus dias”, ele conclui. Mas se depender de sua disposição e sorriso no rosto, ele terá ainda muitos anos de vida e ainda mais histórias pra contar.

(Créd.: Dário Gonçalves)

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