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Marido de Técnica em Enfermagem relata angústia após grave acidente em Hortêncio
São José do Hortêncio/Montenegro – Vanderlei Gaspar Freitag, 34 anos, saiu de casa, no final da tarde do último domingo, na sede de Hortêncio, talvez para vivenciar uma das situações mais terríveis de sua vida. Ele pôs o filho Gustavo, de seis anos, no carro, e o levou até a casa dos pais da esposa, Aline Solange Graff, 35 anos. Lá, o deixou, e partiu, rumo a uma cena chocante.
Aline, técnica em Enfermagem no Hospital Sagrada Família, em São Sebastião do Caí, havia acabado de sofrer um grave acidente de trânsito na VRS-874, em Arroio Bonito. Ela, que conduzia a moto Honda Biz da família e estava indo para o trabalho, foi atingida de frente por um veículo Volkswagen Gol, conduzido por um motorista bêbado, que foi preso em flagrante em seguida.
Quando Vanderlei chegou ao local, viu a esposa já sendo atendida, mas ela havia perdido muito sangue, e corria risco de perder parte da perna esquerda. “Não falei nada para meu filho. Só disse para ele se arrumar, que iríamos sair. Cheguei nos meus sogros e dei a notícia para eles. Deixei o local um pouco mais rápido que o normal, e ele já ficou desconfiado”, contou o esposo de Aline.
Angustiado por conta da situação da esposa, com quem está junto há 13 anos e hoje tem uma união estável, o auxiliar de supervisor soube, mais tarde, que o filho percebeu a movimentação, e ligou para os irmãos de Aline e para os avós paternos, perguntando da situação da mãe. Quem informou Gustavo do estado dela foi o avô dele, no dia seguinte, o pai de Vanderlei.
“O Gustavo é muito esperto e entendeu numa boa. Ele ficou sem jeito de olhar a perna da mãe, depois um pouco assustado, mas tranquilo”
“O Gustavo é muito esperto e entendeu numa boa. Conversamos antes, depois levamos ele até o quarto onde a Aline está internada, e puxamos o cobertor de uma só vez. Ele ficou sem jeito de olhar, ficou um pouco assustado, mas tranquilo”, disse Vanderlei. Aline, que segundo o marido perdeu mais da metade do sangue corporal no acidente, precisou amputar abaixo do joelho.
“Depois do primeiro atendimento, o traumatologista me chamou para o lado e disse que existia a possibilidade grande de amputação. Ele deixou bem claro que ia deixar nas mãos do cirurgião vascular, que avaliaria se ela tinha chance de recuperação. Fiquei a par da situação desde o início”, conta Vanderlei.
O choque maior veio quando Aline soube que provavelmente teria de ser amputada. “Ela ficou muito chocada, não queria perder a perna. Quando ela foi para o bloco cirúrgico e me disseram que a prioridade era a vida dela, e iam tentar salvar o membro. Pela perda de sangue, a gente quase infelizmente a perdeu, mas Deus passou a mão por cima dos médicos e a salvou”, conta ele.
O apoio dos amigos, colegas e familiares
A técnica em Enfermagem segue internada no Hospital Unimed Vale do Caí, em Montenegro, para onde foi levada depois do acidente por opção própria. “É um hospital de primeira, estamos recebendo todo o apoio daqui, e também do Sagrada Família, onde ela trabalha. Todo mundo está mandando mensagens de apoio, e ela está se recuperando muito bem”.
A situação vivida pela matriarca da família ainda é muito nova, embora tudo deva ser feito no seu próprio ritmo. “Primeiro temos que pensar numa recuperação, na prótese que ela vai ter de usar, e depois vamos focar no futuro. Os médicos não deram previsão de recuperação total, mas a vida vai ser diferente para nós, pelo menos nos primeiros tempos, até nos acostumarmos”.
A previsão é que Aline receba alta no próximo final de semana. “Pela questão de evitar aglomerações, vamos deixar as pessoas bem cientes, e priorizar as visitas das nossas famílias. Vamos pensar depois em como vai ser, se teremos de trocar de automóvel por um adaptado ou adaptar o que temos, isso tudo no seu tempo. Graças a Deus, ela está bem”.