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Neto de oito anos salva a vida da avó em Dois Irmãos
Por Cleiton Zimer
Dois Irmãos – Na última quinta-feira, 17, o pequeno Arthur J. Riva Bianck de apenas oito anos se transformou num herói no Bairro Bela Vista por, em meio ao desespero, saber exatamente qual atitude tomar e, assim, conseguiu salvar a vida da sua avó Salete Bilhan Riva, 59 anos, que passou mal durante a tarde enquanto os dois estavam em casa. O neto, mesmo com medo e apavorado ao ver sua avó naquela situação foi correndo pedir ajuda à uma agente de saúde que, por sua vez, acionou o SAMU e imediatamente dona Salete foi conduzida para atendimento médico.
Arthur conta que estava sentando no sofá da sala olhando TV e brincando no celular quando viu que sua avó – que estava na varanda de casa -, tinha ido no banheiro. “Ela tossia muito então desliguei a TV. Quando voltou para a área se sentou em uma cadeira e eu fui ver como ela estava. Me disse que sentiu ânsia e pediu um pano molhado; fiz, levei, só que ela não melhorava. Aí me disse baixinho para chamar a Vivi; fui e chamei”, contou Arthur, meio tímido, mas se recordando de todos os detalhes daquele momento assustador. “Eu estava com muito medo, me deu tremedeira”, lembra.
Viviane Aparecida Stail, 34 anos, é agente de saúde no bairro há 10 anos e, como num desfecho do destino estava ali perto, fazendo sua visita de rotina na casa de um vizinho. Arthur não precisou sair da residência da avó e, do portão mesmo gritou por socorro. “Ele pediu para vir ajudar que sua avó estava passando mal e eu logo fui. Quando cheguei a Salete estava praticamente desmaiada, sem conseguir falar ou se mover. Imediatamente chamei o SAMU” contou Vivi.
Mesmo chamando a equipe de socorro, a agente de saúde ficou cada vez mais preocupada pois o estado de saúde da dona Salete estava piorando e, com isso, ligou para sua chefe que é enfermeira. “Ela me orientou a deitá-la no chão e colocar a cabeça de lado até a equipe chegar. Mas sozinha eu não conseguia, então o Arthur foi chamar meu marido – Ademir de Paula – que tem uma barbearia logo ao lado e, assim, conseguimos deitar ela na varando até o socorro chegar”, contou, afirmando que em todos seus anos de atuação nunca passou por algo tão grave.
Tudo isso aconteceu por volta das 15h30. Salete foi socorrida pela equipe do SAMU, levada à Emergência e, em seguida, encaminhada para ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas. Lá ela foi diagnosticada com um acidente isquêmico cerebral, mas, apesar do susto, ficou bem. Exames comprovaram que ela não teve nenhuma sequela, sendo liberada na madrugada de sexta-feira, 18, chegando em casa por volta das 2h30.
Emoção ao recordar
Salete não contêm a emoção ao falar daquele dia. “Eu estava muito mal. Meu netinho estava na minha frente querendo ajudar e eu só enxergava um vultínho. Quando ele saiu para pedir ajuda só vi aquele vulto indo embora e depois disso já não lembro de mais nada, só quando acordei no hospital. Se não fosse meu anjinho da guarda eu tinha morrido”, conta.
Antes de sentir-se mal Salete tinha feito seu primeiro chimarrão da tarde – o qual não conseguiu tomar todo. Enquanto estava sentada na varanda viu que Viviane estava atendendo os moradores do bairro e, por isso, quando perdeu suas forças, teve o reflexo de orientar o neto a chamar por ela. No dia anterior Viviane esteve na casa dela e estava tudo bem. “Aconteceu do nada”, contou Salete que é hipertensa e possui uma ponte de safena e – por ser do grupo de risco – recebe visitas mensais da agente de saúde que, agora, considera como uma filha. “Eu já avisei para ela que agora vou adotá-la”, brincou, sorrindo. “É graças ao meu netinho, a Vivi e a Nossa Senhora Aparecida que estou aqui agora”.
Sempre juntos, cuidando um do outro
Salete cuida de Arthur desde pequeno. Quando vai à escola, logo depois da aula, vem na casa da avó. “E ele vai ficar comigo, nunca vou deixar que me tirem ele”, disse. Salete conta que por conta da pandemia os pais de Arthur – que trabalham fora – até queriam colocá-lo em outro lugar para cuidar, mas, ela não aceitou. “Ele é meu companheiro de todos os dias”.
Os pais Cleonice Riva e Éberson Bianck, pais do “herói”, disseram que devido ao histórico de saúde da avó sempre ensinaram o filho a como agir em um momento assim. O pai Éberson orientou Arthur a pedir ajuda a alguém ou ligar para a ambulância caso não encontrasse ninguém. “Nunca pensamos que isso pode acontecer, mas aconteceu. Graças a Deus o meu filho estava lá e salvou a minha mãe”, disse Cleonice. Os pais elogiam o filho e, com orgulho, afirmam que ele é bom aluno, educado, carinhoso e um grande neto. Arthur está no segundo ano, gosta de estudar, principalmente educação física.
“O que de mais importante temos”
Salete mora com o esposo Luiz Riva que trabalha fora durante o dia. Ela tem outros três filhos – um em memória. Além de Arthur, têm mais dois netos, um de três meses e uma que fará 14 anos. Ela conta que a atitude do neto em, um momento de desespero e medo, conseguir manter a calma e saber qual ação tomar, é um exemplo. “Ele sempre me cuida. Isso é um exemplo para todos os filhos, para todos os netos. Temos que amar, cuidar, enquanto estamos aqui. A família é o que de mais importante temos”, destacou.