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Lindolfo Collor está quase na lanterna estadual da vacinação contra a Covid

23/06/2021 - 18h09min

Atualizada em 23/06/2021 - 20h44min

Vacinação de morador em Lindolfo: para controlar a pandemia, é preciso imunizar 70% da população com duas doses (Créditos: Divulgação/PMLC)

por Felipe Faleiro

Lindolfo Collor – Entre os 497 municípios do Rio Grande do Sul, Lindolfo Collor é o quinto que menos vacinou com a primeira dose de qualquer imunizante contra a Covid-19, e o segundo que menos imunizou com a segunda dose. Os dados são da plataforma pública Imunização Covid-19/RS, que faz a aferição da situação vacinal em todas as localidades gaúchas.

Conforme a plataforma do governo do estado, hoje, 23,9% dos habitantes do município, ou 1.431 pessoas, haviam sido vacinados com a dose inicial dos imunizantes CoronaVac, Oxford/AstraZeneca ou Pfizer. Apenas Chuí, Gramado Xavier, Chuvisca e Amaral Ferrador tinham aplicado menos doses. O estado, em comparação, vacinou 48% dos que podem ser imunizados.

A situação é ainda mais complicada na 2ª dose, necessária para completar a imunização. Somente 7,9% dos moradores de Lindolfo Collor, ou 472 pessoas, haviam a recebido, também muito abaixo da média do estado (19,1% dos vacináveis já imunizados). Somente Gramado Xavier tem um percentual menor da população totalmente vacinada.

Fernando Spilki, virologista da Universidade Feevale (Créditos: Universidade Feevale)

O virologista, professor da Feevale e coordenador da Rede Corona-Ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Fernando Spilki, afirma que o baixo índice de vacinação é perigoso. “Municípios que tiverem baixa adesão na imunização serão bastante atingidos no futuro se a situação não se reverter”, afirma ele.

Conforme Spilki, cidades que vacinam pouco podem ser um foco para a disseminação futura de novas variantes da Covid-19, e que para controlar a pandemia, é necessário imunizar 70% da população com duas doses. Nesta quarta-feira, Lindolfo Collor começou a vacinar, em formato drive-thru no Ginásio Herbert Oscar Enzweiler, pessoas com 50 anos ou mais sem comorbidades.

É, de certa forma, um atraso com relação a municípios como Ivoti, cuja imunização desta faixa etária começou no último dia 7, e São José do Hortêncio, que iniciou no dia 8. O vereador de Lindolfo, José Anildo Seidel (Salgadinho – PL) disse que levará o assunto à Câmara. “O povo vem me procurar dizendo que falta vacina. Fui muito questionado com relação a isto”, diz ele.

“Municípios com baixa adesão na imunização serão bastante atingidos no futuro se a situação não se reverter”

 

Greice Weber, secretária de Saúde de Lindolfo Collor (Créditos: Arquivo pessoal)

O que diz a Prefeitura sobre os baixos índices

A secretária de Saúde de Lindolfo, Greice Weber, disse primeiramente que a população não comparecia aos locais de vacinação. Além dos drive-thrus, a imunização é aberta para os grupos vacináveis no posto de saúde do Centro, por meio de agendamentos. “Parecia que estava tudo bem, a gente dá o dia, mas não temos culpa se as pessoas não estão aderindo”, disse ela.

Perguntada se poderia haver o reforço de alguma campanha de conscientização, Greice disse que está acontecendo. “Passamos os grupos que serão vacinados para a [Secretaria de] Educação, que encaminha às famílias por meio dos grupos de WhatsApp. Também fazemos divulgações no Facebook, Instagram, site da Prefeitura e imprensa”, afirmou a secretária de Saúde.

Greice encaminhou uma nota, justificando que havia recebimento de poucas doses conforme os habitantes de Lindolfo Collor que já podem ser imunizados. “Nossa população é mais jovem, e temos poucos idosos no nosso município. Com a vacinação dos idosos, aumentaremos essa porcentagem”, disse ela.

Dados do Sebrae de 2020 mostram que Lindolfo tem o perfil demográfico mais jovem do Rio Grande do Sul, com 72% da população com idade entre 19 e 54 anos, ou seja, que recém começou a se vacinar e apenas 6% na faixa etária com mais de 65 anos. Por isso, especialistas como Spilki acreditam que esta explicação da secretária seja plausível.

“Estamos em conformidade com o cronograma e determinações do Ministério da Saúde e orientações estaduais”, afirma Greice. Conforme ela, o município tem, por exemplo, segundas doses da CoronaVac para imunizar as pessoas que faltam, e não precisou do aporte das vacinas que chegaram ao estado no último dia 16. Elas serão administradas nesta quinta-feira.

“Estamos em conformidade com o cronograma e determinações do Ministério da Saúde e orientações estaduais”

Como os dados são lançados no sistema estadual

Também segundo a secretária Greice, os números divulgados na plataforma estadual poderiam estar incorretos. De acordo com ela, por volta de 1.900 pessoas, conforme dados da Prefeitura, estavam vacinados com a 1ª dose, e não 1.400, segundo informava o governo do estado. O Diário procurou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para entender como isto seria possível.

Segundo a SES, os dados de aplicação de doses no painel público são retirados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), plataforma oficial do Ministério da Saúde para esse registro. “O lançamento das informações é de responsabilidade dos municípios através de preenchimento dos dados no sistema”, disse a comunicação da Saúde estadual.

Diariamente, às 8 e às 20 horas, uma ferramenta automatizada da SES faz um “pente fino” nos dados nacionais para verificar e atualizar os números. A SES e o Ministério da Saúde orientam aos municípios que atualizem as informações no painel nacional em até 48 horas depois da aplicação da dose, prazo previsto no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.

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