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Superação: Teteco revela os desafios da vida no circo

17/12/2020 - 11h00min

Profissional afirma que o exercício de levar alegria ao público é um dom (Crédito - Jéssica Ramos)

Estância Velha – Em meio aos desafios constantes da vida no circo, a turma do Teatro Teleco, que está instalada na rua do Parque, bairro Lira, afirma que o combustível para manter a equipe em atividade é a paixão pela vida circense, e tudo o que ela representa, principalmente para o público.

Vanderlei Machado, genro do já falecido Teleco, é quem administra o circo há 12 anos, e também dá vida ao personagem Teteco há 31 anos.

Segundo ele, a rotina circense é desafiadora, mas o significado da atividade é imensurável. “Todos os dias, enfrentamos dificuldades múltiplas, levamos essa vida porque gostamos de viver e, principalmente, porque não há preço que pague a oportunidade de poder levar alegria, esperança ao público, especialmente o infantil”, destaca Teteco.

O Teatro Teleco, atualmente, mantém seis famílias, todas do mesmo núcleo familiar. O artista conta que não é nada fácil, e conforto quase não há. “Entra numa carreta dessas num dia de calor e sente a temperatura que faz”. Teteco pontua que as despesas também são sempre bastante expressivas, sendo que uma mudança entre cidades próximas custa em torno de R$ 10 mil, considerando fretes e alvarás.

Novos desafios

Teteco afirma que a paixão pela atividade é o combustível para manter a tradição (Crédito – Jéssica Ramos)

Não bastasse isso, 2020 somou ainda mais desafios, pois a turma teve as atividades suspensa por cerca de oito meses devido a pandemia. Em novembro, o circo trabalhou por alguns dias, mas logo precisou fechar novamente.

Teteco conta que a família tenta se reinventar, promovendo apresentações online e, inclusive, solidárias – com arrecadação integralmente revertida a instituições da região.

Porém, há períodos que o Teatro tem dependido de doações e contribuições espontâneas. “Temos passado momentos difíceis, muitas vezes dependendo de doações para não passarmos fome, mas vamos seguindo, sem perder a fé e a coragem”, descreve Teteco, que, apesar das dificuldades, busca ânimo na própria profissão.

Teteco costuma dizer que seu personagem é uma criança. “Posso estar na maior tristeza do mundo, mas basta me caracterizar para mandar a tristeza embora. Só penso em subir no palco e brincar, fazer os outros sorrirem”, relata.

Em meio aos desafios, o artista afirma estar ainda mais convicto da necessidade de ser manter em atividade. “Nosso mundo hoje em dia só apresenta desgraça, angústia e tristeza. Por isso, nossa missão é ainda mais importante: levar alegria”.

Vanderlei Machado relata que muitos questionam o porquê da família não mudar de profissão, mas ele explica que o circo já é uma tradição. “Minha esposa nasceu e cresceu no circo, assim como meus filhos, que foram criados aqui. Não há como procurar outro mundo, se desligar, se despedir, ainda mais com a idade que nós temos”.

“Tenham ânimo”

Teteco conta que muitas pessoas não reconhecem o valor do circo, mas ele e a família consideram a atividade um dom. “Tem gente que não dá valor para esse nosso mundo, mas nunca saberão o significado de fazer uma criança feliz, uma criança com deficiência sorrir. É um amor puro, sincero. Não podemos renunciar esse dom”.

O artista diz que acredita em dias melhores. “Quem tem família sofre ao ver a necessidade chegando. Mas quero dizer a todos os meus colegas que tenham ânimo, tudo vai dar certo”.

Machado conta que todas as apresentações online são divulgadas com antecedência pelo canal do Teteco Machado 3, no YouTube, e pela página do Circo Teatro Teleco, no Facebook.

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