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Conheça o especialista em apicultura

06/07/2021 - 18h01min

Atualizada em 06/07/2021 - 18h04min

* por Fábio Radke 

Região – O trabalho na apicultura exige técnicas e equipamentos adequados e, principalmente, conhecimento sobre o mundo das abelhas. Experiência essa que não falta para o aposentado Sigfrid Nipper, de 82 anos, que reside em Estância Velha, quase no limite com Ivoti, às margens da BR-116. Natural da localidade de Morro Grande, em Rolante, Sigfrid mora com a esposa Olinda, 81 anos, em uma residência no bairro Floresta que antigamente já funcionava como uma espécie de entreposto de mel. Ele lembra que o trecho da rodovia chegava a apresentar congestionamento no acesso para a residência devido ao número de pessoas que acessavam a propriedade para adquirir mel.

Com brilho nos olhos quando o assunto é apicultura, Sigfrid volta os pensamentos à infância para descrever como ingressou nesse ramo. “Eu era o caçula e tinha uns sete anos de idade, quando meu pai me puxou pela orelha e disse que ia ser o ajudante dele para trabalhar com mel. Os outros irmãos iam plantar feijão”, recorda. Ele lembra ainda que, no fim da década de 60, a exploração comercial do mel não estava em alta na região. Os produtores rurais tinham de quatro a cinco caixas e a produção era para consumo próprio. A espécie mais comum na época era a abelha-europeia (Apis mellifera).

O que seria uma aposta para aumento da produção nacional, segundo o aposentado, acabou sendo uma ameaça para outras espécies e para os próprios colonos que não tinham maiores problemas para o manuseio dos enxames. Ele se refere ao ingresso da espécie abelha-africana (Apis mellifera scutellata). “Na época começaram a matar animais e pessoas. O ataque é mais repentino e violento. As caixas passaram a ser colocadas mais longe das casas”, lembra. O apicultor faz um alerta importante sobre perigos quanto as abelhas com ferão. “Um enxame do tamanho de uma bola de futebol concentra a quantidade de veneno capaz de matar até 1.500 quilos vivo”.

Aumento da produção

A chegada da nova espécie de abelha ao Brasil representou um salto na produção de mel. Enquanto que um enxame da europeia gera de 10 a 15 quilos ao ano, a africana alcança uma produção de 10 a 50 quilos de mel. Sigfrid comenta que hoje, com seus mais de 80 anos, não atua mais profissionalmente na apicultura. “É preciso ter um bom braço e pernas para correr quando algo não dá muito certo. E sempre trabalhar em dois”, avalia. O especialista afirma que chegou a colher 5 mil quilos de mel ao ano com uma quantidade de 400 colmeias. Ainda segundo ele, problemas relacionados ao comércio, transporte e armazenamento, prejudicam na qualidade do produto final que chega na mesa dos brasileiros. “O produtor hoje enfrenta dois problemas. O primeiro é colher e o segundo é vender. As caixas geralmente ficam longe, em outras regiões até, daí já perde qualidade no transporte. Infelizmente hoje o mel é vendido em tudo o que é lugar, inclusive, em agropecuárias aonde são manuseados inseticidas”, considera. O armazenamento incorreto do alimento hidrotérmico, como em recipientes que antes continham gorduras e conservas, também é criticado.

Aposentado mostra caixa aonde ingressou em enxame de abelhas-africanas

Parceria para tudo

Casados há mais de 60 anos, o companheirismo é uma marca na vida do casal Sigfrid e Olinda. Ele afirma que a esposa sempre esteve ao lado dele, inclusive, em tarefas na atividade de apicultura. “Quando ela está ao meu lado com o fumigador fazendo fumaça, eu posso ficar tranquilo”, disse. Hoje, um dos passatempos do casal é o trabalho na horta e com os animais nas terras da família. Alguns bichos e açude recebem a atenção dos dois. Já Olinda demonstra toda sua habilidade com trabalhos manuais com agulha e linha. “Estou fazendo umas peças que serão repassadas para doação. É um trabalho voluntário”, disse ela. Em um pomar eles cultivam orgulhosas um pé de bergamota que chama a atenção pelo tamanho dos frutos. “Eles chamam de bergamota japonesa. Ela é bastante doce e a casca é bem grossa”, descreve Sigfrid. O casal também é devoto de Rita de Cássia, a santa padroeira dos apicultores.

Sigfrid cultiva variedade japonesa de bergamota

Sigfrid e Olinda são companheiros em tudo

Pioneirismo

Sigfrid também é responsável por muitos movimentos de apicultores na região. Em Novo Hamburgo participou ativamente da fundação da Associação Hamburguesa de Apicultura e, mais tarde, no município de Ivoti, também participou da formação da entidade cooperativa de apicultores. Ele revela que hoje, com algumas poucas caixas com enxames em Estância Velha, consegue colher cerca de 50 quilos ao ano para seu consumo. Os equipamentos empregados para a produção em grande escala ao longo do tempo foram vendidos pelo aposentado.

Horta cultivada pelo casal

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