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Investigados por desvio de milhões na saúde estão interligados

01/06/2020 - 12h46min

Dos 15 presos na Operação Camilo, desencadeada na manhã de quarta-feira, 27, em quatro estados pela Polícia Federal, três já tiveram atuação direta ou indiretamente no Hospital São José, de Dois Irmãos, quando o mesmo era administrado pelo Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev). O ex-presidente do Isev, Juarez Ramos dos Santos, o superintendente da Associação Brasileira de Bem Estar Social de Saúde e Inclusão (ABRASSI), Fabiano Pereira Voltz, e a vice-presidente da Associação São Bento, Lucia Bueno Mainieri, são alvos da investigação que foco principal em Rio Pardo e cujo desvio já tem o montante de R$ 15 milhões.

JÁ ESTIVERAM VINCULADOS A DOIS IRMÃOS

Fabiano está ligado a pelo menos três empresas/entidades arroladas na investigação. Atualmente, Fabiano é o superintendente da Associação Brasileira de Bem Estar Social de Saúde e Inclusão (ABRASSI), que prestava serviços para o Hospital de Rio Pardo, cujo prefeito da cidade também foi preso na operação. Fabiano também está diretamente ligado ao Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev) e Associação São Bento. Pelo Isev, Fabiano atuou por cerca de 10 anos, tendo sido coordenador e atuado junto ao Hospital São José, de Dois Irmãos, e também já prestou serviços para a São Bento.  Juarez é ex-presidente do Isev e é apontado como um dos fundadores da São Bento. Lúcia é vice-presidente da São Bento e ambos já foram denunciados pelo MP de Dois Irmãos por desviar dinheiro do hospital local.

ACUSAÇÃO DE DESVIOS DE MILHÕES EM DOIS IRMÃOS

Essa Associação São Bento é acusada pelo Ministério Público de Dois Irmãos de ter sido criada como uma empresa laranja para desviar recursos públicos. Somente do hospital dois-irmonense, a acusação é de desvio de R$ 6 milhões, chegando a R$ 24 milhões nos hospitais que administrava no período de cerca de um ano e meio. Esse processo ainda está em andamento e a operação de quarta nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo não envolveu Dois Irmãos.

No depoimento da CPI, Juarez disse que fez o melhor pela comunidade

Além de ter sido denunciado pelo MP de Dois Irmãos, o ex-presidente do Isev, Juarez Ramos dos Santos, já esteve ligado a investigação da CPI do Hospital, feita pela Câmara de Vereadores em 2019. No dia 9 de maio do ano passado, ele depôs em uma manhã marcada por desentendimentos entre ele e, na época, o relato da CPI, Joracir Filipin. A CPI foi abertura justamente para apurar a gestão do ISEV junto ao hospital e a mesma apontou irregularidades. Em sua defesa, Juarez negou qualquer ato ilícito. Segundo ele, o culpado dos atrasos de pagamentos, inclusive de médicos, era Governo do Estado. Quando o ISEV assumiu o hospital dois-irmonense, em 2014, o Estado repassava R$ 415 mil por mês. Quando o Isev deixou a administração, após uma série de polêmicas por causa das dívidas e pelo fato de um parto quase ter terminado em tragédia porque a casa de saúde estava sem anestesista, o valor era de R$ 200 mil. “E sempre chegava com atrasos. Houve um período que ficamos cinco meses sem receber. Essa é uma área delicada, se não fosse difícil, uma única empresa se manteria no hospital. Depois das Irmãs, já foram tantas trocas e o Isev foi o grupo que mais tempo ficou quase cinco anos”, disse Juarez, na época. Ele também criticou os valores da tabela SUS e garantiu que nos cinco à frente do hospital “fez o melhor pela comunidade”. A prefeitura, que pagava a maior parte do valor ao Isev, sempre fez os pagamentos em dia.

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