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Região: setor de eventos diz que decreto aprovado para retorno não cumpre o que foi prometido

28/10/2020 - 17h26min

Salão Gewehr, em Presidente Lucena, passa por reformas até novembro (Foto: Felipe Faleiro)

Região – A categoria do entretenimento está descontente com o decreto estadual, publicado na segunda-feira, que regimenta a volta de casas noturnas, de shows e de espetáculos em geral. Na visão deles, o que foi decretado pelo governador Eduardo Leite não foi o que havia sido aprovado previamente pelo setor junto à Secretaria Estadual de Saúde.

Pelo decreto, estão autorizados eventos em ambientes fechados em regiões de bandeira amarela do distanciamento controlado, até a capacidade de 100 pessoas, entre trabalhadores e público, e na laranja, até 70 pessoas. Os eventos, exclusivos em municípios há 28 dias sem bandeira vermelha ou preta, devem ter, no máximo, quatro horas de duração.

Na região, há diversas casas do gênero, algumas extremamente populares, como é o caso do Salão Gewehr, em Presidente Lucena, referência em todo o Rio Grande do Sul e que completa 88 anos em 2020. Segundo o proprietário Wilson Gewehr, o local teve o último show no dia 7 de março, e o seguinte, que aconteceria no dia 21, já foi cancelado.

“Estamos em reformas internas, mas na fase de retoques finais. Assim que o salão estiver pronto, nos sentaremos e veremos como vamos proceder”, comentou ele. Estas readequações começaram em maio e têm previsão para terminar em novembro. Ou seja, de lá para cá, são oito meses sem o local poder receber o público em geral.

 “Respirada”

Odair, do Strike House, em Ivoti: “Decreto é alívio para os comerciantes” (Foto: Felipe Faleiro)

O músico Maurício Lima, vocalista do Rainha Musical, de Ivoti, comemorou o retorno, já que a banda, que completa seu centenário em 2020, havia feito show pela última vez em 15 de março, em Santa Cruz do Sul. “Isso é muito bom, até para darmos uma respirada de novo. É a garantia de uma renda novamente, ainda que tímida, mas já é um começo grandioso”, comenta.

Por enquanto, a banda ivotiense pretende realizar e lançar um DVD em breve, em comemoração aos 100 anos de carreira. “Tínhamos muita coisa em mente para fazer, agora temos que esperar e ver o que vai acontecer”. O Rainha Musical já tem a agenda lotada até, pelo menos, o final de novembro.

Também em Ivoti, o sócio-proprietário do tradicional bar e boliche Strike House, Odair Roessler, afirma que este novo decreto representa um alívio aos comerciantes. “Todos nós vamos poder voltar abrir com todos os cuidados possíveis”, afirma ele. O local também funciona com música ao vivo e está realizando tele-entrega de almoços.

“Estamos sendo marginalizados pelo governo do Estado”

Em reunião recente, grupo diz que Secretaria da Saúde aprovou seus protocolos

No lado daqueles que não concordaram com as recentes determinações do governo do Estado, está o grupo Unidos pela Volta do Entretenimento do RS, que congrega associações de músicos, DJ’s e bandas de baile. Na visão de um dos coordenadores, Laércio Jacoby, proprietário do Clube Tradição, de Canoas, o decreto estadual é “inviável de se trabalhar”, e ainda um “absurdo”.

“Como um governador, e um Comitê de Crise, em sua sã consciência, pode liberar as casas de baile para trabalhar com 70 pessoas, isto incluindo os funcionários?”, questiona ele. Laércio também exemplifica: segundo o coordenador, uma casa do tipo tem de 20 a 30 trabalhadores para um evento à noite. “Sobram uns 50 clientes, que não pagam o custo destes funcionários”.

Há cerca de três semanas, houve uma reunião entre a coordenação do grupo e a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann. Nela, foi levada uma sugestão de protocolo do grupo Unidos pelo Entretenimento no RS. Ele previa, por exemplo, o uso de, no máximo, 75% da capacidade das casas de baile em regiões com bandeira amarela, 50% do total nos locais com bandeira laranja.

A abertura seria proibida nas bandeiras vermelha e preta, e um evento-piloto também foi sugerido. “A secretária nos disse que nosso protocolo estava aprovado, e não haveria a necessidade de um evento-teste pela ‘clareza’ e forma como havia sido conduzida a situação”, afirma Laércio, que representa uma classe que emprega 500 mil pessoas diretamente e 1,5 milhão indiretamente.

Diante disto, o grupo deve encaminhar um documento ao governo estadual questionando o decreto. “É triste estarmos vivendo esta situação, onde estamos sendo marginalizados pelo governo do Estado. Somos pessoas idôneas. Só queremos o direito que temos de trabalhar. Com estas atitudes, o governo está fortalecendo os eventos clandestinos que acontecem em todo lugar”.

O que foi decretado pelo governo estadual

Eventos em casas de shows e festas com ambientes fechados e público em pé:

  • Apenas em municípios há 28 dias seguidos sem bandeira vermelha ou preta
  • Bandeira amarela: lotação máxima permitida de 100 pessoas, entre trabalhadores e público, respeitando o teto de ocupação (8 m² por pessoa)
  • Bandeira laranja: lotação máxima permitida de 70 pessoas
  • Em ambos os casos, os eventos devem durar, no máximo, quatro horas

Eventos sociais e de entretenimento em ambiente aberto e público em pé

  • Podem acontecer em municípios há 14 dias seguidos sem bandeira vermelha ou preta
  • Com consumo de alimentos ou bebidas: máximo de 40% de lotação prevista no Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI), respeitando 8 m² por pessoa
  • Sem consumo de alimentos ou bebidas: máximo de 50% de lotação prevista no PPCI, respeitando 8 m² por pessoa

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