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Ministério Público avisa que clientes da InDeal só serão ressarcidos ao final do processo
Região – O Ministério Público Federal (MPF) avisou que os clientes da InDeal, que pretendem ser ressarcidos dos valores que investiram, só receberão o dinheiro de volta após a conclusão do processo que julgará os donos da empresa por crime contra o sistema financeiro. O processo, que apenas está no início, não tem prazo para ser concluído e pode se arrastar por longos anos.
Ainda, segundo o MPF, só serão ressarcidos os clientes que conseguirem comprovar que foram vítimas de um crime. A InDeal é a empresa de Novo Hamburgo que dizia atuar no mercado de criptomoedas, mas que é acusada de operar um esquema de pirâmide financeira.
A Procuradoria da República no Rio Grande do Sul, por meio da assessoria da comunicação, disse, também, que não está impedindo a liberação do dinheiro para que os clientes da InDeal. Explicou, ainda, que, porque a lei, os valores apreendidos somente poderão ser destinados ao ressarcimento de danos a vítimas de crimes após o trânsito em julgado da condenação. “Além disso, os valores da empresa que foram bloqueados por ordem da Justiça Federal não são suficientes para o pagamento dos investidores”.
Empresa não apresentou plano de pagamento
A nota explica, ainda, que os sócios da empresa não apresentaram ao MPF ou à Justiça Federal um plano de pagamento aos investidores para que os órgãos possam acompanhar esses pagamentos e fiscalizar se todos os investidores receberão os valores que lhe são devidos. “O MPF compreende o anseio das pessoas que aportaram valores na InDeal para receber seus recursos de volta, mas a devolução, a partir dos valores que foram bloqueados, somente pode ser realizada através dos trâmites judiciais que a lei prevê”, acrescenta.
Por fim, a assessoria diz que nenhum representante do órgão recebeu os manifestantes para conversar porque não foi procurado por nenhum deles.
Manifestação de clientes da InDeal não sensibiliza MPF e Justiça
A manifestação de clientes da InDeal em frente a sede do Ministério Público Federal (MPF) e da Justiça Federal, em Porto Alegre, na sexta-feira (26), não sensibilizou membros dos órgãos. De outra banda, o procurador da República que, há uma semana, ofereceu denúncia contra os cinco sócios da empresa e outras dez pessoas, que tinham relação direta no esquema, segue sem dar explicações públicas sobre o assunto.
Os clientes da empresa que dizia atuar no mercado de criptomoedas, mas que para o MPF operava uma pirâmide financeira, organizaram a manifestação com a intenção de pressionar o MPF e a Justiça, onde o caso tramita desde maio, a liberar o dinheiro bloqueado das contas da empresa e dos sócios, para que possam reaver o valor aplicado.
Com cartazes demonstrando apoio a InDeal e com gritos de ordem, um pequeno grupo se aglomerou em frente ao MPF para chamar a atenção dos procuradores e forçar uma audiência para discutir a questão. Contudo, eles não foram recebidos. Os manifestantes reividicam maior celeridade ao processo, para que consigam recuperar o quanto antes o dinheiro.
A líder do movimento revelou, em entrevista à GaúchaZH, o desejo de que o Poder Judiciário feche uma espécie de acordo com os réus do processo, para que o dinheiro e os bens apreendidos ou bloqueados durante a investigação da Polícia Federal, que culminou na operação Egypto, sejam liberados. Enquanto isso não acontece, advogados da empresa dizem que não é possível regularizar o débito.
NOTA
No mesmo ato, um manifestante leu uma “nota à imprensa”, atribuída ao advogado da InDeal, que coloca em dúvidas a investigação da Polícia Federal e fala, de maneira abreviada, sobre a “incompreensão” das autoridades locais. O documento considera, ainda, que a prisão dos sócios é ilegal e de que há convicção na legalidade e sustentabilidade econômica dos negócios desenvolvidos pela empresa. “A empresa não medirá esforços para reparar essa grande injustiça e, na mesma medida, para cumprir com obrigações contratadas com seus clientes”, diz.