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Pioneirismo em Hortêncio: produtor tem 70 anos e saúde de guri para trabalhar nas uvas
São José do Hortêncio – O sorriso no rosto é uma marca de Renato Bauermann, filho de Theobaldo e Marina Spindler Bauermann. O pai veio de Lindolfo Collor para casar com a mãe. O casal teve três filhos, Renato, 70 anos, que é o mais velho, Romaldo, que também trabalha na agricultura e leva os produtos para a Ceasa, e Roseli, professora aposentada.
Desde criança Renato trabalha na roça. “Eu comecei bem cedo, lá por sete anos, a ajudar o pai, que cortava mato de acácia na época. Ele cortava a lenha e vendia as talhas, sendo 84 cm cada pedaço, e dava um total de 82 pedaços cada talha”. Era dali que a família tirava o sustento, garante o produtor rural.
A família também plantava aipim, milho para tratar o gado e vendia alguma coisa para os vizinhos. Também tinha alguns animais que serviam para o consumo próprio de carne.
Ele recorda que estudou até o quarto ano no antigo Grupo Escolar e que a sua professora se chamava Alfrídia Leão. Também lembra de um forte temporal com granizo, ocorrido há alguns anos, e que destruiu as parreiras. Felizmente, as uvas tinham sido recentemente colhidas, recorda ele.
“A vida do colono é dura, mas sou feliz”
A rotina de trabalho começa bem cedo, pois Renato é solteiro e faz a própria comida. Ele toma café, prepara a comida que vai levar para a roça e depois vai para as tarefas propriamente ditas. O pai trabalhou até os 60 anos na agricultura, e faleceu aos 84 anos. A mãe também já é falecida.
A roça era longe de casa e se usava o carro de boi para chegar à propriedade. “A vida é dura, não é fácil para o colono, mas sou numa pessoa feliz”, resume o produtor rural, que se dedica ao plantio de aipim, cítricos e também uvas, sendo que na propriedade familiar tem parreiras de niágara rosa e 10 carreiras de uva tipo isabel precoce.
Um dos maiores problemas enfrentados na propriedade foi o roubo de um micro trator, mas atualmente também é a entrada de estranhos na propriedade, que rasgam a tela de sombrite para acessar os parreirais e roubar parte dos frutos. “Os vândalos fazem estragos e eu agradeço quando a polícia dá uma passadinha por aqui”, ressalta.
Outra questão é relativa às perdas nos parreirais. Bauermann e o irmão calcularam que seria em torno de 5%, mas vão ser maiores, por volta de 10%, pois alguns cachos não encheram, ou seja, não ficaram completos. Mesmo assim, a cor e o aroma enchem os parreirais, que são cultivados em estufas de plástico, e contam com todo um sistema especial de irrigação, resultando num sabor doce e inconfundível.
Pioneirismo no plantio da uva
Renato e Romaldo, além da área existente na Estrada do Travessão, plantam em várias outras arrendadas de vizinhos e têm três funcionários. Quem incentivou o plantio de uvas foi Remi Franz, que levava os produtos para a Ceasa de Porto Alegre.
As primeiras 1.600 mudas foram adquiridas em Caxias do Sul, há 34 anos, por incentivo de Franz, que é amigo de Renato e Romaldo. Hoje, já são cerca de 3.000 pés plantados. “Eu me lembro que começamos em um mês de dezembro e com a uva niágara rosa, mas depois plantamos a isabel precoce, que pode ser colhida mais cedo, já em novembro, então vamos colher de novembro a março”, explica o produtor.
Além das uvas, Renato e Romaldo plantam aipim, laranja de umbigo, para suco e bergamota. O primeiro trator adquirido foi um Valmart, em 1986,e que funciona até hoje. O segundo trator foi adquirido em 2010 através do Programa Mais Alimentos, do Governo Federal. “Eu acho que é a última prestação que vai ser paga, se já não está pago”, fala satisfeito o produtor, lembrando que os juros do programa foram baixos, apesar de não saber exatamente o percentual”, observa Renato.
Os auxílios ao produtor ampliaram
Renato destaca a importância dos benefícios da Prefeitura para os colonos, através dos bônus repassados, com o cálculo feito pelas notas que foram extraídas no bloco de produtor rural. No início do ano os blocos são apresentados na Prefeitura e calculados, para um mês depois ele saber quanto receberá.
Os valores dos bônus podem ser aproveitados na abertura e melhoria de estradas das propriedades, destocamentos, adubo, esterco e, inclusive, combustível para os tratores. “É claro que essa ajuda é muito boa para todos os produtores”.
Nesta semana ele recebeu a visita do secretário de Agricultura, Felipe Trein, que também destacou o valor dos bônus para seguir em frente com a produtividade nas propriedades rurais do município.