O cenário do comércio ainda é de incertezas na pandemia

Ivoti – É comum ouvir por aí que ao tirar a letra “s” da palavra crise, ela se torna “crie”. Durante a pandemia do coronavírus, é o que estão tentando fazer, especialmente os comerciantes.

O comportamento dos consumidores e as estratégias de vendas tiveram que se adaptar ao novo cenário: isolamento social e lojas fechadas quando a situação piora. Porém após análise de demandas e de sugestões recebidas, o governo do Rio Grande do Sul anunciou na noite de quinta-feira atualização de alguns protocolos do modelo de distanciamento controlado. As medidas começaram a valer a partir da 0h de sábado. A alteração das regras é para restaurantes, parques, museus, condomínios e competições oficiais na bandeira vermelha – que é o limite para cogestão no atual cenário de bandeira preta em todo o Estado.

A adoção de novos modelos de venda traz desafios e, claro, diante da pandemia foi um acelerador de mudanças. Por este motivo, o Jornal O Diário conversou com quatro comerciantes de diferentes áreas de Ivoti para saber como estão os negócios. Todos afirmaram que a comunidade ainda está com medo de sair e assim as vendas são feitas mais por tele-entrega e que passaram a utilizar muito mais as redes sociais.

Casados há quase 40 anos, Denise e Roberto Bondan são gerentes do Armazém 23

Para um dos gerentes do Armazém 23, Roberto Bondan, mesmo com as novidades, a expectativa ainda não é muito grande. “Temos que ser bem francos, a economia não está legal. As pessoas têm medo de sair. O movimento não está como deveria. Claro que melhor assim do que tudo fechado. O movimento satisfatório ainda não retornou. Está muito abaixo do esperado”, lamenta.

Durante o período em que o estabelecimento estava fechado, o serviço de tele-entrega se intensificou. No início da pandemia, começaram a fazer pizzas à noite para dar uma equilibrada no orçamento. “Isso foi o que nos manteve e ainda mantém”, pontua.

Bondan conta que a maioria dos clientes presenciais são aqueles que precisam sair. Na tele são aqueles que podem trabalhar em casa. Ao meio-dia é servido almoço no sistema prato feito e durante o dia também tem lanches rápidos no horário das 9 às 18h. À noite tem somente as pizzas no horário das 18 às 22h. Para quem quiser pedir o telefone para contato é (51) 9 8223-8223.

Proprietária da loja Maria Chiquinha, Daiane Pires, e a funcionária Eduarda dos Santos

A proprietária da loja de acessórios e maquiagens Maria Chiquinha, Daiane Pires, afirma que com a alteração no protocolo estadual, a esperança era que pudesse atender os clientes, mas não foi bem isso que aconteceu. “O movimento está fraco e as vendas estão poucas. As pessoas ainda estão muito preocupadas em sair com medo de se contaminar”, salienta.

A prorrogação de boletos, diminuição das compras e vendas online foram os recursos utilizados durante o tempo em que a loja esteve fechada. “Ficamos trabalhando aqui dentro e as entregas foram para Ivoti, Estância Velha, Novo Hamburgo, Picada Café, Morro Reuter, Dois Irmãos, entre outros municípios”, destaca.

Daiane acredita que no ano passado, como a pandemia ainda era uma novidade, foram feitas mais teles. Nesse ano o quadro mudou: as vendas presenciais aumentaram. O horário de funcionamento é das 8h30 às 19h de segunda a sexta e das 8h30 às 18h no sábado. O telefone para contato é (51) 9 9696-3597.

Proprietário do bazar Bons Amigos, Luis Alberto Bassedonio

Apoiador das compras no comércio local, o proprietário do bazar Bons Amigos, Luis Alberto Bassedonio, opina que esta pandemia deixou muitos comerciantes com bastante dificuldade financeira e o pior, sem conseguir pagar aluguel, por exemplo. “As contas prioritárias e obrigações com funcionários conseguimos manter, mas as outras deixamos para trás”, frisa.

