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Segue o desafio dos calçadistas com as inconstâncias do mercado interno

15/06/2021 - 10h44min

Em mais de um ano de pandemia, o cenário é de incertezas e o mercado interno é o mais afetado com as restrições (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos / Morro Reuter / Santa Maria do Herval – Entre altos e baixos, as indústrias calçadistas buscam manter o equilíbrio diante das dificuldades orquestradas no atual cenário pandêmico. Quem trabalha com o mercado interno sente os efeitos mais danosos pois, há mais de um ano comércios em todo o País estão sofrendo diversas restrições, com destaque no eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, principais clientes dos sapatos produzido no Sul, causando uma estagnação do mercado.

Setor calçadista, assim como muitos outros, sofre com as instabilidades decorrentes da pandemia (Créd. Cleiton Zimer)

Como exemplo, há quase dois meses a GS Calçados de Dois Irmãos encerrou suas atividades demitindo 144 funcionários, que trabalhavam para o Grupo Arezzo de Campo Bom, atuando com foco no mercado interno.

“A vacina é a perspectiva de uma melhora”

Romeo Schneider (Créd. Cleiton Zimer)

 

Romeo Schneider, diretor do Sindicato dos Sapateiros de Dois Irmãos e Morro Reuter, diz que alguma mão de obra da GS foi reabsorvida por outras empresas do segmento. “Mas não tem muita admissão”. Explica que o mercado interno, ao contrário da exportação que se beneficia com o Dólar, segue sentido os efeitos da pandemia e que “não houve uma ligeira melhora no aquecimento dos empregos” depois que bateu a segunda onda no início do ano. “Está parado até agora”.

O diretor destaca que “a vacina é a perspectiva de uma melhora”. Enfatizando que, uma vez que houver imunidade, com mais de 50% da população vacinada, os comércios vão conseguir flexibilizar e, consequentemente, vender. “Como vai fazer sapato para o mercado interno se as lojas estão fechadas? A vacina vai regular toda a economia”.

Romeo explica que Dois Irmãos e Morro Reuter, juntos, possuem em torno de 3.500 trabalhadores na indústria calçadista. Um número muito menor comparado ao auge do setor, quando tinha quase 10 mil funcionários. “Estamos desaparecendo”. Os trabalhadores, de acordo com ele, estão sendo realocados para outros segmentos.

Há vagas, para quem quer trabalhar

Elário Ênio Becker (Créd. Cleiton Zimer)

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados de Santa Maria do Herval, Elário Ênio Becker, reafirma a instabilidade e lentidão do mercado interno. Enfatiza que além do fechamento de lojas, redução no expediente devido aos decretos, muitos clientes deixaram de comprar tentando uma contenção nas despesas.

Em contrapartida, diz que a exportação está aquecida com pedidos sendo negociados a todo momento. “E, quando as negociações são fechadas para produção, muitas vezes acontece de faltar a matéria prima terceirizada, pois muitos destes pedidos entram de um dia pro outro e a produção deve acontecer com certa urgência”.

Para o presidente, não há uma análise em que se possa concluir se houve aumento nas vagas de emprego na cidade, mas explica que muitas das demissões que ocorreram no município no início da pandemia e no decorrer dela, já foram reabsorvidas dentro do setor calçadista e em outros segmentos. “No momento falta mão de obra nas empresas. Então posso dizer que há vagas de trabalho sim, para quem quer trabalhar”.

Em abril, o Herval fechou com 893 funcionários na categoria calçadista. Nos quatro primeiros meses do ano, foram feitas 166 admissões e 105 demissões.

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