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“Só queremos justiça”. Assassino que matou jovem esfaqueado em Herval permanece solto

27/01/2022 - 16h34min

Atualizada em 27/01/2022 - 17h13min

Jeferson (detalhe) foi encontrado morto a poucos metros da casa da mãe no dia 29 de julho de 2021 (FOTO: Cleiton Zimer / det. arquivo pessoal da família)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval / Gramado – A madrugada mais gelada de 2021, do dia 29 de julho, jamais sairá da memória da mãe Rosália Maria de Moraes, do padrasto Jeferson Stahler e dos outros familiares e amigos que perderam abruptamente Jeferson da Silva Pimentel, na época com 24 anos. E a cada dia, a dor aumenta, pois o assassino permanece solto. Ele foi morto com duas facadas na face, uma na lateral do pescoço e outra na parte de baixo do queixo.

O suspeito do crime se entregou horas depois, alegando ter se desentendido e entrado em luta corporal com a vítima – por se apresentar espontaneamente, não foi preso. Neste sábado, 29, completa meio ano do ocorrido e o indivíduo permanece livre. “Sabemos que nada trará meu filho de volta, mas queremos justiça pelo que aconteceu”, declara a mãe.

Inquérito está sendo concluído

No dia do ocorrido o homem se apresentou com seu defensor, relatou que após uma luta corporal cada um foi para o seu lado. “Alega que a vítima portava uma faca. Que a desarmou mas não sabe se a atingiu”, disse o delegado Eduardo Hartz na época. Nesta quinta-feira, 27, Hartz informou que o inquérito deve ser concluído nos próximos dias.

Seis meses de tormento

A mãe, que nunca tinha sequer entrado em uma delegacia, diz estar desamparada pois a dor da perda do seu filho caçula lateja ainda mais forte diante da sensação de impunidade. “Eu nem sabia quem era. Um dia eu vinha do Centro e me falaram que aquele era o assassino do meu filho, estava caminhando na rua, bem tranquilo”, conta, inconformada.

Não tinham mais condições nem sequer de morar na mesma casa, afinal, todos os dias ao levantarem e irem para o trabalho viam a imagem do filho estirado no chão, em uma poça de sangue. Portanto, saíram de lá, da casa que é deles, e foram morar em Gramado, de aluguel.

O padrasto diz que praticamente todos os dias o assassino passa por ele na rua. “O que queremos é que a justiça seja feita. Como pode alguém matar alguém, e ficar livre por mais de meio ano, sem previsão de ser preso?”.

O filho chama pelo pai

Jeferson era morador de Gramado e estava passando alguns dias na casa da mãe, em Herval. Trabalhava como pedreiro e deixou um filho com menos de dois anos.

Ainda sem entender o que houve, constantemente o menino chama pelo pai. “Ele pega a foto e diz, este é meu pai”, revela Rosália. O padrasto conta que por vezes o menino olha para o céu e diz que “o papai está lá em cima”.

O crime na noite mais gelada do ano

O crime foi registrado logo após a meia-noite do dia 29 de julho, madrugada de nevasca na região e um dos dias mais frios do ano. O corpo de Jeferson foi encontrado ao amanhecer, pelo padrasto, enquanto ia para o trabalho. Ele estava deitado a poucos metros da casa da mãe, na localidade de Alto Padre Eterno, em uma rua paralela à RS-373, quase na divisa com Serra Grande/ Gramado.

Rastros de sangue por cerca de 200 metros – que começavam na estrada principal e entravam na rua onde foi encontrado morto -, antecipavam a cena do crime. Em alguns locais haviam poças de sangue, como se tivesse caído, se reerguido e seguido adiante, até perder as forças um pouco antes de casa e padecer.

Padrasto foi atrás de informações

Inconformado, o padrasto de Jeferson foi atrás de informações para tentar esclarecer o que houve. Conseguiu imagens de câmeras de segurança que mostram o jovem subindo RS-373 à 00h15; nas imagens, às quais a reportagem teve acesso, é possível vê-lo caminhando de forma tranquila e iluminando o caminho com a lanterna do celular.

Sete minutos depois, à 00h22, ele volta correndo. 00h34 um carro vai atrás dele e entra pela rua onde o corpo foi encontrado, em questão de um minuto o veículo retorna. Demora cerca de 10 minutos e dois carros (o primeiro e mais um) retornam para o lugar, desta vez em alta velocidade, e depois saem novamente.

Não há confirmação das autoridades quanto à quem estava nos veículos, mas a família acredita que seja o assassino do filho. A faca, que o suspeito disse ter estado com Jeferson, não foi localizada. Não há informações se um corpo de delito foi feito no suspeito para atestar se, de fato, houve luta corporal.

Hipótese

Em uma das hipóteses da família, Jeferson teria saído de casa para cobrar uma dívida de R$ 100 do suspeito; teriam combinado de que quitaria metade do valor naquela madrugada. Outra, é de que havia um conflito amoroso envolvendo uma ex-companheira do suspeito.

A vítima e o suposto assassino seriam conhecidos, amigos. Eles teriam se encontrado na RS-373, a cerca de 500 metros de onde o corpo foi localizado.

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