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Relatório da Fraude na Saúde contradiz “nota de defesa” da prefeita de Estância Velha

14/10/2019 - 17h31min

Atualizada em 15/10/2019 - 13h43min

Estância Velha – O relatório final da investigação que apurou a fraude na saúde contradiz a versão da prefeita Ivete Grade em, pelo menos, dois pontos.

Em nota, a prefeita disse que nunca foi chamada para depor à polícia. “Lamento em nenhum momento ter sido procurada pela polícia para esclarecer qualquer tipo de dúvida”, diz. 

Ainda, Ivete voltou a insistir que não conhece nenhuma das empresas e sequer seus donos. 

CONTRADIÇÃO

Entretanto, algumas queixas feitas pela prefeita são desmontadas por apontamentos do próprio relatório final da investigação, único documento que a prefeita alega ter tido acesso até o momento.

O documento com mais de 70 páginas, assinado pelo delegado Vinícius, indica que a prefeita foi sim interrogada sobre os fatos. Conforme o relatório, Ivete Grade foi ouvida na sede do Ministério Público estanciense, pelo promotor local.

Na oportunidade, inclusive, a prefeita reconheceu que “representantes da Previne” relataram terem usado uma empresa chamada Clinisul – cujo dono é Luiz Amarildo Aguiar, um dos sócios da Previne – para uma “espécie de quarteirização” dos serviços. Eles usavam o nome da Clinisul para contratar o Hospital de Sapiranga, já que a Previne tinha dívidas com o hospital sapiranguense. 

No mesmo interrogatório, Ivete Grade, disse também que não recordava de ter assinado contrato com a clínica KM Medicina do Trabalho, de Portão, cujo dono é outro sócio da Previne, Vladimir Paulo Warnava. A KM não só foi contratada pela Prefeitura (contrato assinado pela própria prefeita), como sua contratação também ocorreu de maneira suspeita, tal como aconteceu nos diversos contratos firmados entre a Prefeitura e a Previne. 

REUNIÃO

Ainda, outro trecho do relatório contradiz a prefeita no que se refere a sua afirmação de não conhecer as empresas e os seus respectivos sócios. Em depoimento, a servidora pública Fernanda dos Santos Morais, que atuava como fiscal de alguns contratos da Previne com o município, ressaltou que Ivete participou de uma reunião com o diretor do hospital, Rafael Vieira (também indiciado), e o sócio da Previne, Luiz Amarildo Aguiar, para tratar dos serviços não prestados pela Previne. 

14 PESSOAS INDICIADAS

O inquérito com o indiciamento da prefeita Ivete e de outras 13 pessoas foi entregue semana passada ao Judiciário. O inquérito investigou um esquema criminoso na Saúde do município envolvendo a Previne Saúde, clínica contratada de maneira fraudulenta para realizar exames de imagem (raio-x, ecografia e tomografia). 

Além de Ivete, os ex-secretários de Saúde, Mauri Martinelli, Ana Paula Gularte Macedo e Eloise Gernhardt, o enfermeiro Rafael Vieira, e a técnica em enfermagem, Rosane Beatriz Ramos, também foram indiciados. Ainda estão na lista o dono da Previne, Josué Araújo Brum, e os “laranjas” do esquema (sócios), Vladimir Paulo Warnava e Luiz Amarildo Aguiar. Os gerentes da Previne, Cassiano Luiz Sanagiotto e Gabriel Scalcon também foram indiciados. 

A Polícia Civil também entendeu plausível o indiciamento do empresário Roger Soares Goulart, que assumiu a Previne após a saída de Vladimir, em meados de abril deste ano (dias antes à operação) e Rafael Kern Sant’Anna de Lima, dono de duas clínicas de imagem que “emprestaram” orçamentos frios para esquentar o esquema de direcionamento de uma licitação à favor da Previne.

Por fim, o contador Omar da Silva foi indiciado por fornecer um balancete frio para Luiz Amarildo Aguiar apresentar em uma outra licitação que a Previne pretendia participar, algo que os agentes interceptaram ao longo das investigações.

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