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Polícia descobre usina de mineração de criptomoedas clandestina no interior de Morro Reuter
Por Cleiton Zimer
Morro Reuter – Um conhecido empresário da região foi preso na manhã de terça-feira, 1º, após a Polícia Civil de Dois Irmãos descobrir sua usina de mineração de criptomoedas clandestina, na localidade de Linha Cristo Rei, no interior de Morro Reuter. De acordo com a investigação, o local já funcionava desde março do ano passado. O rendimento da usina girava em torno de R$ 12 mil mensais, porém, para isso, o proprietário furtava aproximadamente R$ 30 mil em energia elétrica para tocar as máquinas – o que, automaticamente, evidencia que o negócio é inviável em solo brasileiro; exceto se for de forma clandestina.
Após extenso trabalho a equipe de policiais, coordenados pelo delegado Felipe Borba, promoveu levantamento de dados, análise de vínculos e monitoramento do local sobre o qual recaiu suspeita de mineração clandestina de criptomoedas – os bitcoin. Tornaram-se robustos os indícios da prática ilícita e, portanto, a Polícia Civil representou pela expedição de mandado de busca e apreensão, o que foi acolhido o pedido pelo Poder Judiciário.
Durante as investigações chamou a atenção da Polícia o fato de terem sido contratadas duas empresas de internet para prestar o serviço naquele local, bem como a circunstância de o proprietário adquirir máquinas de mineração e o constante ruído sonoro oriundo da propriedade. Além disso, havia reclamações de moradores dos arredores, que enfrentavam dificuldades com a rede elétrica, ora fraca demais, diante do grande consumo daquela propriedade.
Investimento no local ultrapassa R$ 1 milhão
Em ação planejada – e que contou com com o apoio do Instituto Geral de Perícias (IGP) e da concessionária de energia, a RGE -, procedeu-se ao cumprimento do mandado de busca, sendo confirmada pelos peritos e pelos agentes da RGE que havia uma ligação clandestina, de forma que todos os materiais ligados, inclusive com equipamentos de altíssima qualidade de refrigeração, consumiam o equivalente a mais de R$ 30 mil por mês. Para se ter uma ideia, isto equivale ao gasto de uma grande empresa com diversos maquinários.
A estrutura, que contava com uma espécie de subestação de energia, com transformador e complexo sistema de cabeamento, espantou os técnicos da concessionária, que comentaram que somente o transformador custaria em torno de R$ 100 mil. No interior da construção, semelhante a um bunker, foram localizadas 106 máquinas mineradoras de criptomoedas, sendo que cada uma é avaliada por volta de R$ 9 mil. Conforme comentado pelo delegado Borba, o investimento em estrutura e equipamentos utilizados ultrapassou, sem dúvida, mais de um milhão de reais.
Preso em flagrante pelo crime de furto qualificado
O proprietário da chácara, um empresário com atuação em Dois Irmãos e Campo Bom e sem antecedentes, foi preso em flagrante pelo crime de furto qualificado de energia elétrica. Além dele, um outro homem, identificado como sendo o chacreiro contratado para cuidar do local – com passagens por roubos, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, tendo sido encontrado um revólver calibre 38 municiado na residência anexa ao terreno da dita usina.
Prejuízo de mais de R$ 350 à RGE
Outra informação destacada pelo delegado Borba é que os elementos de convicção dão conta de que a atividade de mineração de criptomoedas estaria ocorrendo desde março do ano passado, do que é possível estimar um prejuízo de mais de R$ 350 mil à empresa concessionária de energia. “Além disso, já havíamos recebido denúncias de que a atividade desenvolvida naquele local estaria prejudicando o abastecimento de energia elétrica na região provocando várias quedas de luz”.
Informalmente, o empresário confidenciou que a usina de mineração de criptomoedas lhe rendia o equivalente a R$ 12 mil por mês, efetuada a devida conversão, eis que o rendimento se dá em dólar.
Apesar de lícito, negócio acaba associado ao crime de furto de energia – entenda:
O delegado Borba analisa que, possivelmente, este seja o primeiro trabalho policial sobre o assunto no Estado, o que demandou pesquisas e estudos por parte dos agentes. “Por meio dessas pesquisas é que esclarecemos que a atividade de mineração de criptomoedas, apesar de lícita, acaba associada à prática de furto de energia elétrica, vulgo “gato”, uma vez que o número de equipamentos necessários, com estrutura complexa de refrigeração e de isolamento térmico e acústico, conjugado com o valor da energia elétrica no país, dificulta a obtenção de lucro”, explica.
Borba afirma que no caso de hoje isso fica bem claro. Afinal, o proprietário recebia um rendimento de pouco mais de dez mil reais, sendo que se fosse pagar pela energia elétrica teria, em vez de lucro, um prejuízo de vinte mil reais mensais.
Suspeita é de que funcionários da RGE tenham feito o “gato”
Outro ponto referido pelo delegado é que a investigação vai prosseguir, no intuito de averiguar a responsabilização criminal de quem contribuiu com a prática ilícita, principalmente em relação aos profissionais que viabilizaram a instalação elétrica, havendo suspeitas de que seriam funcionários da própria empresa concessionária. Não teria como a instalação ocorrer de outra forma, se não esta.
Encaminhado para o presídio
Ao chacreiro foi arbitrada fiança, admitida ao crime de posse irregular de arma de fogo, sendo liberado após o respectivo pagamento. Já o proprietário da usina foi autuado pelo crime de furto qualificado, razão pela qual, após as formalidades de praxe, será encaminhado à DPPA de Novo Hamburgo, para posterior ingresso no sistema prisional – onde aguardava até o fechamento desta edição.
Qualquer informação pode ser passada para a Delegacia de Polícia de Dois Irmãos, pelo whatsapp 51 98543-7318 ou pelo telefone 35641190, garantindo-se o anonimato.
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