Morro Reuter: acácia-negra ganha cada vez mais espaço com cerca de 350 mil mudas plantadas por ano

Morro Reuter – O cultivo da acácia-negra cada vez mais desperta o interesse de produtores rurais do município que fazem da árvore exótica uma fonte de renda. Os números mais recentes comprovam isso. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Dois Irmãos e Morro Reuter, Pedro Becker, na campanha de plantio mais recente foram plantadas em torno de 350 mil mudas. “Esse número contempla uma área de 140 hectares. A maior parte da produção é convertida em lenha, em torno de 70% e em torno de 30% vira carvão”, explica. Na vizinha Dois Irmãos, o número é bem inferior. São aproximadamente 50 mil mudas plantadas em uma área média de 20 hectares.

Extensionista da Emater, Evandro

O extensionista da Emater de Morro Reuter, Evandro Knob, explica por que o plantio hoje tem ganhado espaço nas propriedades rurais. “As áreas de terra no município apresentam certa declividade o que dificulta o cultivo de muitas culturas e, em razão disso, o plantio da acácia tem se tornado uma opção de renda”, afirma. O período com melhores condições de plantio compreende de setembro até o fim de outubro. O corte das árvores geralmente é realizado quando chegam a acácia chega aos sete anos.

Presidente do sindicato, Pedro Becker

O processo de corte pode ser feito ao longo de todo o ano. “O preço pago para o produtor atualmente é de R$ 80,00 o metro quadrado. Um hectare de terra pode garantir em torno de 250 metros de lenha. Em um cálculo rápido, esse volume renderia um valor de R$ 20 mil”, exemplifica o presidente do sindicato, Pedro.

O extensionista Evandro aponta ainda algumas orientações importantes para quem deseja iniciar um plantio de acácia-negra. “É preciso uma limpeza prévia do terreno, atenção no número de mudas para a área e o controle de formigas”, cita. Quanto a legislação, o presidente do sindicato faz uma observação. “Não é necessária licença ambiental para o cultivo em áreas inferiores a 40 hectares. A cultura é a única no estado que hoje permite a chamada queimada fitossanitária para o combate da proliferação do cascudo serrador. A realização da queimada e a venda da lenha deve ser comunicada a Secretaria Estadual de Agricultura e Infraestrutura (Sema)”, finaliza Pedro.

Produtor Flávio já planta acácia há dez anos

Mercado para a casca

Outro subproduto que está sendo explorado novamente é a casca da acácia-negra. “A casca agrega valor à produção. Hoje existe novamente uma procura maior por parte da indústria. O preço pago por tonelada era de R$ 350 e já observamos algumas notas aonde o valor chegou a R$ 420”, acrescenta o extensionista. Números recentes da Pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (Pevs), do IBGE, apontaram Morro Reuter como o 10º colocado entre os maiores produtores de casca de acácia no Estado. No ano de 2019, foram 3,7 mil toneladas de casca e o valor de produção chegou a R$ 814 mil. Indústrias produtoras de tanino, como a Sociedade Extrativista de Tanino de Acácia (Seta), de Estância Velha, adquirem a casca gerada no município para a extração do tanino.
Incentivos para os produtores.

Em Morro Reuter, uma parceria entre Prefeitura e a Seta, busca fomentar ainda mais o cultivo de acácia-negra no município. A Prefeitura ajuda com o frete e a distribuição até as propriedades. Ainda são ofertados serviços de máquinas para adequação e limpeza de terras, melhorias de acessos e estradas, além do transporte, subsidiado pelo município. A Emater e o sindicato também são importantes aliados no fomento ao plantio. Muitos também compram as mudas por conta e fazem o plantio sem depender do incentivo. Agricultores como Flávio Muck, de 63 anos, todos os anos inserem novos pés na propriedade rural. “Por ano plantámos em torno de 3 mil mudas de acácia. É uma renda a mais. Meu sobrinho me ajuda e ele também colhe”, disse o produtor que reside no Muckenthal.