Ele espera que a população compre nos pequenos negócios, pois na visão de Bassedonio, é muito mais difícil do que as empresas grandes e que têm mais de uma loja, onde consegue capital de giro para investir. Atualmente as pequenas empresas são as que mais estão fechando. “Precisamos superar essa crise. Estamos com as portas abertas, mas com pouco movimento. Além do medo de sair, as pessoas também não têm dinheiro, visto que muitos ficaram desempregados”, realça.

Enquanto o bazar estava fechado, aderiram as televendas por meio do WhatsApp, Instagram e Facebook. “Fizemos muitas entregas e quando era permitido, fizemos o serviço de retirada no balcão”, evidencia.

Apesar da facilidade e do crescimento das vendas pela internet, ele acredita que as pessoas preferem comprar na loja, porque dá para ver exatamente como é o produto. O telefone para contato é (51) 99823-2060. O horário de funcionamento é das 8 às 17h de segunda a sexta e das 8 às 18h no sábado.

Proprietário do Barão Burger e Lanches, Nicolas Pedri Pohren

O proprietário do Barão Burger e Lanches, Nicolas Pedri Pohren, está na torcida para que os estabelecimentos não fechem mais e relembra que o Barão está tomando todos os cuidados para atender novamente o público.

“Continuamos com a tele-entrega e retirada no balcão, mas infelizmente tivemos que dispensar aqueles que trabalhavam como freelancer e fizemos revezamento de funcionários”, esclarece. Pohren acrescenta que as redes sociais são usadas para a divulgação dos produtos e anunciar novidades atrativas aos clientes.

Assim como nos outros lugares, o movimento presencial caiu em função dos decretos e neste momento atendem mais com entregas. Mesmo na crise em que o País está passando, eu não penso em recuar. Penso sempre para frente. Por isto, em breve será divulgada uma novidade bem legal na questão de tele-entrega”, finaliza.

Ao meio-dia o Barão trabalha com entrega e retirada de à la minuta, das 10 às 13h. Durante a noite, funciona das 18h30 às 22h, pode permanecer no local até às 23h, com opções para todos os gostos: hambúrgueres, xis, porções, chope, caipiras, gin e sobremesas. O telefone para contato é (51) 99592-1375.

Mudanças no protocolo

Regra geral de horários

Restaurantes

Autorização de operação presencial em restaurantes, lancherias, cafeterias e similares até as 22h para ingresso de clientes e saída até as 23h, também aos finais de semana e feriados.

Protocolos na bandeira vermelha

Parques

Autorização para parques e reservas naturais, jardins botânicos e zoológicos receberem público, desde que limitado a 25% da capacidade, tanto em espaços abertos quanto fechados, exclusivamente para locais com Selo Turismo Responsável.

Parques temáticos, parques de diversão, parques de aventura, parques aquáticos, atrativos turísticos e similares já estavam autorizados a abrir espaços abertos e, agora, poderão abrir espaços fechados também, desde que respeitado o limite de 25% da lotação e o Selo Turismo Responsável.

Museus

Os museus poderão abrir ao público, com limite de 25% da capacidade e grupos de no máximo seis pessoas por monitor, mediante agendamento.

Condomínios

Será permitido o acesso a áreas de lazer para crianças, somente em espaços abertos, nos condomínios. No entanto, áreas comuns, como espreguiçadeiras, saunas, salões de festas, churrasqueiras compartilhadas e demais locais para eventos sociais e de entretenimento, devem permanecer fechadas.

Campeonatos oficiais de futebol

Foi retirada a restrição de horário para realização de campeonatos esportivos oficiais. Com isso, jogos de futebol podem voltar a ocorrer a qualquer horário (antes o limite era 20h). Segue a proibição de público nos estádios.

Outras competições esportivas

Autorização exclusiva para campeonatos esportivos chancelados por ligas estaduais e nacionais, federações e confederações nacionais e internacionais reconhecidas pelo Sistema Nacional do Desporto (SND).

Precisam de autorização prévia dos municípios sede e participação exclusiva de atletas federados ou inscritos em entidades reconhecidas pelo SND. Também com proibição de público.