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Irmãos vivem juntos e se dividem nas tarefas diárias em Dois Irmãos
Por Cleiton Zimer
Dois Irmãos – Encontros com os grupos regionais, reuniões dançantes e abraços contagiantes. Os jovens acima de 60 anos sentem falta de tudo isso desde o início do ano passado e não há maneira de suprir essa ausência. Encontrar os amigos presencialmente já não é mais possível, pelo menos não por enquanto. Mas a vida segue, mesmo que em formato diferente.
Dona Elsita Strasburger, 70 anos, e seu irmão João Schuck, 64 anos, vivem na antiga casa da família, construída pelo falecido pai Oscar há mais de 50 anos no bairro Floresta. Eles passaram a morar juntos depois que seus cônjuges faleceram há seis anos; ela ficou viúva em março e ele em agosto. De lá para cá uniram forças, sempre ajudando um ao outro. Eles tem mais uma irmã que mora ali perto.
Reviver
São participantes ativos do Grupo Reviver, um dos mais tradicionais da terceira idade na região. Eles contam que estão com saudades dos encontros, dos bailinhos. “Na segunda segunda-feira de cada mês tinha o nosso baile. E nos outros dias íamos nos encontros dos grupos na região”, lembra Elsita.
Trabalho em casa e na roça
O fato de estarem isolados não quer dizer que eles estão parados, sem fazer nada. Muito pelo contrário: sempre tem muito serviço. Elsita não teve filhos e fica a maior parte do tempo dentro de casa, ajudando a cuidar de um dos filhos de seu irmão que precisa de acompanhamento; além disso toma conta da cozinha, limpa e lava. João tem três filhos ao total e divide seu tempo com o quiosque – que agora está fechado por conta da bandeira preta -, e a sua roça nos fundos da residência na qual planta um pouco de tudo, desde aipim, batata e milho; tem também pés de banana e várias outras frutas, o que garante uma alimentação saudável e reflete na saúde dos irmãos.
Elsita conta que não toma remédios e está com a saúde em dia. Volta e meia faz companhia para João e os dois tomam uma cerveja gelada. Ela recorda que quando iam nos bailes tinha um grupo de mulheres que gostavam de tomar cerveja e, sempre, sentavam juntas para aproveitar. “Mas com moderação”, enfatiza.
Grupo de danças
Elsita trabalhou durante anos com calçado. Recorda que, quando se aposentou, ela e seu marido foram convidados a participar do Grupo Reviver. “Quando eramos novos só pensávamos em trabalhar”.
Aceitaram o convite e entraram no grupo de danças para casais e, depois que seu companheiro faleceu ela continuou, dessa vez no grupo das senhoras. “Para mim era muito importante participar, isso nos fazia muito bem”. Ela espera ansiosamente para tudo voltar a ser como era. “Faz falta, muita falta”.
A aposentada fala com carinho da Tia Liria, dizendo que sempre se dedica ao grupo, transformando-o Reviver em uma verdadeira família. Os irmãos não veem a hora dos encontros retornarem para, enfim, reencontrarem os amigos, se divertirem e aproveitar a vida intensamente.